— Ah, hahahaha, eu sei — disse Thalia, afastando-se e virando-se, seu rosto estava vermelho.
Enquanto o vento uivava lá fora e a chuva tamborilava no telhado, Thalia ouviu uma voz sussurrante, uma voz que ela reconheceu; era a mesma daquela vez no carro.
— Deixe-me sair — implorava a voz —, liberte-me! A voz era como uma melodia distante, mas carregava um poder que tornava o ar pesado.
Thalia sentiu uma estranha falta de ar, como se o mundo estivesse sendo sugado para dentro dela. Um calor a envolvia, como se estivesse em um forno; o porão estava quente, apesar do ar frio que vinha das janelas abertas e da chuva lá fora. Ela tentou respirar, mas cada inspiração era mais difícil que a anterior.
Parecia uma crise de ansiedade; seu peito doía a cada expiração.
Então, um terceiro trovão cortou os céus, e algo dentro de Thalia estalou. Não era mais apenas ela; era algo mais, algo antigo e poderoso. Seus olhos, antes castanhos escuros como a noite, agora brilhavam com um roxo luminoso, refletindo a tempestade de magia que a preenchia. Com passos que não pareciam mais seus, ela se aproximou de uma estante coberta de teias de aranha. Suas mãos, guiadas por uma força que ela apenas começava a compreender, alcançaram um livro empoeirado. Ao tocá-lo, uma sensação de reconhecimento a inundou. Ela sorriu, um sorriso que continha segredos e séculos de sabedoria.
— Thalia? — chamou Kayo, ele estava assustado, ou melhor, surpreso.
Ela não disse nada, nem sequer olhou para ele. Então, ele ficou quieto, observando tudo. Viu o livro antigo, de capa dura na cor azul-royal, com o símbolo de uma raposa na cor preta.
Ela abriu o livro e, para sua surpresa, a primeira página estava em branco. Ao virar a folha, encontrou uma frase do autor acompanhada das iniciais C e W. Thalia folheava o livro com crescente curiosidade, imaginando tratar-se de uma obra comum de medicina ou história.
— Espera, eu acho que já vi essa mulher, volta a imagem — pediu Kayo.
Thalia desviou o olhar do livro e o entregou a Kayo, que examinou a imagem atentamente. Enquanto isso, ela se distanciou, aproximando-se de um círculo mágico rodeado por velas.
— O que você acha que aconteceu aqui? — indagou a garota, observando o chão riscado e marcado.
— Bem, eu acho que entramos no covil de um filme de terror. E a dona deste livro parece ser alguém que conheço — disse Kayo, colocando o livro sobre a mesa. — Você pode voltar a ter olhos normais?
— Quem seria? Desculpe, mas não posso agora. Quem é a dona deste livro? — perguntou Thalia, retornando à mesa.
— Ela se chama Carla Williams, está satisfeito? — Kayo pergunta.
— Ah sim, eu me lembro dela, e de você também. Que pena que você não está me reconhecendo. Te amei tanto... É assim que me retribui? — A garota indaga.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Os laços de sangue - O Renascer da híbrida
FantasiDá saga "A linhagem amaldiçoada" Hepatologia livro 2 Há certas coisas no mundo que não foram feitas para serem encontradas. A vida imortal de Kayo Dominguez, um vampiro atormentado pelo amor perdido. Sua história começa como humano, apaixonado po...