3 • Quando o caos chega

57 9 6
                                    

#PoeiraEstelar

🌟🌟🌟

Dinastia Min, Reino do Sul

1 lua até o Ano da Colheita

O palácio estava estranho e ninguém podia discordar disso, mas o que mais chamava a atenção de Jeongguk era o silêncio absoluto que havia se instaurado no íntimo das paredes do lugar. Não haviam fofocas ou servos sussurrando pelos cantos. Não. Apenas o silêncio que vez ou outra era cortado por passos nos corredores ou coisa semelhante.

Ninguém sequer falava sobre o dia tão esperado onde se daria início ao Ano da Colheita, e havia razão para isto, a notícia da queda das províncias de Marav e Awida correu rápido como o vento. Havia sido um choque para os nobres, servos e súditos. Min Cheong continuava em silêncio sem ao menos dizer aos soldados o que fazer; o general Seo Joon fora o único chamado à presença do Soberano nos últimos dias e a ordem que recebeu era clara: Ninguém entrava ou saía do Reino, todos os oficiais devem estar a postos para uma possível convocação de guerra e a segurança dos príncipes e da princesa eram prioridade, sobretudo de Min Yoongi que é o príncipe herdeiro. E era exatamente por isso que Jeongguk estava na sala particular de seu general naquele momento.

- Entendeu, Jeon?

Jeongguk não se lembrava de já ter visto Seo Joon tão sério quanto naquele momento. Ele costumava ser mais duro com os outros soldados mas não com Jeongguk, a quem este tratava como o filho que nunca tivera, e o sentimento do jovem guerreiro era recíproco para quem tanto lhe ajudou durante a vida. Se Jeongguk tinha a posição que tinha hoje era graças a todo o treinamento que o general havia lhe dado no decorrer de sua vida.

- O príncipe sabe disso? - perguntou com as sobrancelhas franzidas, não conseguia imaginar onde e quando Yoongi iria aceitar seguir aquele plano, mas Jeon sabia que era por isso que Seo Joon estava confiando á ele a tarefa de estar ao lado do príncipe caso aquilo fosse realmente necessário. Ele era o melhor amigo de Yoongi.

- Você sabe que não.

Jeon crispou os lábios e depois empurrou a língua contra a bochecha num gesto claro de impaciência e desconforto.

- É importante que você entenda a gravidade dessa situação Jeongguk, filho, - dessa vez o mais novo percebeu leve embargo na voz de Seo Joon o que imediatamente atraiu sua atenção para o rosto mais velho do homem, ainda que este nem ao menos aparentasse ter a idade que tinha -, há alguém nos espionando e contando tudo o que nós planejamos antes para o Norte. É por isso que nossa Majestade não convocou nenhuma reunião novamente. Não estamos seguros. A ideia de uma invasão ao Sul deixou de ser uma possibilidade e passou a ser uma realidade, filho, rogo aos deuses todas as noites para que haja outro jeito mas se não houver, faça o que lhe pedi. A segurança das Altezas é importante, mas a sua também é.

Jeongguk sentiu a garganta fechar no exato momento em que ele abraçou com força o seu comandante e pai. Seo Joon o apertou contra si e acariciou levemente os seus cabelos longos e negros que estavam semi-presos.

- Aqui, quero que fique com isso - Seo joon disse após partirem o contato e estendeu a sua própria espada dentro da bainha para que Jeon segurasse.

O jovem adquiriu uma postura mais ereta. Já perdeu as contas de quantas vezes havia visto Seo Joon lutar bravamente com a arma, havia visto ele derrotar inimigos e vencer batalhas, receber algo assim era motivo de honra para Jeongguk. Ele estendeu a mão tocando a bainha que era forjada em metal, o punho da espada era firme e possuía couro ao redor, os dedos de Jeon se fecharam ao redor do cabo confortavelmente e ele puxou a lâmina para fora. Era lindíssima, prateada e com uma linha fina de ouro de um lado, do outro era repleta de gravuras numa língua antiga que Jeongguk não conhecia. Ele observou a espada compenetrado, era tão lisa e limpa que Jeon conseguia ver seu reflexo nela.

Depois das estrelas • myg + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora