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BATMAN

O que o amor vira quando chega ao fim?
Pensava nessa frase toda vez que olhava pra mim e pra Luisa.

Uma patricinha e um favelado.
Clichê.

Não vou mentir, nunca cheguei a imaginar o nosso futuro juntos, até porque é muito cedo pra isso. Mas às vezes me pegava pensando se isso algum dia daria em algum lugar.

Do que ela seria capaz de fazer quando o amor virasse ódio.

Eu me conheço, sou um homem com alma de moleque. Sei que em algum momento posso vacilar. E sei, que a solidão que andou ao meu lado e foi a minha melhor amiga durante anos, pode tirar o pior de mim.

Quando ela me pediu para ir embora, percebi o quanto estava estranha.
Porra, eu lido com um monte de maluco a anos. Vai me dizer que não conseguiria notar quando a mina que dormi junto e conversei sobre tudo durante semanas, meses... Está mentindo pra mim?

Quando chegamos na casa, ela não disse nada, só subiu pro quarto. Quando entrei ela já estava tirando toda a maquiagem, entrou no banho e eu fui atrás sem intenção nenhuma. Depois ela só colocou um pijama e deitou. Em silêncio.

Batman: Pô, tu tá bem mesmo? - Perguntei já no escuro. Abraçando o seu corpo que estava de costas para mim.

Luisa: Uhum. - Essa foi sua resposta. Esperei que falasse mais alguma coisa, mas só ouvi o silêncio.

Fichei os olhos e tentei dormir também, mas a minha mente ainda estava a milhão. O meu ouvido ainda zumbia por conta da música alta que tocava na festa e no fundo do meu hálito, ainda dava para sentir um pouco do gosto da bebida forte.

Levantei depois de um tempo deitado e sai do quarto em silêncio, pegando aquilo que eu sabia que me acalmaria.

Desci pra área da piscina sentindo um leve friozinho e me sentei em uma das cadeiras de tomar sol que tinha ali. Acendi o beck que estava na minha mão e deixei o isqueiro ao meu lado, ficando em silêncio enquanto puxava e soltava.

Minha vida sempre foi agitada, sempre estive na correria, conhecendo e perdendo pessoas. Mas sabia que fazia parte do processo.

Mas quando a Luisa chegou, um medo constante me percorria. Medo de que ela acabasse sendo afetada, aos poucos em que fosse fazendo parte da minha vida. Mas com o tempo, esse medo foi me deixando depois de perceber que ela era forte, porém, só de pensar na sua família e na vida que ela levava antes da gente se trombar, esse medo volta.

Me dói ter que ver ela largando a faculdade e se afastando dos pais só porque os corre da minha vida, acabaram afetando a dela. Esse é um dos motivos pelo qual eu dificilmente deixo alguém de fora fazer parte da minha vida. Porque eu sei que no fim, eles podem perder tudo, não só bens materiais como também suas próprias vidas. E eu não quero que isso aconteça. 

Levantei o meu olhar quando vi ela chegar silenciosamente e se sentar na cadeira ao meu lado. 

Luisa: Lá no quarto ainda estava mais quente. - Falou baixo sem me olhar, passando as mãos pelos seus braços nus. 

Batman: Vem cá. - Chamei balançando a cabeça devagar, chegando mais para o lado para abrir espaço. 

Ela se arrastou até o meu lado, me encarou brevemente antes de se deitar de forma encolhida acomodando a cabeça em meu peito. Fiquei em silêncio passando as pontas dos dedos por seu braço, apenas sentindo o seu calor e o seu cheiro que batia levemente em meu nariz, ofuscado pelo cheiro da maconha. Não sabia mais o que falar ou o que perguntar para que ela se abrisse comigo. 

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