Capítulo 3

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Assisti meu melhor amigo escolher a fêmea que seu pai designou e vi ele deixar o palco humano com Emilie, a fêmea escolhida. A reação de Kaell quando seu pai indicou a escolha foi impagável. Ele observou com uma expressão carrancuda várias fêmeas entrarem e saírem do palco. Sei que meu amigo estava determinado a não escolher nenhuma dessas fêmeas humanas para si, mas ele não podia se opor ao pai naquele momento.

A raiva de Belrror era quase palpável quando Muzgonk explicou o motivo de cancelar o noivado de sua filha com Kaell. Meu amigo havia testado os limites de seu pai com suas atitudes imaturas e agora foi obrigado a escolher exatamente a fêmea que seu pai havia escolhido. Provavelmente, a fêmea em questão tem um espírito forte e centrado, o que a torna a mais interessante até agora, não apenas por sua aparência, mas por algo diferente nela. Se Belrror não tivesse escolhido uma fêmea para o filho, tenho certeza de que outros machos teriam competido para decidir quem acasalaria com ela.

No final, muitos machos saíram do programa sem escolher uma fêmea, e eu sou um desses machos. No entanto, minha presença no palco era apenas para apoiar meu amigo. Eu nunca poderei escolher uma fêmea para acasalar, nem mesmo para um momento de prazer, pois, ao contrário do meu amigo, se eu sair da linha, encontrarei um destino pior do que a morte.

Depois que Kaell levou a fêmea para uma sala privada e nos fez esperar por quase duas horas, Belrror ficou extremamente impaciente e começou a dar ordens, deixando clara sua insatisfação com o filho. Foi então que Emilie interrompeu a conversa entre os dois, deixando Kaell furioso.

A fêmea não apenas se mostrou sensata e altruísta em suas motivações para participar do programa, mas também falava de maneira polida e educada, o que encheu Belrror de orgulho por tê-la escolhido para seu filho, enquanto deixava Kaell completamente enfurecido com a satisfação de seu pai ao interagir com a fêmea.

Cheguei a ficar apreensivo ao deixá-los sozinhos para buscar o veículo, mas sei que Kaell nunca prejudicaria uma fêmea, por isso segui rapidamente para o estacionamento. Fiz a solicitação do veículo para os orcs e entrei no assento do motorista, liguei o rádio, contente por poder usar essa ferramenta que transmite tudo em tempo real. Tão impressionante quanto o rádio é a internet. Quando pudemos ter acesso às coisas que os humanos fizeram antes e depois da guerra, passei a colecionar todo tipo de coisa junto com Kaell. Os humanos criaram tantas coisas para passar o tempo ocioso que não me admira em nada que eles estivessem tão despreparados para lidar com a magia.

Sei que também não posso julgar, afinal, o povo havia abandonado os velhos costumes há muito tempo, sempre focados em conquistar melhorias voltadas para a tecnologia. Não é à toa que quase destruíram o planeta com suas tentativas. Tantas pesquisas que deram errado, tantas doenças que mataram milhões e que, mesmo assim, não conseguiram conter o aumento populacional desenfreado, tudo isso tornou os humanos presas fáceis, sendo ludibriados facilmente pelos elfos.

Na primeira vez que Belrror veio até os humanos para alertá-los, foi a pedido de Carguk, que viu na vhajua, nas águas da visão, que precisávamos oferecer ajuda a um povo que nem ao menos conhecíamos. Belrror não negou o pedido do irmão, afinal, o capitão sabia que quando um xamã pede que algo seja feito, é para um bem maior e não deve ser discutido. Carguk foi quem usou as pedras para definir onde o portal deveria ser aberto e foi ele quem disse que deveríamos deixar um meio para que os humanos nos buscassem quando caíssem em si.

Belrror já havia se esquecido da visita que fez aos humanos quando o pedido de socorro chegou. Afinal, já haviam se passado quase setenta anos, e, nessa altura, ele já estava acasalado e com um filho pequeno. Kaell tinha seus dez anos quando Belrror declarou que ajudaria os humanos sob alguns termos que antes não haviam sido incluídos. Ele os criou para que os humanos pagassem de alguma forma pela forma desonrosa como recusaram a oferta de ajuda.

Degustação - A noiva humana do ORC Despedaçado (disponível na Amazon completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora