— Dubai. — Gerard sorriu informando o novo local onde seria a missão. — Será apenas um reconhecimento da área, nada além disso, claro que estarão armados e Sam os conduzirá. Mas não quero ter a porra do país nas minhas costas, entenderam?
O sim soou unânime e eu permaneci em silêncio.
Gerard foi da marinha, como eu, passou pelas forças armadas e agora comanda o meu batalhão de operações especiais. Onde reconhecemos possíveis ameaças e plantamos escutas em prédios que poderiam ser usados para uma reunião contra o nosso país.
Não era um trabalho fácil, no entanto, era o meu tipo de trabalho.
Afivelei o meu cinto com mais força enquanto Gerard repetia as mesmas coisas de sempre, era no mínimo cansativo, embora eu fosse a capitã, isso não me impedia de ter que ouvir a mesma ladainha de sempre. Era eu quem estava no fogo cruzado sempre e meu superior não fazia nada além de me passar as informações necessárias, levando o crédito por toda a porra de esforço que eu havia feito.
— O básico é entrar, plantar e sair.
Outro, sim, unânime.
Travei e destravei minha arma, na hora em que o país descobrisse a nossa missão. Toda a conversa de Gerard não passaria de palavras vãs. Meu pessoal sabia disso e eu não abria mão de ser sempre cem por cento sincera com eles, era só ouvir e concordar. Lá fora, eu quem tomava as rédeas da situação e lhes dava suporte para não morrermos como um bando de novatos.
O maior problema era que Gerard sabia dos meus métodos, fui do esquadrão dele antes de me tornar capitã do meu próprio pessoal. Isso fazia com que ele pesasse nas minhas costas e eu sempre me dava luxo de ignorar veementemente suas malditas ordens, nem sempre a missão saía como queríamos e precisávamos improvisar — o que acontecia com mais frequência do que realmente queríamos.
— Ouviu Samantha? — Eu escutara, porém, não ouvi como ele gostaria que eu realmente fizesse.
— Sim, senhor. — Murmurei esperando que toda aquela perda de tempo acabasse logo.
— Sairão daqui em dois dias, estejam reparados.
Meus homens saíram da sala e eu gostaria de ter tido a chance de fazer o mesmo, mas minha petulância deveria ter incomodado o meu superior novamente e, como acontecia com frequência na marinha, minha atenção seria chamada por causa do meu mau-humor e do desrespeito com o meu capitão.
Isso tudo não passava de uma hierarquia de merda.
— Samantha. — Ele sequer se importava em me chamar pelo sobrenome, como fazia com todos os outros capitães, muito provavelmente por eu ser a única mulher a comandar uma equipe e por ter a péssima ideia de ter saído com ele numa única vez.
Respirei fundo deixando o ar sair audivelmente, eu queria que ele ouvisse o pesar na minha respiração e que parasse de encher a porra do meu saco para variar a minha vida. Mas parecia ser extremamente difícil. Sendo mulher, uma ex amante de cama e linguaruda, como ele mesmo dizia.
Sentei a minha bunda novamente na cadeira, esperando que ele terminasse de dar a volta em sua mesa para se sentar na beirada, de frente para mim.
— Sabe que seu comportamento tira toda a minha autoridade com seu batalhão, não é? — Dei de ombros, deslizando a ponta do dedo sobre o cano da minha pistola. — É apenas o protocolo, não precisamos ter que fazer isso todas às vezes que preciso passar a vocês uma missão.
Soltei a arma para estralar os dedos, os mesmos que eu adoraria usar para socar a cara dele, só para tentar ter um pouco de paz antes de realmente sairmos do país.
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(DEGUSTAÇÃO) QUEIME - Não Se Apaixone Pelo Inimigo
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