VII. This young

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A oficina foi fantástica! A faculdade disponibilizou acessos à antigos trabalhos e eu pude exemplificar erros e acertos em cada trabalho que poderiam ajudar o pessoal. Vieram alunos de vários cursos, mesmo os que não são das artes, e eu vi que gostava disso. Eu gosto de estar à frente dos projetos e de sentir que acrescento em algo na vida de alguém.

O diretor e alguns professores me parabenizaram e logo me liberaram. Bom, partiu fazenda!

- Você foi brilhante, garotinha – vejo o Castiel ao meu lado com um pequeno buquê.

- Oi? Você viu? Que vergonha! – coloquei as mãos no rosto como se fosse me esconder.

- Ei, você foi muito bem, eu fui liberado mais cedo da minha aula e lembrei que você tinha comentado sobre essa aula. Ainda bem que eu vi – ele sorriu ladino e me entregou as flores. – Agora, vamos. Tenho que fazer algumas paradas no caminho.

- Tudo bem!

Fomos colocar as flores em um vaso, buscar minha mala e a mochila no quarto e colocamos na mala do carro. Entramos e já fomos em direção à saída de Amoris. Castiel estava levando só uma pequena mochila, mas nem questionei, afinal, ele deve ir sempre para a fazenda com o Lysandre.

Me pergunto com quem ele já esteve naquele chalé... Quantas fãs ele já não deve ter levado... Será se eu sou só um número para ele...?

- Lynn! – me viro assustada. Estávamos no acostamento.

- O que foi? Aconteceu algo?

- Sim, você está chorando, imóvel, faz uns 5 minutos. Conta pra mim o que foi... – ele tocou a minha perna.

- Não é nada.

- Lynn... Se não quiser falar, tudo bem, mas pelo menos me diz o que eu posso fazer pra melhorar nesse momento.

- Qual número eu sou?

- O quê? – ele parecia confuso.

- Qual eu sou? Sou a décima? Vigésima?

- O que você tá falando?

- Quantas você já levou para dormir no chalé, Castiel?

- Uma. Estou levando agora.

- Fala a verdade... Eu sou só mais uma, não é? Alguma para você usar e descartar? Por isso você fez questão de que eu dormisse com você.

- Lynn, eu não sei o que você ouviu, não sei mesmo. Mas... – ele suspirou. – Desde que terminamos eu só estive com umas duas ou três garotas, e foram em turnê, quando eu achava que assim seria o jeito de te esquecer. Não sei o nome delas e nem sei por onde andam.

- Eu não acredito.

- Lynn, o que eu tive com você é impossível de acontecer com quem quer que seja. Desde que eu soube que você viria, pensei em maneiras de me aproximar sem que você pensasse que eu só queria isso, mas pelo visto não funcionou. Eu vejo como o Nathaniel te olha, como o Lysandre te olha, eles têm algo que eu não tenho, eles conseguem expressar o que sentem sem problema nenhum, eu não consigo.

Ele continuou:
- Eu pedi para você ficar comigo porque eu ia tentar ficar bêbado a tempo de te falar o que sinto. Antes que aquele babaca ou o Lysandre fossem capazes de te mostrar o que eles podem te dar. Eu tentei descobrir o que você sentia, eu perguntei para o Alexy mas ele não me disse nada. Lynn, eu quero ficar vulnerável quando eu souber que só vai ter eu e você. Eu não fiquei na expectativa de intimidade, muito menos de me aproveitar de você. Você não consegue ver quem eu sou? – ele me olhou profundamente. – Se não quiser dividir o chalé comigo, tudo bem. Eu durmo com o Lysandre e você pode ficar lá. – ele se virou de volta ao volante e quando ele voltou para a estrada, eu percebi que ele queria falar mais mas algo o impedia.

- Você escreveu aquela música pra mim? – não resisti à fazer a pergunta.

- Todas as que eu escrevi até hoje foram pra você.

Meu coração errava as batidas.

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Acordei e estávamos parados. Olhei para o lado e não vi o Castiel. Onde ele foi? Ele avisou que tinha que fazer uma parada mas eu não perguntei onde seria. Ouço passos e logo ele abre a porta.

- Ainda bem que você acordou, vem, não temos muito tempo! – ele fecha a porta e dá a volta no carro para abrir a minha.

- Onde estamos?

- Bom, eu não sei, mas essa é uma vila perto da cidade natal do Lysandre, sempre que eu passo aqui eu presto atenção, e eu planejei te trazer. – ele segurou minha mão e ia me guiando.

- Você não vai me matar e desovar meu corpo na mata, né?

- Claro, mas só depois que você ouvir o que eu preparei – ele abriu uma porta em uma pequena cabana de madeira, parecia velha, mas não tanto, e estava bem arrumada.

- Que bonito! Você quem arrumou?

- Sim, uma família de agricultores precisava de dinheiro para o reparo de uma máquina e eles venderam a parte da frente do terreno, onde tinha essa cabana e essas flores ao redor. Eu os ajudava de vez em quando mas naquele dia da biblioteca, eu consegui visualizar o que eu queria aqui, e comprei – ele abriu uma portinha no fundo onde eu pude ver um piquenique formado. – Eu deixei tudo arrumado ontem e voltei para Amoris para te buscar, é simples, mas é o que eu sei fazer.

O segui até a parte de trás da cabana e tinha uma árvore com um balanço, além de uma pequena horta e um violão.

- Eu não sei o que dizer – eu me sentei no chão.

- Nada é necessário agora, mas eu quero te mostrar algo que eu fiz naquele dia da biblioteca – ele pegou o violão e começou a tocar.

"We won't ever be this young again
My body will never be this good again
The scars will never hurt again
And I will never go away again

You showed me how life is supposed to be
Without running away or pretending
I think of you and all I wanted to hear is
That you'll never be far from me

Will we ever say what we're feeling?
Or am I only fantasizing about you
Being back at my arms, where I wish
You never went apart, oh, you...

I try to let you know who I am now
Who I became after you in my life
Who I want to be for the woman of my dreams

You..."

As lágrimas caíam tanto dos meus olhos que eu nem pude perceber que ele estava chorando.

- Eu esperei anos pra te dizer que não queria ter me afastado de você, não queria ter perdido nenhuma conquista sua, não queria ver suas fotos todos os dias e me imaginar estando ao seu lado, enquanto eu poderia estar lá. Eu não sou perfeito, eu sei que tenho muito o que aprender, mas eu não quero que ninguém me ensine além de você. Eu não preciso viver mais dias longe de você para perceber que é você a única pra mim, eu quero viver a juventude ao seu lado, assim como a velhice e o que vier depois dela.

- Cass... – tirei o violão dos seus braços e me lancei em um abraço caloroso. – Eu não esperava por isso.

- Tem muito mais de onde isso veio, mas você tem que prometer ficar pelo resto da vida para que dê tempo de mostrar tudo.

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FIM DO CAPÍTULO 7

JEALOUSY - castielOnde histórias criam vida. Descubra agora