Capítulo 3

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O alojamento era apenas uma casa localizada fora dos limites da cidade, distribuídos em dois quartos, uma sala com cozinha e, sim, apenas um banheiro. Era um infortúnio. Mas não era pior do que dividir essa mesma casa com quinze homens brincalhões e barulhentos, que se concentravam apenas no momento da missão e faziam da minha vida um inferno. No entanto, eu confiava a minha vida a eles.

Deveria ter passado da hora de dormir quando chegamos e isso acalmou um pouco os ânimos de cada um deles. Agora, deveria ser um pouco mais de sete horas e todos ainda dormiam como grandes sacos de pedras.

Não era para ser uma missão difícil, mas reconhecer a área, saber quais eram os bons horários, quando eu poderia entrar e sair sem ser detectada, isso sim era difícil.

Mordi o pedaço de pão que trouxemos de casa e observei a rua quebrada da janela, talvez eu fosse a única que não conseguia dormir antes de uma missão, ou apenas uma vigilante nata. Eu conseguia sentir toda a movimentação ao redor da casa e eu me colocava fixamente para vigiar o perímetro enquanto as donzelas dormiam, eu nunca gostei de deixar tudo para depois.

— É apenas um prédio comercial, entrar e sair como uma turista qualquer. — Suspirei, sempre achei as missões que precisavam de mim sem a farda mais difíceis.

— Vamos terminar antes que consigam ver que a cor dos seus olhos é castanho, Sam. — Expirei e mordi outra vez o pão.

Talvez sim, talvez não. O problema era que estar sem a farda e todo o meu equipamento me deixava vulnerável e eu odiava essa sensação, deixar toda a minha cobertura nas mãos deles era difícil.

Demorei anos para ter a porra do reconhecimento pela minha força e cansei de contar quantas vezes me ofereceram sexo a troco de cargos, claro que, mandei todos se foderem por causa disso e fui advertida diversas vezes por desacato.

Eu sorri e Zac apoiou o ombro ao meu lado para encarar a rua comigo.

— Vai ser como colar chiclete no cabelo de criança, não se preocupe. Estarei lá dentro com você. — Disse roubando meu pão

Eu ri e bati as mãos para me desfazer dos farelos.

— Você vai estragar a merda do meu disfarce, já falei para ficar de olho no perímetro.

Ele bufou abocanhando o pão de uma vez só enquanto eu tinha chego na metade dele, mordendo devagar. Zac piscou para mim como se aquilo fosse a coisa mais sexy do mundo, um cara tentando mastigar com a boca aberta.

— Vou vigiar o perímetro, Sam. Mas vou fazer isso de perto guardando sua arma preferida. — Eu soquei o ombro coberto pela camisa de mangas compridas em um tom esquisito de verde e sorri soltando o ar.

— Eu mesma mato você se me denunciar.

*

Lendon era o nosso cara tecnológico, então o mandamos para o terraço do prédio mais próximo enquanto eles se equipavam e eu vestia apenas um jeans levemente surrado. Assim ele teria tempo para verificar os alarmes e quais as melhores rotas de saída caso algo desse errado.

Essa missão seria assim e eu já estava odiando antes mesmo de começar, sem minha arma, sem minhas calças camufladas e confortáveis para que eu pudesse me locomover com mais agilidade.

Vesti uma camisa de botões larga para conseguir esconder a escuta e uma faca de plástico, que provavelmente não seria acusado caso tivesse detector de metais. O que sempre era útil em missões que não podíamos ser nada além de civis curiosos, já que não era fácil explicar porque um estrangeiro carregava uma arma num país que não é o seu.

— Já sabem o que fazer. — Eu disse colocando a minha escuta.

— Confiram. — Lendon resmungou do outro lado do fone.

(DEGUSTAÇÃO) QUEIME - Não Se Apaixone Pelo InimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora