NOTA DA AUTORA:
"ESTE CAPÍTULO CONTÉM CENAS COM GATILHOS PSICOLÓGICOS, AGRESSÃO, ENTRE OUTROS TEMAS SEMELHANTES. SE VOCÊ FOR SENSÍVEL À ESSE TIPO DE CONTEÚDO, NÃO LEIA!"
Quando foi a última vez em que você não acreditou em si mesmo?
Há momentos onde estamos confiantes, capazes de enfrentar tudo e todos.
Mas, quando o golpe de realidade nos atinge, é tão angustiante a sensação de vulnerabilidade que não existe rumo, abrigo ou salvação, nos tornando abatidos, rendidos ao inimigo que nos abraça calando nossa voz.
Ayla instantaneamente recuou a mão suspensa no ar e observou Igor que estava com o rosto voltado para o lado após o golpe acertado na face. Num estalo de tempo, a jovem agiu para sair do lugar e ainda tropeçou na barra do lençol, porém logo recuperou o equilíbrio e foi em busca do celular que estava na bolsa, caída perto da entrada do quarto.
No entanto, em vez de perder tempo novamente dentro daquela casa, a jovem decidiu ir para fora, correr o quanto antes e depois ligar para sua mãe avisando onde se encontrava. E assim fez, quando tomou direção para a porta da sala, mas antes de atravessar a saída, notou que estava apenas de roupa íntima. Um sutiã azul de flores rosa e uma calcinha de renda amarela. Sinceramente, Ayla nunca se importou muito com combinação de lingerie, pois sempre buscou conforto utilizando peças neutras ajustadas adequadamente nas curvas.
Aquele tipo de vestimenta jamais estaria em seu guarda-roupas se não estivesse conhecido Igor. Isso porque no começo do relacionamento, ele deu muitas indiretas sobre o que gostava de ver uma mulher usar, o que achava bonito ou atraente na figura feminina e calcinhas rendadas minúsculas ficavam no topo de suas observações, que logo depois tornaram-se exigências camufladas em comentários.
"Por que você não usa?", "Você tem um péssimo gosto", "Ficaria mais bonita assim".
Dois anos atrás, em seu aniversário de quinze anos, Ayla não teve festa mas ganhou alguns presentes. Entre eles, um conjunto de lingerie de sua tia que também vendia as peças. Visualmente, era lindo, branco com cerejas e detalhes de renda na cor vinho. A calcinha foi um tanto icônica com apenas um micro tecido triangular na frente, renda no quadril e renda atrás seguindo um fio costurado até a parte frontal. No quarto, a garota vestiu a peça e olhou-se no espelho. O corpo em forma de pera foi muito bem valorizado na roupa provocante. Seus quadris realçaram a pequena vestimenta que cobria o necessário na parte da frente. De costas a vista tornou-se ainda maior com seu bumbum completamente exposto, basicamente sem nada cobrindo-o e pior foi sentir o tecido muito apertado entre as nádegas quando já estava acostumada aos modelos de panos maiores.
A partir deste dia, Ayla Albert decidiu evitar roupas desconfortáveis, mesmo se dissessem que ela ficaria melhor naquilo. Ela sempre ouviu conselhos para usar roupas curtas e justas por conta do corpo "proporcional". Mas, a jovem não tinha intenção de se exibir só pelo fato de ter herdado as curvas das tias paternas. Na correria da rotina, Ayla sempre buscou conforto, mesmo que conseguisse isso apenas nas roupas.
No entanto, lá estava ela, vestida em algo para agradar o namorado.
- Você vai sair assim?
O tom daquela voz firme, com uma frase disfarçada em muitos significados, ecoou pela residência e atacou a vítima no canto da sala. Nisso, Ayla voltou-se para trás deparando-se com Igor parado no corredor de frente a entrada do quarto. O homem segurava o vestido da namorada em uma das mãos, enquanto a observava sob um olhar cerrado na baixa luminosidade da casa devido à lâmpada de custo barato ou talvez a fiação elétrica mal distribuída. Era difícil supor certezas numa localidade caótica.
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Caixa de Pandora
Fiksi UmumNOTA DA AUTORA: " ATENÇÃO: ESSA OBRA POSSUI DESCRIÇÃO DETALHADA DE TEMAS COMO DROGAS, USO DE ARMAS, AGRESSÃO, ABUSO SEXUAL E PSICOLÓGICO, CÁRCERE PRIVADO, ENTRE OUTROS ASSUNTOS SEMELHANTES. SE VOCÊ FOR SENSÍVEL À ESSE TIPO DE CONTEÚDO, NÃO LEIA!." ...