Capítulo 8

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Eu não conseguia pensar, meus olhos fixaram no único lugar que eu pude alcançar; os cadarços pretos das botas de combate dele.
Não era apenas a merda da minha bunda a mostra para um maldito assassino desgraçado, era a minha dignidade exposta, era tudo o que eu tinha antes de estar presa como um animal.

Mas não passou de apenas um tapa, forte o suficiente para meus olhos arderem e um grito doloroso explodir na minha garganta, isso era demais até mesmo para mim. Tudo pareceu parar depois disso, a mão grande e firme colada a minha pele quente e agora ardida por causa da força que ele usou.

Eu fiquei presa olhando os cadarços pretos e ele não se moveu depois de desferir a mão na pele da minha bunda, a manteve ali sem mover um centímetro que fosse.

Inferno — Ele murmurou baixinho em árabe e minha pele arrepiou.

Eu não sabia lidar com esse tipo de coisa, na verdade, eu preferia ter uma arma apontada para a minha cabeça do que me sentir tão vulnerável assim.

— Desgraçado... — Solucei com ódio de mim mesma por não conseguir manter a força na voz.

Ele finalmente se moveu, no entanto, sua mão deslizou gentilmente por cima da pele alta. Precisei apertar os olhos esperando o próximo movimento, o próximo tapa.

Mas ele não veio.

Não veio nada além dos dedos firmes tocando a minha bunda sem a proteção da minha calça, e por todos os infernos eu não sabia o que fazer. A dor era o menor dos meus problemas e nada justificava a minha falta de argumentos nesse momento, nada segurava a minha voz para amaldiçoá-lo até a vigésima geração.

Mas eu não disse nada e nem ele, ficamos em silêncio ouvindo a merda da respiração pesada um do outro enquanto eu sentia os dedos dele traçarem as marcas recém deixadas na minha pele.

Inferno de mulher, essa merda não está certa. — Ele voltou a murmurar agora mais proximo ao meu ouvido e eu odiei o maldito arrepio que percorreu a minha pele lentamente. — Eu deveria odiá-la maldita, mas...

Ele suspirou e me fez erguer o rosto com a mão que ainda segurava em meus cabelos, eu ofeguei sendo forçada a olhar para aquela dupla de cores nos olhos dele.

Havia algo de tão errado nisso, algo que não era para acontecer, eu conseguia sentir isso e não era apenas comigo. Ele me analisou ainda segurando minha bunda como se soltá-la fosse algo difícil demais para ser feito e eu não consegui dizer nada, não até ele puxar uma quantidade enorme de ar fazendo o peito subir e descer com peso e bater novamente em mim.

Dessa vez eu cerrei os dentes ainda sem conseguir deixar de olhar na maldita profundidade dos olhos dele, um verde tão claro que quase beirava a água e um castanho que parecia derreter num puro mel quase escondidos por uma imensidão preta, as cores tinham sido quase apagadas pela força e tamanho das pupilas dilatadas.

Geme para mim outra vez... — Meu peito estufou quando ele sussurrou outra vez e apertou a carne dolorida da minha bunda.

Eu já não tinha mais nada na mente a não ser a porra daquela sensação, o maldito peso da mão dele sobre a minha pele e isso estava sendo o suficiente para me fazer perder o poder que eu mais presava, o da fala.

Talvez tenhamos ficado mais tempo do que deveríamos estar, presos naquele limbo, um lugar que eu não sabia realmente se queria entender, conhecer ou sequer voltar a vê-lo. Era indescritível e me fez perder todas as minhas armas contra ele, parecia um inferno feito para mim onde eu não tinha nada mais do que um dia eu lutei para ter.

Assim me faz pensar em tantas indecências, princesa... — Isso fez meu corpo responder e eu não estava gostando disso, muito menos onde iria dar.

(DEGUSTAÇÃO) QUEIME - Não Se Apaixone Pelo InimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora