BATMAN
A casa estava com as luzes acesas do lado de fora e um carro preto estava estacionado em sua porta.
Olhei de longe, tentando ver alguma atividade suspeita, mas a rua estava quieta.
A casa era um pouco longe do Leblon. Também era exatamente de frente para a praia, próxima a Angra. Por que tão afastada...?
Soltei a fumaça, jogando o cigarro fora, abrindo a porta do carro logo em seguida. Ajeitei minha pistola na cintura e o boné na cabeça. Sempre deixava um guardado no porta luvas.
Me aproximei da casa, andando em passos leves e calmos. Por mais que estivesse ansioso para saber se a Luisa estava realmente lá dentro, não podia deixar isso subir a cabeça.
Ao me aproximar, analisei os muros, vendo se poderia pular ou entrar por algum caminho alternativo, mas sem sucesso.
Tentei empurrar o portão grande, mas nem saiu do lugar. Estalei a língua, indo até o portão pequeno. Nem fodendo que eu ia apertar o interfone.
Ao me aproximar do mesmo, notei uma pequena fenda no canto esquerdo, indicando que estava encostado. Respirando fundo, metade aliviado e metade intrigado, finalmente adentrei a casa.
Automaticamente flexionei os joelhos, andando devagar e alerta.
Olhei para frente, avistando uma enorme porta de madeira do lado esquerdo, típico na casa de gente rica. A parede do lado direito era revestida de tabletes de vidro, dando uma visão do seu interior, sendo visível apenas a televisão anexada na parede juntamente com o rack branco luxuoso.
Também notei algumas poltronas brancas, mas devido a uma pequena extensão de parede que ia da porta até o começo dos vidros, o sofá não era visível, e nem quem estava sentado nele.
Meu coração começou a bater mais rápido em meu peito e o meu estômago filho da puta parecia estar com sete pedras de chumbo dentro dele.
Tentei ver se haviam policiais ou sei lá quem ali dentro ou ao redor da casa, vigiando a minha entrada enquanto me espera dar um passo errado para alojar uma bala em minha cabeça. Mas não havia ninguém além de uma luz amarela solitária iluminando o enorme cômodo.
Com uma mão na pistola, segurei na grande espécie de maçaneta de metal e a empurrei devagar. Aos poucos, a parte vazia da sala que eu havia visto pelo vidro tomou forma em minha visão, mas só quando abri a porta por completo, pude avistar uma cabeleira loira sentada no sofá olhando em minha direção com os olhos arregalados.
Luisa: Murilo! - seu rosto suavizou ao me reconhecer e rapidamente ela saltou do sofá, correndo em minha direção.
Ainda um pouco chocado, abri os braços e a agarrei com força quando o seu corpo colidiu com o meu e me apertou com ainda mais firmeza.
Luisa: Meu Deus eu tô tão feliz em te ver! - sua voz abafada e chorosa atingiu os meus ouvidos me causando arrepios.
Estava com saudades de ouvir a sua voz.
Continuei em silêncio, ainda processando o que estava acontecendo.
Batman: Como você veio parar aqui? - foi tudo o que pude perguntar.
Seus braços se desenrolaram do meu pescoço e só então ela se afastou.
Limpando uma lágrima que escorria por sua bochecha, ela esticou os lábios me mostrando um sorriso desajeitado que dizia que provavelmente aquela era uma longa história.
Só então, a olhei de cima abaixo reparando no vestido de festa chique que ela usava, e no pequeno caminho de sangue que escorria por sua perna exposta pela fenda de sua roupa.

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Nosso Mundo
Fiksi Penggemar+16| "Nosso Mundo" conta a história de Maria Luisa e Batman, duas pessoas de mundos completamente diferentes. Uma vive no bairro de Copacabana e o outro comanda o morro da rocinha. Essa parece uma relação impossível de acontecer, mas todos sabemos...