Capítulo 7

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Acordei com uma terrível dor de cabeça e uma tontura sem igual; era como se o mundo girasse ao meu redor, e meus olhos não conseguiam acompanhar. Era doloroso e intenso; meu lábio cortado latejava, e claro, todo o meu corpo também, principalmente onde estava ferido.

Não tentei levantar, pois não consegui mexer nada além dos meus ombros e dos meus dedos. Abrir os olhos foi ainda pior; a dor latejante me consumia por inteira. Talvez estivesse sangrando e sequer consegui notar por causa da tontura.

— Bom dia, princesa. — Eu apertei os olhos com força, esperando que fosse apenas uma voz irritante e insistente da minha cabeça. — Finalmente acordou; não foi fácil te manter sã e salva. Dessa vez, eu merecia um agradecimento.

— Vá se foder, maldito. — Murmurei; minha garganta não conseguia fazer nada além disso.

Ele riu baixo, e eu forcei meus olhos a abrirem; nada tinha mudado, e eu permanecia presa a esses dois idiotas. Mas agora, parecia que eu tinha um guarda-costas. Ele estava sentado em uma nova cadeira, que provavelmente trouxe do andar de cima, e limpava a sua arma com as peças espalhadas por sua coxa.

Uma arma era tudo o que eu precisava, e depois me viraria para conseguir me soltar dessas malditas correntes.

Tentei me levantar, mas meus cotovelos estavam presos às minhas costas. Ergui a cabeça para olhar feio para aquele filho da puta, e ele simplesmente deu de ombros.

— Se não tivesse se comportado como uma louca, ainda teria a liberdade que eu tinha conseguido para você. Sabe o quanto é difícil debater com aquele cara? — Ele tremeu os ombros enquanto ria. — Mas tenho que admitir, você fez jus ao que foi nos passado. Mais alguns minutos, e você teria tirado a vida do meu companheiro que nem mesmo a guerra teve forças suficientes para tirar.

— Me solte. — Disse entre dentes; tudo o que queria era dar o fora dali e, se possível, arrancar a cabeça de cada um deles lentamente.

— Não seja tão apressada, princesa. Não estamos cuidando bem de você? — Ele remontou a arma e a travou, colocando novamente presa à cintura. — Gostaria que lambêssemos seus pés como seus cachorrinhos faziam?

— Você gostaria de calar a boca? Está saindo tanta merda dela que esse maldito quarto está começando a feder.

Ele voltou a rir e apoiou os braços nas coxas para olhar diretamente para mim; eu deitei a cabeça na cama e sorri com o canto dos lábios. Não sabiam ainda com quem estavam lidando.

— Bem que eu gostaria de fazer isso, mas você fez questão de irritar meu companheiro, e não foi nada delicado de sua parte; acredite, é difícil irritá-lo. — Eu bufei, virando o rosto para a parede; a conversa estava começando a me dar nos nervos. — Mas você conseguiu, e se eu não tivesse ficado entre você e ele, garanto a você que não estaria acordada a essa hora, e teriam nos matado por ter fodido a nossa missão.

— Que pena para vocês; me lembre de não parar até que atirem na porra da minha cabeça da próxima vez.

— Não acaba aí, capitã. Tive que fazer um acordo com ele para que a porra da nossa vida não estivesse na reta, e depois dessa nossa conversa calorosa, fiquei completamente animado em cumprir meu acordo com ele por puro prazer.

Eu virei o rosto novamente para ele; os olhos coloridos me encaravam de volta com uma calmaria absurda, e isso fez um frio percorrer a minha espinha.

— De que merda está falando? — Ele não se moveu, mas pude ver os olhos dele fecharem suavemente por culpa de um sorriso escondido pela máscara.

— De punir sua atitude suicida. — Os olhos bicolores permaneceram em mim enquanto ele retirava as luvas, puxando as pontas dos dedos, uma por uma. — Foi um acordo, e costumo cumpri-los.

(DEGUSTAÇÃO) QUEIME - Não Se Apaixone Pelo InimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora