Depois das estrelas • myg + pjm

5 • Quando não há esperança

Reino do Sul
7 dias após a tomada da Capital

Park Jimin havia aprendido desde muito cedo a sobreviver.

Suas memórias de infância eram ligadas à pobreza que assolava o Reino do Norte há muitas luas ou à forma como sua mãe tinha de repartir um único pão duro e envelhecido entre ele e seu irmão para no final lhes oferecer um sorriso caloroso e gentil apesar das marcas profundas que a vida lhe presenteava desde aquela época.
O seu pai era um velho pintor que estava acamado por mais tempo do que Jimin se lembrava, e sempre que o garoto tinha chances adorava fazer companhia ao homem, ouvir suas histórias dos tempos em que ele fora escolhido dentre tantos para pintar os retratos reais, ouvir sobre suas técnicas em arte e também aproveitar do carinho paternal que durou pouco tempo.

O pequeno Jimin viu cedo que a vida não era boa, e que se ele quisesse ser algo ou alguém deveria ser inteligente. Inteligente para sobreviver.

Antes de seu pai morrer pela peste, com o pouco de forças que lhe restava, pediu para que um mensageiro chamasse por Kim Joon-Ho, o general do Norte que era um velho amigo. O patriarca dos Park sabia que seus dias estavam contados e lamentava-se muito por ter que deixar sua mulher e filhos em condições tão precárias, ainda que toda e maior parte do reino estivesse da mesma forma que eles; por isso cobrou um antigo favor que lhe era devido, pediu para Joon-Ho que cuidasse da sua família, ou ao menos ajudasse para que eles não passassem fome.

Quando o luto veio sobre a família Park, Kim Joon-Ho cumpriu com a promessa que fizeram no leito do amigo, nao deixou que Jimin e nem sua mãe e irmão passassem necessidades. Ele supriu tudo, desde roupas às refeições; Jimin não se lembrava de já ter visto tanta comida em sua frente como naqueles tempos, e antes de se acostumar com essa realidade melhorada ele sempre ia dormir com a barriga estufada temendo que no dia seguinte não houvesse nada para que ele comesse. Os anos se passaram, Kim Joon-Ho se tornava uma segunda figura paterna para o garoto que ao atingir certa idade decidiu aceitar o seu conselho e seguir para o palácio afim de iniciar seu treinamento para tornar-se um soldado.

Aos 14 anos, Jimin abandonou os sonhos infantis e se deixou ir para a vida que traria melhor conforto para ele e sua família. Algumas vezes era sobre dar e abrir mão para ter, e sem pensar ele o fez. O palácio do Norte era imponente e frio, assustador ele diria, mas foi ali que sua vida mudou.

Aos 16 anos, o jovem rapaz se destacava como um bom guerreiro. Jimin era bom com arco e flecha, lanças, e principalmente com espadas. Ele era rápido, seus movimentos firmes e limpos, e quem o assistia treinar costumava dizer que o rapaz possuía uma espécie de dança pessoal mediante tamanha leveza que ele tinha ao manusear a espada.

Aos 18 anos, Jimin chamava a atenção. Homens e mulheres se viam encantados pelo guerreiro de beleza única e hábil em batalha. Aos poucos Park percebia como era fácil usar seus atributos em favor de si mesmo; ganhava presentes e benefícios, ouro e riquezas, mas no final da noite não era de ninguém. Sua seletividade aumentou e ele passou a aceitar a companhia apenas daqueles que podiam lhe dar do melhor, Jimin era inacessível para muitos, como um sonho distante que nunca poderia ser realizado, era irresistível e ninguém era poupado, nem mesmo o Príncipe do Norte.

- Sonhando acordado outra vez, Jimin? - a voz grave de Kim Namjoon cortou o silêncio que havia se instalado durante a pausa que Jimin havia feito depois de uma longa sessão de treinamento.

O soldado olhou por cima do ombro encontrando o seu general com as mãos atrás do corpo e esperando por sua resposta. Namjoon foi o filho único de Kim Joon-Ho, e assim como o pai, o filho também conquistou a posição mais alta do Exército Vermelho.