26 | thoughts that hurt

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✪ ⌇「 CAPÍTULO VINTE E SEIS:
PENSAMENTOS QUE MACHUCAM

O CAMINHO ATÉ O HOSPITAL FOI doloroso e torturante, um dos piores momentos de toda minha existência

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O CAMINHO ATÉ O HOSPITAL FOI doloroso e torturante, um dos piores momentos de toda minha existência. Em todos os meus anos como amazona nunca havia experimentado tamanho pesar como agora, mesmo diante de tantas perdas que já presenciei. A vida do meu filho estava em risco, por culpa de John Walker, mas sobretudo por minha própria culpa, que me meti em tal situação quando claramente não devia.

Assim que fomos recepcionados por Dra. Palmer, diversos exames foram solicitados, algo que durou longas horas até que o resultado viesse, e então, mais outro exame foi feito, o mais doloroso de todos. Bucky não saiu do meu lado em nenhum momento, sempre segurando a minha mão e sendo meu apoio, embora eu me sentisse incapaz de lhe passar o mesmo conforto. Seu desespero e preocupação eram evidentes, principalmente quando fomos liberados para casa longas horas depois, e sei que sua dor era tão dilacerante quanto a minha, uma dor que consome e queima muito mais do que qualquer dor física. Eu não consegui chorar, não tinha força alguma para derrubar uma lágrima sequer, e me mantive sem reação desde o momento em que pisei no hospital até quando chegamos em casa, coisa que tenho certeza ter deixado minha irmã e Sam ainda mais preocupados. James, por outro lado, não insistiu em dizer nada e apenas permaneceu comigo.

E apenas quando entramos em casa, só nós dois e dentro do nosso ambiente familiar, é que enfim me encaminho para o banho e me permito chorar. As lágrimas e os soluços simplesmente saem sem que eu tenha qualquer controle sobre eles, tentando externar um pouco da dor excruciante em meu peito, uma dor que eu jamais imaginei a dimensão. Dentro do box, as mãos de Bucky me envolvem com carinho e ele me aconchega contra seu peito, os dedos fazendo suaves carícias em meu cabelo e me permitindo desabar.

Pela primeira vez ele está sendo meu pilar de sustentação, da mesma forma como fui a dele por tanto tempo até aqui, pois não se afastou de mim em nenhum momento, me cuidando, confortando e me dando o único alento que poderia querer no momento, me mantendo em seus braços durante toda a noite num aperto forte e carinhoso.

— Eu sinto muito, meu amor. — Sussurra em meu ouvido, com tanta dor camuflada pelas palavras reconfortantes, que lágrimas quentes escorrem em meu rosto, e demoro alguns segundos para conseguir falar algo sem que os soluços sejam um empecilho.

— Eu sinto muito, Bucky. Sinto tanto. — As palavras saem entrecortadas, o que faz seu aperto em mim se tornar mais firme.

— Nós vamos ficar bem.

— Nós perdemos nosso bebê, e a culpa é minha... — Mal consigo concluir a frase quando ele segura meu rosto firmemente, me interrompendo e olhando fundo em meus olhos enquanto nega repetidas vezes, como se tivesse ouvido o maior absurdo do mundo.

— Nunca mais repita isso. Nunca mais se atreva a dizer essas palavras de novo, Elara.

— Mas é verdade.

— Não é. — Ele afirma cheio de convicção, ou pelo menos o suficiente para tentar me convencer também. — Shuri me ligou e falou comigo enquanto você estava realizando o exame. A gravidez sempre foi de risco, e continuaria sendo mesmo se você tivesse passado os últimos dias em casa repousando. O risco sempre existiu e continuaria ali durante toda a gestação.

Suas palavras são calmas e claras na resposta, mas elas não me trazem nenhum conforto ou aliviam minha culpa, e sim causam o efeito contrário.

— Por que meu útero não foi forte o suficiente para carregar nosso bebê. — Lágrimas escorrem com violência outra vez, e Bucky apenas solta um suspiro cansado enquanto me puxa para seu peito novamente, onde deito e me aconchego.

— A culpa não foi sua Elara, nunca e jamais. Você assumiu o papel de mãe mas também o papel de parceira, e o que enfrentamos foi difícil para todos nós. Você, assim como nosso filho, foi uma vítima. — Cada palavra sai em um suspiro enquanto seus dedos acariciam minha cabeça e o braço de vibranium me apertam forte, quase como se não quisesse me deixar sair. E eu muito menos desejo isso. — Eu amo você, amo nossa família e nosso filho sempre será nosso e estará conosco.

Ele me beija, e embalada em seu aperto, caio no sono com as palavras de Bucky ecoando em minha mente e tomando conta de meus pensamentos.

A alma de nosso bebê ainda tão pequeno partiu muito cedo para longe, deixando um rastro de corações despedaçados pelo caminho.

Minha recuperação do luto e da perda foi longa e amarga, de modo que as flores, o sol e até músicas me incomodavam profundamente, e a felicidade alheia soava quase como um insulto ao meu pequeno bebê privado da vida e do amor dos seus pais. Tive os melhores quatro dias da minha existência sendo mãe de um anjo, mas minha felicidade ruiu de forma violenta. Felizmente, o apoio e amor de James foi o que me deram forças para seguir, embora não fosse possível superar.

Alpine passou ser minha companheira constante, sempre junto à mim quase como se sentisse meu pesar e quisesse demonstrar que estava ali comigo. E os dias se seguiram dessa forma para nós, dolorosos e sem cor, enquanto a vida continuava para os outros. John enfrentou um julgamento por suas ações em relação ao assassinato de Nico, embora as consequências não tenham sido nem perto do que ele de fato merecia. Andrômeda descobriu a localização de Zemo e partiu para Sokovia atrás do barão, onde o entregou para as Dora Milaje, e a última informação que tivemos de Sam era de que estava com sua família. Karli e seu grupo estavam muito bem escondidos fora do radar de todos, e ninguém pareceu se importar muito com isso no momento, ou pelo menos pelos dias necessários para que pudéssemos descansar.

Então Andrômeda voltou para casa e nos convenceu de sair e ver o mundo e as pessoas outra vez, provavelmente em uma tentativa de nos animar e estar presente. Funcionou. Partimos para a casa de Sarah, irmã de Sam, uma vez que eles precisavam de ajuda com o conserto de um barco, e ter algo a fazer talvez pudesse ajudar Bucky e eu a nos distrair. Um benefício para ambos os lados.

Descobri dessa forma que podia continuar vivendo, pois nosso filho será para sempre uma parte de nós que nos acompanhará, e mesmo em seus poucos dias de vida em meu ventre foi muito amado e desejado. Mesmo com sua partida precoce, teve e ainda tem um pai e uma mãe para ele, que foi o maior amor que já sentimos e que foi e sempre será nosso.

 Mesmo com sua partida precoce, teve e ainda tem um pai e uma mãe para ele, que foi o maior amor que já sentimos e que foi e sempre será nosso

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𝐄𝐋𝐀𝐑𝐀 ! bucky barnesOnde histórias criam vida. Descubra agora