VI. Who?

115 11 0
                                        

Confesso que eu achava que seria mais difícil do que está sendo. Eu consegui acompanhar bem o nível da Anteros e recentemente, o diretor me parabenizou pelos trabalhos acadêmicos que tenho feito, ele até propôs que eu fizesse uma oficina de criação para os alunos, em troca de horas complementares e cartas de recomendação para um estágio com uma galerista!

Eu não recusei porque realmente preciso de horas, além de eu poder incluir a Chani nisso, já que ela é uma artista excepcional. Eu estava confirmando que daria a aula na sexta à tarde, quando o celular toca.

Nath: Onde está minha professora? Eu trouxe uns pãezinhos com queijo que ela adora...

Lynn: Me diga onde você está agora!

Nath: Estou no refeitório com Rosa e Alexy, você deveria vir logo

Alexy ao fundo: Se não tiver mais nada não é culpa minha!!!

Lynn: Não fale de boca cheia, seu ladrão de pães! Eu já chego!

Saí correndo, esbarrei com umas duas pessoas sem querer, mas cheguei à tempo de comer o último pãozinho.

- Alexy, eu vou te matar – arranco a sacola da mão dele.

- Bo-xê – ele se engasgou com a boca cheia e caiu na gargalhada. – Você que demorou!

- Como eu já sabia que isso ia acontecer, eu trouxe mais pra você, Lynn – Nath tirou mais uma sacola da mochila.

- Cara, se você tivesse falado eu não teria me engasgado tanto – Alexy bufou e Rosa riu.

- E aí? Do que falavam? – me sentei com minha sacola ao meu lado.

- Estávamos vendo como cada um vai para o aniversário do Castiel – Rosa disse e percebi que ela estava com papel e caneta com uma relação de quem iria.

- Eu e a Ambre não vamos dormir na fazenda, eu tenho que voltar antes do amanhecer para Amoris – Nath disse e "roubou" um pãozinho meu.

- Na casa tem dois quartos e na parte de fora tem três chalés, são mais separados da casa mas não tanto. Eu e Leigh ficaremos no quarto dele, Lys no principal, Castiel vai ficar em um dos chalés, Kim e Violette no outro,  e... Nossa, não vai dar – Rosa fez as contas.

- Eu não vou dormir com as vacas, Rosa! – Alexy exclamou.

- Lynn, eu acho que dá para você dormir no meu quarto com o Leigh, já que o Alexy, o Morgan e o Hyun vão ficar no outro chalé. Você tem algum colchonete, algo assim?

- Na verdade... Não vai precisar, Rosa – falei meio tímida pelo Nath estar ali.

- Oh, então você vai voltar comigo e a Ambre? – Nath perguntou.

- Não, é que... o Castiel, ele... Ele me chamou para ficar no chalé com ele.

Eu conseguia ver graus de felicidade naquela mesa. Rosa bateu palmas, Alexy sorria e o Nath... estava completamente emburrado.

- Ah, entendi. Eu já vou, tenho que buscar café para o chefe antes de voltar para a delegacia – Nath se levantou e saiu com um ar pesado.

Me senti culpada mesmo sem entender o porquê, e antes que Alexy e Rosa puxassem o assunto, decidi ir atrás dele.

- Nath! – ele parou, mas não virou. – O que foi? E-Eu fiz algo?

- Lynn, eu não sou idiota. Eu vi o que ele fez com você, eu vi como você ficou triste. Ele só quer brincar com você! Esse é o cara que você amou no ensino médio, mas você não pode achar que ele continua sendo aquele menino que te escrevia canções! – ele virou e estava com os punhos cerrados.

- Mas eu e ele não temos nada, ele só me chamou para que tivesse lugares suficientes – inventei a primeira desculpa que passou pela minha cabeça.

- E logo com ele? Na mesma cama? Fala sério! Ele está doido para fazer com você o que ele faz com as fãs, ele vai te dar uma noite no paraíso e depois fingir que nem te conhece. Pra ele, sexo é só mais um esporte, não é algo que você faz quando tem conexão com alguém. As brincadeiras dele vão te afetar de novo e você vai ficar como antes, talvez até pior. Eu queria entender de verdade o que ele tem que eu não possa te dar mil vezes mais! – ele estava perto. Muito perto.

- Você está fazendo uma cena no meio da faculdade – não vou chorar, não vou chorar.

- Eu sempre gostei de você, e eu sempre me questionei o que aquele sem noção tinha feito de melhor para conseguir que você o deixasse te conquistar. Eu sei que ele não ia me chamar para essa festa, com certeza você que pediu para me chamar, e eu... – ele pareceu pensar se continuaria a frase. – Eu pensei que você estivesse fazendo isso para mostrar para ele que finalmente estava com alguém que não pensa em mais nada além de te fazer feliz.

- Por que você nunca me disse isso?

- Achei que não precisasse. Nunca quis que você ficasse com ele e demonstrei muitas vezes, com a sua volta, eu achei que poderíamos esquecer o que se passou com ele e vivermos algo nosso. Só que eu não contava que ele viesse te procurar e nem que ele te manipulasse para que você fosse o que ele sempre quis.

- O quê?

- Uma marionete – ele olhou no fundo dos meus olhos e saiu com raiva.

O que está acontecendo? Por que eu nunca faço nada certo? Será se eu olhei para o lado errado esse tempo todo...? O Cass não faria isso comigo... Ele não brincaria com meu corpo nem com meus sentimentos. O Castiel que eu conheci não faria... Mas e se o Nath tiver certo e ele não existir mais? Eu estou sendo burra.

Andei rapidamente até os dormitórios e me tranquei, correndo para debaixo das cobertas, chorando até dormir. Mas eu já deveria saber que isso não ia durar, afinal, eu dei as chaves para a Rosa.

|||||||||||||||

Quando acordei, além de uma dor de cabeça horrível, eu sentia como se meu peito fosse explodir. Já estava escuro, e eu só pude ver uma silhueta ao lado da cama.

- Rosa? – sentei na cama.

- Não, melhor ainda – é a voz da...

- Mãe? – me levantei em um susto e fui abraçá-la. – Mas o que faz aqui?

- Eu vim visitar sua tia Agatha e ia te fazer uma surpresa na casa dela, mas a Rosalya me ligou pedindo por dicas de como cuidar de você e eu aproveitei e falei que estava em Amoris. Mas, ela não soube me explicar o que aconteceu, filha. O que houve?

Contei tudo a ela, segurando o choro em algumas partes. Falei sobre o Castiel, sobre o que eu sinto por ele, e sobre a culpa por nunca ter percebido os sentimentos do Nath. Falei sobre o aniversário e o convite do Castiel. A reação do Nathaniel ao saber e tudo o que se passou.

- Filha, eu sabia que você nunca tinha esquecido o ruivinho. Ele pode ter brincado com você para saber se você ainda sente algo. Não foi uma boa maneira de fazer isso, óbvio, mas eu lembro que você me falou que ele era bem inseguro e usava o humor e a ironia como formas de se proteger. Quem sabe não tenha sido um escudo? – realmente, fazia sentido. – E, meu amor, você não tinha como saber o que o loirinho sentia por você! Se ele disse que é desde a escola, ele deveria ter falado antes ou ao menos ter demonstrado de uma forma mais aparente. Ninguém escolhe por quem se apaixona, mas escolhe se quer ou não investir em quem se apaixonou. Você é tão jovem, minha filha...

- Mas, mãe, e se o Nath tiver certo e o Castiel for aquilo tudo mesmo?

- Você vai ter que descobrir sozinha. Eles nunca se deram bem, sabe-se lá o que o ruivinho teria dito se fosse falar do loiro! Os sentimentos interferem diretamente na nossa interpretação da realidade, pode ser que ele esteja certo, mas só você pode decidir se quer saber ou não quem ele é.

A noite seguiu cheia de conselhos e carinhos, eu estava com saudade dela e nem sabia. Mas ainda bem que ela veio nesse momento, mesmo sem ter ideia do que estava acontecendo, afinal, nem eu teria como prever. Minha mãe passou só 3 dias aqui, e na sexta, quando ela foi embora, ela me disse para deixar de ser racional pelo menos por um dia, e curtir como se não houvesse amanhã. E é isso que vou fazer.

|||||||||||||||

FIM DO CAPÍTULO 6

JEALOUSY - castielOnde histórias criam vida. Descubra agora