Como conquistar Victor Summer / Vol. 3

Capítulo 52: Acompanhamento psicológico.

Havia uma confusão no hospital. Policiais indo e voltando em meio a enfermeiros e pacientes. Eu fui colocado em frente a um deles, tendo que contar segundo por segundo do que aconteceu lá e depois foi a vez de Julian. Natalie estava sendo atendida separada, porque ainda estava em estado de choque.

Não a julgo, eu acho que nunca vou esquecer o que aconteceu hoje. Meu pai estava conversando com os polícias mais no final do corredor, enquanto minha mãe havia ido ficar com Natalie para lhe dar apoio. Eu queria ir pra casa, mas pelo rumo que as coisas estavam, eu não ia pra lá tão cedo.

—Seu rosto tá horrível. —Julian murmurou ao meu lado, enquanto me observava levar o saquinho de gelo até o lado do rosto que mais estava dolorido.

É, sei que estava horrível. Dei uma boa olhada em um espelho quando cheguei. Tudo estava doendo no meu rosto, inchado e arroxeado em vários pontos. Parecia que eu havia sido pisoteado, além da minha testa ter um vergão de quando bati a cabeça na cama.

—Você é tão sutil. —Falei, escutando ele soltar uma risada baixa e olhar na direção do elevador quando ele se abriu, provavelmente esperando ver o próprio pai, que havia descido para comprar algo pra gente comer, mesmo que não estivéssemos com fome. —Por que foi até lá? Tipo, eu pedi pra você ligar pra polícia. Então por que foi até lá?

—Porque eu sabia que você estava indo até lá avisa-la e achei que deveria ajudar. —Julian deu de ombros, soltando um suspiro. O rosto também estava meio machucado, apesar de ser muito menos que o meu. —Eu escutei você contando aquelas coisas pra ele. Não ia me meter, até ver que ele ia... sabe... Sabia que você faria o mesmo por mim.

Ele escondeu o rosto entre as mãos, enquanto eu fazia uma careta ao colocar o gelo sobre um dos meus olhos, sentindo o latejar diminuir um pouco. Olhei para Julian, dando uma cotovelada de leve nele.

—Odeio o fato de você estar certo. —Suspirei, escutando sua risada quando ele olhou pra mim e ergueu as sobrancelhas. —Agora vamos ser obrigados a fazer acompanhamento psicológico.

—Sempre achei que você precisava de terapia. —Ele soltou um muxoxo antes de balançar a cabeça negativamente. —Só não achava que eu precisaria também.

—Seu merdinha. —Soltei, fazendo ele se inclinar pra trás e rir, no primeiro momento de distração nossa desde tudo que aconteceu.

O elevador no final do corredor se abriu e eu quase me desmanchei naquela cadeira quando vi que era Millie e sua mãe. As duas vieram até onde estávamos. Millie praticamente correndo para chegar até nós dois. Fiquei de pé, puxando Julian junto comigo, antes de Millie se jogar entre nós dois e nos abraçar ao mesmo tempo.

—O que está fazendo aqui? —Indaguei, enquanto ela deixava um beijo na bochecha de Julian e depois se inclinava para me dar um nos lábios, parecendo preocupada com meu estado.

—Eu vim ver vocês dois, é claro. —Ela me lançou um olhar afiado, como se eu estivesse fazendo uma pergunta idiota. —Você me disse que estava bem.

—Eu estou bem. —Falei, vendo ela torcer os lábios ao observar meu rosto, com os lábios tremendo. —Millie, eu estou bem. Meu rosto vai estar normal depois de alguns dias.

—E a Natalie? —Ela olhou de mim para Julian. —Dustin foi preso? Ele bateu nela também?

—Ah... —Eu e Julian trocamos olhares tensos.

—Meio que ele morreu. —Julian sussurrou, erguendo a mão para esfregar a testa como se quisesse espantar a lembrança ruim. —Natalie atirou nele.

O queixo de Millie, enquanto ela parecia ter ficado completamente sem palavras. Deixei ela com Julian quando ele começou a contar o que havia acontecido, enquanto me aproximava da mãe dela que nos observava de longe.

—Oi, Sra. Benson. —Me aproximei dela, inevitavelmente me lembrando de Justin. Aquilo teria me feito sorrir, se meu rosto não doesse com absolutamente qualquer coisa que eu tentasse fazer.

—Você está bem? —Ela tocou minhas bochechas com cuidado, parecendo preocupada comigo como Millie estava. Mas balancei a cabeça que sim. —Millie me contou o que aconteceu. Você foi muito corajoso, apesar de um pouco imprudente também. Tem certeza que está bem?

—Sim, eu estou. —Abri um sorriso, sentindo minhas bochechas doerem na mesma hora. —Obrigado por vir e por trazer a Millie.

—Ela estava preocupada com vocês e eu também. —Madelyn afirmou, erguendo os olhos para onde Millie estava com Julian. —Onde estão seus pais?

—Minha mãe está com a Natalie. —Eu me virei, apontando para a confusão de policiais mais à frente. —Meu pai está ali.

—Vou procurar as duas. —Ela tocou meu ombro, começando a se afastar. —Se precisarem de alguma coisa podem me pedir.

—Obrigada. —Falei, vendo ela se afastar para se juntar a minha mãe e Natalie. Voltei para onde Millie estava sentada ao lado de Julian, me sentando ao lado dela. Sua mão procurou a minha na mesma hora, entrelaçando nossos dedos.

—Vocês dois são doídos, sabia? —Ela olhou pra mim, com as sobrancelhas um pouco erguidas. —Mas acho que Natalie vai ser eternamente grata a vocês por isso.

—Ela vai precisar de todo apoio possível agora. —Suspirei, colocando gelo sobre minha bochecha de novo, sentindo Millie brincar com meus dedos e me observar em silêncio. —Mas pelo menos ele nunca mais vai incomoda-la.

—Onde minha mãe foi? —Millie olhou ao redor, se dando conta que a mãe havia sumido.

—Foi se juntar com a minha. —Eu a olhei com uma careta. —Não era desse jeito que eu estava imaginando que meus pais iriam conhecer a sua mãe.

O pai de Julian saiu do elevador, trazendo pacotes de hambúrgueres e batata frita. Julian praticamente gemeu quando o viu, me fazendo soltar uma risada que fez todo meu rosto latejar. Mas pelo menos alguém ali conseguia sentir fome depois de tudo que havia acontecido.

Olhei para Millie quando me lembrei que antes de Dustin resolver dar as caras, eu estava praticamente pulando de alegria quando encontrei Justin. Ele sabia sobre a mãe dela. Ele iria procurá-la a qualquer momento. Logo, logo ela teria o pai dela de volta.

—O que foi? —Millie sorriu quando percebeu que eu estava a observando sem parar. —Você está me olhando com uma expressão engraçada.

—Só lembrei de algo. —Eu ri, balançando a cabeça negativamente, sentindo algo aconchegante se instalar no meu peito quando Millie se inclinou e beijou meus lábios com cuidado.

Só esperava que Justin não demorasse muito. Estávamos precisando mesmo de coisas boas.

Continua...