Capítulo 6

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Acordei sozinha naquele cômodo, deitada sobre a cama dura de solteiro que tinha no canto. Então, percebi que ele me prendeu na cadeira apenas para me segurar enquanto quebrava meu tornozelo outra vez para pô-lo no lugar.

Gemi alto o suficiente para o som ecoar pelos quatro cantos do quarto quando tentei mover a perna; a dor pulsava dolorosamente por toda a parte enfaixada e me fazia querer arrancá-la. Havia também um acesso em minha veia e um líquido amarelo que pingava lentamente.

Não deveriam cuidar de um prisioneiro a ponto de repor os líquidos de seu corpo dessa forma; isso só me fazia entender que eu teria muito tempo com eles nesse lugar asqueroso.

Olhei em volta e nada ali podia me ajudar a escapar: uma cadeira e uma cama, além das correntes que estavam penduradas nas minhas mãos. Eu respirei fundo, tentando conter o ódio. Malditos.

— Filhos da puta! — Gritei, me arrumando sentada na cama, tentando não desmaiar novamente por causa da dor. — Amarrem a cadela de suas mães!

Não ouvi retorno algum, nenhum som ou barulho de passos.

— Malditos! — Berrei, passando as mãos sobre o meu tronco, e não encontrei a faca; agora, era apenas uma elevação por baixo da minha regata devido a um curativo. — Desgraçados! Vocês passaram as suas mãos podres em mim!?

O ódio e um certo nervosismo me dominaram. Sem a faca, ficaria ainda mais difícil conseguir sair. O que eu faria com apenas bandagens de um corte superficial?

Me levantei com dificuldade da cama e arranquei o acesso que tinha em meu braço. Se era isso o que eles queriam, então teriam que lutar para me manter viva. Manquei até a cadeira e a arrastei para a ponta da escada que dava acesso à saída daquele lugar.

— Desçam aqui! Seja lá quem vocês são, desçam e me enfrentem, desgraçados! — Me posicionei na frente da escada, esperando qualquer movimento mínimo para jogar a cadeira contra o primeiro que aparecesse.

A porta destrancou e eu apertei as mãos nas laterais da cadeira. A madeira não parecia ser forte o suficiente, mas seria útil para quebrar na cabeça de um deles sem muito esforço. Ela rangeu, e eu a lancei na direção da montanha que estava no topo da escada; ele cambaleou para trás, e eu sorri, sentindo o ódio aumentar em mim.

Ele não fez nenhum barulho quando a cadeira despedaçou em seu peito e muito menos fez algo quando um dos pedaços dela caiu sobre o chão. Eu lutaria com ele, mesmo que eu precisasse ir para o inferno junto; o arrastaria comigo sem dó.

Alguns segundos se passaram, e ele permaneceu parado no topo como se nada tivesse acontecido, como se os restos de madeira não estivessem espalhados pelo chão ao redor de suas botas pretas.

Mas então ele estalou a língua várias vezes, negando, balançando a cabeça lentamente, finalmente descendo os degraus. Dei um passo para trás e me preparei para passar as correntes presas nos meus pulsos ao redor do pescoço dele.

— Achei que fosse esperta, coelhinha. — Ele continuou descendo e fazendo barulho irritante quando suas botas batiam contra a madeira da escada.

— Não devia me subestimar. — Suspirei, endireitando o meu corpo e retornando meus passos enquanto ele avançava devagar.

— Eu deveria te deixar acorrentada pelo pescoço como um animalzinho, assim como está se comportando agora. Mas você teve a maldita sorte do meu colega não conseguir fazer mal a uma mulher, como eu faria. Mas veja só, ele não está aqui agora.

— Uau, o ego maior que um elefante é para compensar algo no seu corpo? — Provoquei, analisando a melhor forma de usar aquela corrente contra ele. — Ou é apenas para esconder o garotinho abandonado pela mamãezinha?

(DEGUSTAÇÃO) QUEIME - Não Se Apaixone Pelo InimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora