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MARIA LUISA

Rato: Olhando pra você, eu entendo porque ele te escolheu. - ele estava parado na minha frente, uma mão no queixo e o peso apoiado em sua perna direita, com a mão esquerda segurando uma faca.

Eu havia acordado a alguns instantes, desde então, ele tem me falado coisas fúteis.

Estava em um local pequeno, como se fosse um quarto velho ou um balcão. As paredes eram de cimento e tinha apenas uma pequena janela retangular em um dos cantos de uma das paredes.

Meus pulsos e tornozelos estavam amarrados em uma cadeira de escritório velha e desgastada. O ferro em minhas costas chegava a doer.

Minha boca estava seca, minha cabeça doía e o meu corpo também. Eu estava cansada.

Rato: Cansou de comer aquelas ratas do morro e foi atrás de uma patricinha. Esperto... - balançou a cabeça, desviando o olhar para o teto, como se estivesse pensando em algo - Levou ele pra conhecer o tio Augusto?

Arregalei os olhos assim que ouvi o nome do meu pai saindo de sua boca.

Rato: O que foi? Ele não gostou do genro? - riu com sacarmos - A filinha perfeita envolvida com um traficante... Que trágico. Se fosse minha filha, eu deserdava.

Meu coração estava acelerado e em meu corpo se passava uma corrente elétrica que me fazia querer gritar com ele e o xingar por falar da minha família daquela forma.

Mas eu não conseguia falar, por mais que quisesse. Era como se o medo me deixasse muda, ou algo assim.

O fato de eu ter acredito e confiado nele um dia, ainda me assombrava.

Rato: Mas vamos direto ao ponto. Agora, você faz parte da minha vingança, então não posso simplesmente te prender aqui e te deixar bonita desse jeito, não acha? - se aproximou, curvando o seu corpo para ficar na minha altura.

O seu rosto ficou quase cara a cara com o meu. Sua mão grande e àspera agarrou o meu queixo, me fazendo olhar para ele.

Quando o mesmo levantou a faca próxima ao meu rosto, arregalei os olhos e comecei a balançar o meu rosto desesperadamente

Rato: Fica parada, loira, ou eu vou acabar cortando o seu olho! - sua voz era terrivelmente calma.

Fechei os olhos com força e esperei pelo contato. Antes de fechar, pude ver o sorriso de satisfação que havia em seus lábios assistindo o meu medo.

A lâmina fria logo tocou a minha bochecha, me fazendo tremer um pouco. Apertei ainda mais os olhos e reprimi os lábios, mentalizando que dessa forma, aquilo não ia doer tanto.

Logo senti o deslizar do metal, rasgando a minha pele. A sensação dolorosa me atingiu, fazendo com que os meus olhos marejassem e os meus lábios tremessem.

Soltei um pequeno grunhido de dor, pedindo para que aquilo acabasse logo.

Em alguns instantes, quando o metal deslizou até o meu maxilar, Rato se afastou. Só então eu tomei coragem para abrir os olhos, tendo que piscar algumas vezes para que as lágrimas desembaçassem a minha visão.

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