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Precisávamos trocar de quarto, e adivinhem com quem deveríamos falar? O professor chato, já ate esqueci o nome de tanto que o chamo assim.
— Lamento que não tenham recebido um dormitório adequado. — O professor diz pegando alguns papéis e os assinando.
— Tudo bem.
— Deslizes assim não acontecem na KISS. — Ele diz respondendo Kitty.
— Errar é humano, pode acontecer.
— É com esse pensamento que pode falhar em algum exame, Sr Emily. — Ele me responde e me seguro para não falar mais nada. — Entendo, que como alunas novas, deve ser assustador falar. Por isso, Min Ho gentilmente nos alertou do chocante acidente habitacional de vocês. — Ele diz nos entregando a ficha de papéis.
— Sim, ele é tão generoso. — Kitty diz tentando abrir um sorriso, coloco a mão na boca para não rir.
— Tudo bem, Sr Emily? — O professor pergunta e assinto repetidamente. — Vocês e a nova colega de quarto serão boas amigas. Podem ir.
— Obrigada. — Dizemos em uníssono e corremos para a fora da sala.
(...)
Estávamos no corredor dos dormitórios femininos, não eram muito diferentes dos masculinos, a única diferença é o silêncio, os meninos faziam escândalos às vezes.
— "É com esse pensamento que pode falhar em algum exame, Sr Emily." — Digo imitando a voz do professor. — Odeio aquele professor.
Andamos mais um pouco até o número indicado da ficha e vamos até a porta.
— É aqui. — Kitty diz verificando mais uma vez os números.
Entramos no local e não tinha ninguém na sala, avistamos uma porta e nos aproximamos.
— Vamos acabar com isso. — Digo abrindo a porta. — Olá colega de quar...
— Mas que...
Kitty e eu ficamos paralisadas na frente do quarto, parecia que um caminhão havia passado no local. Um caminhão não, um terremoto, tsunami, ataque zumbi, sei lá.
Caixas de comidas em cima das camas, lixo no chão, tudo escuro, uma verdadeira bagunça.
E quando olhamos mais ainda pro lado conseguimos ver duas telas funcionando, provavelmente a nossa colega de quarto estava jogando.
— Pode deixar a comida na cama. — A menina diz em coreano focada no jogo.
— Não entregamos comida. — Digo em inglês para Kitty que entende.
— Não somos entregadoras. Somos suas novas colegas de quarto.
— Quem disse? — A menina pergunta respondendo Kitty.
— O professor Lee.
— Esse é o nome. — Digo respondendo Kitty wue me olha confusa.
— Bom, vocês não estavam aqui no início das aulas, então não quero ouvir nada sobre "meu lado, seu lado".
— Tudo bem. Mas parece que tudo é seu lado agora. — digo respondendo a garota e olhando para o quarto de novo.
— Esquerda! Esquerda, esquerda! — Ela começa a gritar e olho em cima do monitor, havia uma câmera.
— Está gravando?
— Está funcionando. — A menina diz ignorando a minha pergunta, ótimo.
Nossas camas estavam inteiras cobertas de lixo.
— Preferia o quarto com os meninos. — Digo olhando para a zona que estava o local e Kitty assente.
(...)
Digamos que os dias no dormitório com a menina, que até agora não nos disse o nome, estavam horríveis.
Quem eu quero enganar? Está um inferno.
Ela passa de todos os limites possíveis de empatia, senso e higiene. As paredes estavam sujas de um material que não consegui decifrar, pedimos para ela limpar mas ela não sai do computador.
Ela não nos deixa dormir porque fica jogando 24 horas por dia, como ela ainda não foi reprovada?
Ela ainda grita, joga papeis em nossa direção, não aguento mais.
Com tudo isso não conseguíamos dormir, então o único lugar possível eram as salas de aula.
— Por favor, você tem que nos ajudar. — Kitty estava implorando mais uma vez pro professor que já havíamos falado, ele era muito melhor que o professor, qual o nome dele mesmo?
— Entendo que a situação de moradia seja um pouco difícil.
— Um pouco? — Pergunto pro professor.
— Prof. Finnerty, já viu uma torre de Jenga de caixas de pizza? — Kitty diz e o professor nega com a cabeça. — Já sentiu o cheiro dessas caixas de pizza?
— Na verdade...
— Você é um conselheiro. Não pode fazer nada? — Pergunto interrompendo o professor.
— Desculpe, Kitty e Emily, mas o dormitório feminino está cheio. — O professor responde e Kitty coloca a mão na testa.
— Não conseguimos dormir, não conseguimos estudar. Não consigo tirar a muçarela do carpete. E vou bombar em todas as matérias. — Digo com uma voz de choro.
— Tem sempre a biblioteca. — O professor diz e fechamos a cara. — Acho que vocês darão um jeito. Já sobreviveu a primeira semana.
O professor diz e o sinal toca.
— Estou aqui se precisarem de mim. E vamos olhar pelo lado bom. Essa situação de moradia poderia ser bem pior.
— Como? — Pergunto ao professor.
— Poderia ser gongorzola. — O professor responde saindo do corredor.
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