Capítulo 30: O que você quer?

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Eu não era uma pessoa muito racional, já que eu sempre fazia as coisas com base nas minhas emoções no momento, tanto é que nenhuma atitude minha com Millie era normal desde o início. Mas se ela não se importava com isso de fato, mesmo que eu ainda estivesse inseguro sobre isso, iria me aproveitar desse lado dela.

As luzes da casa dela estavam acesas ainda quando cheguei, um pouco receoso que a mãe dela me pegasse no flagra. Eu só iria conhecê-la amanhã quando viesse buscar Millie para o baile, momento que eu não via a hora de acontecer. Mas atravessei o gramado até os fundos da casa, chegando a janela de Millie, vendo que as luzes estavam acesas por trás da cortina rosa.

Tentei ver se Millie estava sozinha lá dentro, mas não havia uma única fresta pra isso. Então respirei fundo e engoli todo o nervosismo, batendo no vidro de leve para chamar a atenção dela. Não demorou um segundo para as cortinas serem puxadas e a expressão de confusão de Millie se abrir em surpresa quando ela arregalou os olhos ao me ver.

—O que você está fazendo aqui? —Ela abriu a janela, parecendo um pouco assustada e confusa, mas gesticulou para que eu entrasse no quarto. —Pensei que tinha um compromisso.

—Eu tinha. Eu estava nele. —Falei, pulando a janela para dentro do quarto e soltando a sacola que trazia ao lado da cama. Engoli em seco quando vi que ela estava usando aquela saia rosa, que contornava seus quadris e caia como uma cachoeira sobre suas penas, que ela usava quando ia dançar balé. —Mas eu queria ver você.

—Maluco. —Sussurrou, fechando a janela, me fazendo soltar uma risada. Millie olhou pra mim e sorriu, parecendo feliz por eu ter ido até ali. Aquilo era bom, porque significava que aquele clima ruim de mais cedo já havia ido embora.

—Você estava... —Apontei para a roupa dela, com meu coração disparando com a possiblidade de vê-la dançando balé. Mesmo que eu visse todo dia, eu nunca me cansava e estava sempre ansioso por mais.

—Pra minha mãe. Faz tempo que ela não me vê dançando balé. —Millie deu de ombros, parecendo constrangida por alguns segundos. —Ela acha que eu tenho aulas no estúdio. Não sabe que eu...

—Entendi. —Umedeci os lábios com a língua, observando a expressão dela ficar um pouco distante quando ela pensou nas suas aulas de balé. —Eu estranhei quando percebi que você não ia mais se juntar a turma de balé, até encontrar você a noite. Pensei que você tinha mudado o horário por causa do trabalho.

—A mensalidade ficou cara demais. —Ela deu de ombros, como se não precisasse dizer mais nada. —O dinheiro podia ser usado com outras coisas mais importantes, então...

—Sua mãe deve ter muito orgulho de você, Millie. Eu ainda não a conheço, mais sei que tem. —Sorri pra ela, percebendo o quanto minhas palavras iluminaram seu rosto. —Tenho um presente pra você.

—Um presente? —Me sentei no chão, escorado na cama, observando Millie contornar a mesma e se sentar com as costas na cabeceira, olhando pra mim com curiosidade.

—É, mas você precisa me prometer que vai aceitar, antes mesmo de saber o que é. —Falei, vendo um brilho de ansiedade tomar conta dos olhos dela, ao mesmo tempo que ela parecia hesitante.

—Por que? Foi muito caro? —Indagou, me fazendo rir.

—Você não disse se aceita. —Ergui as sobrancelhas, vendo ela morder o lábio com força. —Presente é presente, não importa o valor.

—Tudo bem. —Ela se moveu na cama até onde eu estava quando peguei a sacola que havia deixado no chão, me virando e estendendo pra ela.

Fiquei de joelhos no chão, com os cotovelos escorados no colchão, observando ela se ajeitar na cama e puxar o embrulho que havia dentro da sacola, parecendo um pouco curiosa com o formato dele. Mordi o lábio para conter o sorriso quando ela rasgou o embrulho sem hesitar, parecendo ansiosa pra saber o que era.

—Eu não acredito! —Ela soltou um gritinho animado quando encarou a caixa do Kindle, sem saber se a abria ou se vinha me abraçar. Soltei uma risada da sua reação, sabendo perfeitamente que ela ia amar aquilo. —Você comprou um Kindle pra mim?

—Comprei. —Dei de ombros, como se aquilo não fosse nada. —Todos os seus livros estão aí já. Eu havia ficado com uma cópia de todos eles, então...

—Você colocou todos eles aqui? —Ela me olhou como se eu fosse o cara mais incrível do planeta, o que me fez ficar sem fôlego por alguns segundos. —Victor...

—Eu sabia que você ia gostar. Só queria me desculpar por não ter falado com você direito hoje cedo. Eu estava irritado e não queria descontar em você. —Afirmei, engolindo em seco quando o nervosismo falou mais alto. —Não quero que pense que eu não queria falar ou ver você. Pelo contrário, eu sempre vou querer ficar perto de você, Millie. Não existe ninguém que eu queira mais a companhia do que você.

Ela me encarou sem sequer piscar, enquanto meu coração martelava dentro do meu peito quando seus olhos ficaram tão iluminados e carregados. Meu sangue esquentou, assim como aquele quarto parecia menor e mais quente quando percebi que queria tanto beija-la nesse momento.

—Você não existe, sabia? —Ela engoliu lentamente, passando as mãos nas bochechas, parecendo envergonhada. —Foi o melhor presente que você poderia me dar. Além de estar procurando meu pai, claro. —Ela riu, me fazendo soltar uma risada também. —Nem sei como agradecer, sério.

—Eu sei como pode me agradecer. —Falei, deslizando a mão pela cama até segurar a dela, vendo ela estremecer de surpresa e olhar pra mim com a respiração tão acelerada quanto a minha. —Tem uma coisa que eu quero muito, a um bom tempo já.

Ela hesitou, antes de soltar uma respiração pesada e se mover para ponta da cama onde eu estava, fazendo meu coração doer de tão rápido que estava batendo quando me inclinei mais pra cima quando ela aproximou o rosto do meu, com as bochechas vermelhas e os olhos brilhando em ansiedade, ao mesmo tempo que umedecia os lábios com a língua, pronta para acabar com o restante da minha sanidade.

—O que você quer? —Questionou, tocando meus ombros, me fazendo ofegar com o quão quente aquele quarto estava e surpreso com aquela eletricidade entre nós, pronta pra explodir.

—Beijar você.



Continua...

Como conquistar Victor Summer / Vol. 3Onde histórias criam vida. Descubra agora