XI. How could I?

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Já se passaram quase dois meses desde o aniversário do Castiel. Eu o tenho visto quase todos os dias. Vamos ao parque, à shows, ele me acompanha nas tardes de estudo na biblioteca... Tudo está muito bom, acho que estou de volta aos eixos. Bom, tirando o fato de nunca termos passado dos beijos e das carícias por cima das roupas. Mas tudo bem!

Tudo estaria perfeito se o Nath não estivesse me ignorando totalmente ou se ele não saísse da academia sempre que eu entro. Ele não me responde de forma nenhuma e a Rosa e o Alexy dizem que quando eles falam o meu nome, ele ignora completamente e muda de assunto.

Tenho falado com a Ambre e ela fala que ele está bem e só precisa de um tempo. Tempo? Pra quê? Nathaniel nunca precisou de um tempo, nem quando o seu pai o espancou e ele estava na escola no mesmo dia, mesmo todo roxo. Não consigo pensar em algo que poderia lhe causar mais dor do que o que ele passou com os pais dele...

Será que eu sou mesmo a causa de toda essa dor?

Será que eu posso mudar a situação?

Não consigo pensar em mais nada além de ir na delegacia atrás dele. Não posso mais esperar.

Avisei ao Cass que sairia depois da aula, e como ele tinha ensaio da banda, não foi um problema. Depois da aula de Princípios da Arte Arquitetônica, saí em direção à Sweet Amoris, Rosa disse que a Delegacia fica por ali. Procurei em algumas ruas próximas e não resisti a olhar para a SA, a escola que mudou a minha vida... Lynn, foco!

Entrei na delegacia e falei na recepção que era uma amiga do Nathaniel e só precisava de alguns minutos com ele, para resolver alguns assuntos de família. Ela pareceu entender e chamou os colegas de trabalho do Nath por um pager, para que ele ficasse sozinho na sala. Ela permitiu a minha entrada e segui em frente.

- Opa, desculpe — um homem alto e aparentemente mais velho se esbarrou em mim.

- Não se preocupe! Eu que ando desatenta — parei e sorri.

- Eu nunca a vi por aqui, você é daqui mesmo? — ele perguntou. — Desculpe a intromissão, é que sou detetive e temo que você tenha vindo fazer alguma denúncia de alguma cidade próxima.

- Não sou, mas já morei... É, me perdoe, mas eu estou com um pouco de pressa...

- Claro, perdoe-me. Fui chamado na recepção e tenho que ir — ele deu meia volta mas logo se virou para mim de novo. — E caso precise, meu nome é Eric — ele piscou e foi à recepção. Cara estranho.

Segui o meu caminho e quando entrei na sala do Nath, ele levantou, e antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, tranquei a porta e fechei a cortina que estava nela. Olhei outras duas mesas vazias na sala e agradeci mentalmente pela recepcionista ter me ajudado, eu não conseguiria conversar com ele se mais alguém estivesse na sala.

- Você não pode entrar aqui, senhora. Essa área é somente para depoimentos e para cidadãos que estão em vulnerabilidade em algum caso — ele não me olhava de forma alguma.

- Eu tenho uma denúncia para fazer e quero depor — me sentei na cadeira em frente à mesa dele.

- Vou chamar alguém que possa lhe auxiliar, só um momento — ele tentou fugir indo em direção à porta.

- Nathaniel, sente-se aqui. Agora — usei toda a autoridade que podia e ele voltou e se sentou, ainda sem me olhar nos olhos. — Eu entendo totalmente que você esteja chateado comigo mas você vai me ouvir, se não quiser falar nada, tudo bem, mas me ouvir você vai — ele não me olhou, não fez nenhum sinal com a cabeça, parecia totalmente indiferente, faria o que eu quisesse para que aquilo acabasse logo.

- Ok.

- O meu nome é Lynn. Tenho 23 anos, curso História da Arte e retornei há 5 meses para Amoris. Estudo na Anteros e moro lá no quarto 719. Não tenho irmãos e meus pais moram na capital. Estudei com você quando tínhamos 17 anos na Sweet Amoris, você era líder de turma e costumava ficar azul de raiva quando eu falava alto ou quando precisava de ajuda para resolver os problemas de outra pessoa, nunca os meus. Você foi minha primeira paixonite, eu não conhecia ninguém além de você nessa cidade e eu sentia que acima de tudo, eu tinha um amigo. Alguém pra quem eu poderia contar qualquer coisa, alguém que eu arrisquei perder para ajudar a sair de uma situação abusiva, alguém que eu apoiei tanto quanto me apoiou.

Continuei:
- No mesmo colégio em que te conheci, eu conheci um menino chamado Castiel, o qual eu briguei com, ao ver que vocês brigavam. Eu te defendi, eu fiquei ao seu lado, mas eu precisava conhecer ele, afinal, estudávamos juntos. Com o tempo, conheci todos da sala muito melhor e acabei me apaixonando, e pelo menino que todos falavam que era frio. Eu e ele namoramos por alguns meses, mesmo enquanto eu estava longe. Você, Nathaniel, nunca saiu do meu lado. Continuamos conversando, eu sei de boa parte da sua vida e eu estive buscando meios de falar com você. Você é um dos meus melhores amigos e eu nunca quis te afastar. Eu posso ter faltado com responsabilidade afetiva e sinto muito, mas eu não sabia sobre o que você sentia porque você nunca tinha falado e meu coração ficou dividido. Odeio ficar longe de você, odeio mesmo, e tudo isso já foi longe demais...

- Eu tenho que te pedir perdão por nunca ter falado antes e querer que você soubesse e mudasse por mim, mesmo sabendo que você ainda gostava dele — ele finalmente falou. — Não estou pronto pra ter vocês juntos de novo depois de ter criado expectativas, mas confesso que fui rude com você, Lynn... Mas, me diga? Como eu poderia te ter na minha vida e não me apaixonar? Como eu poderia olhar no seu rosto e não sentir fogos de artifício? Obrigado por me lembrar da nossa trajetória e por ter vindo, mas eu ainda tenho muito o que pensar e não posso ignorar o que sinto quando você está por perto.

- Nath, eu nunca tive essa intenção... Eu nunca quis iludir você, eu nem tinha percebido nada e-

- A culpa não é sua, nunca foi. E nem é minha! Não escolhemos por quem nos apaixonamos, por isso eu não posso nos culpar. Não vou mais te evitar, até porque sinto falta da minha melhor amiga — ele sorriu e eu não resisti a sorrir também. — Não posso dizer que estou feliz por você estar justo com o cara com o qual eu tenho mil e uma brigas mal resolvidas, mas eu confio em você e quero que saiba que se ele fizer qualquer coisa ruim com você, não responderei por mim.

- Está disposto a perder o réu primário, sr. certinho?

- Quem disse que eu ainda o tenho? — rimos e me despedi dele, afinal, eu não poderia atrapalhar sua rotina de trabalho, mesmo que sentisse falta de passar um tempo com ele.

Na saída, o tal de Eric tentou me abordar de novo e eu consegui fugir. Li uma mensagem do Castiel me pedindo para ir pra casa dele, nem me lembro da última vez que fui lá, acho que vamos dar mais um passo...

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FIM DO CAPÍTULO 11

Pessoal, obrigada pela receptividade com essa obra!!! Tenho ela há quase um ano guardada e os votos de vocês me ajudam muito, obrigada mesmo <3

JEALOUSY - castielOnde histórias criam vida. Descubra agora