Nosso Mundo

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MARIA LUISA

Luisa: Oi, sou eu. - Falei em frente ao interfone.

Duda: Luisa? Já vou. - Saiu antes que eu pudesse responder e segundos depois estava abrindo o portão na minha frente. - Aconteceu alguma coisa? - Apenas assenti, pois essa pergunta me desestabilizou mais ainda.

Vim prendendo o choro o caminho inteiro, deixando cair apenas algumas lágrimas que eu limpava rapidamente para não atrapalharem a minha visão enquanto dirigia.

A dor que estava instaurada em meu peito era forte, como se o meu coração realmente estivesse partido. Única vez que eu senti isso, foi após ter descoberto a traição do Leonardo... E não pretendia sentir tão cedo novamente.

Duda pareceu assustada com o meu choro repentino e a minha cara toda vermelha. Ela fez algumas perguntas do tipo: "Alguém te assediou?!", "Mexeram com você?!", "Brigou com os seus pais?!". Neguei a cabeça para todas, não conseguia falar com o choro entalado na garganta querendo sair, então apenas fiz um sinal para que ela parasse de falar com a minha mão.

Ela me sentou no sofá de frente para mim, eu estava com a cabeça baixa enquanto deixava as lágrimas rolarem, mas levantei devagar para vasculhar o lugar antes de começar a falar.

Duda: Minha mãe tá lá em cima, quer que eu chame ela? - Neguei rapidamente. - Respira e fala de uma vez, você está me deixando preocupada! - Tinha me esquecido o quanto ela era ansiosa.

Solucei algumas vezes e deixei alguns catarros escaparem até que eu conseguissem me acalmar para abrir a boca e começar a falar.

Luisa: E-eu tinha saído para resolver alguma coisas, e quando eu cheguei em casa... - parei para que conseguisse me recuperar novamente. - A Raissa estava lá, ela... ela disse que estava grávida do Murilo. - Travei antes que conseguisse falar a informação. Eu não queria acreditar.

Duda ficou boquiaberta e em silêncio. Completamente chocada.

Olhei para o seu rosto diretamente pela primeira vez naquela noite, encarando a sua face surpresa, que logo se transformou em pena. Fui puxada para o seu abraço caloroso e desabei em seus braços.

Por que eu me sentia traída? Nem estávamos juntos!

Duda: Eu não sei o que te dizer e nem imagino o que você esteja sentindo nesse momento, mas saiba que vai passar. - Naquele momento, infelizmente por mais que eu tentasse, não conseguia absorver as suas palavras. - Põe pra fora.

E então eu chorei. Chorei por tudo. Todos os momentos.

Pode parecer dramático, mas para alguém que já sofreu uma situação traumática no amor e estava com medo de sentir e passar por tudo novamente, isso é algo difícil de lidar.

Quando me controlei, levantei o rosto e me afastei. Me recompondo.

Luisa: Ele é o dono de uma favela, o que eu poderia esperar né? - Forcei um riso.

Eduarda negou, tristonha, mas não discordou. Apenas me levou para o seu quarto e disse para que eu tomasse um banho para que me acalmasse e pudesse conversar melhor com ela. Quando eu terminei, vesti um de seus pijamas e deitei em sua cama, já mais calma.

Duda: Consegue me contar a história toda agora? - Assenti e então lhe contei tudo, da hora em que chegamos até o momento da descoberta. Ela pareceu analisar toda a situação por alguns estantes para enfim, falar algo. - Batman não é apenas "o dono de uma favela",  ele é o Murilo. O cara que você conheceu e se apaixonou, o cara que deu uma surra no seu ex só porque achou que ele estava te enchendo o saco, o cara que viajou sem pensar duas vezes pra ir atrás de você... - A interrompi.

Luisa: Duda...

Duda: Eu sei que não quer relembrar agora, mas pensa bem. Não deixe o seu relacionamento recente acabar por conta de outra pessoa. A Raissa é uma vagabunda e pode ter dado pra qualquer um, mas se for realmente dele... Espero que os dois resolvam na base da conversa. - Suspirou se aconchegando melhor na cama onde as duas estavam deitadas. - O Murilo te ama muito. Eu sei.

Luisa: Eu só me sinto traída... Não sei o porquê.

Duda: Eu sei. - Me abraçou novamente. - Mas você não foi, aconteceu quando vocês estavam distantes, você não tem culpa.

Não consegui falar mais nada, estava sem força de vontade, então apenas fiquei quieta dando a entender que o assunto havia sido encerrado.

Não consegui dormir de primeira, então até que pegasse no sono, pensei sobre esse assunto. Sobre o que a Duda havida dito: "você não tem culpa", essa frase ecoou por minha cabeça, pois nem sempre eu era a culpada, nem sempre eu tinha que procurar os erros nas minhas atitudes e eu não havia entendido isso ainda.

Esperava que por meio dessa situação, eu começasse a entender.

Não sei se eu aguentaria ter que me separar novamente de alguém que eu amo, só porque essa pessoa não soube me amar sem me machucar.

•••

Capítulo curtinho só pra não ficar sem.

Gostaria de agradecer a todos que estão votando e comentando, saibam que estão me motivando cada vez mais a continuar escrevendo!