two - ( pássaros nunca tiveram uma liberdade verdadeira. Estão sempre presos ao quatro ventos, varrendo suas penas contra o ar gélido e lutando para continuar à voar )
NÚMEROS Romanos decoravam as portas duplas da mansão Nivellen. Geralt tinha certeza que o seu velho amigo lhe ajudaria, por pelo menos uma noite, eles precisavam descansar e o bruxo sabia que Cirilla também estava sonolenta, mas não queria incomodá-lo com suas perguntas e reclamações.
Quando ele a viu deitar sua cabeça delicadamente sobe o lombo de Plotka, sorriu torto e suspirou pesadamente, rolando os olhos amarelos para o lado. Reparou que o piar das corujas estavam mais altos do que da última vez que ele esteve lá, em uma visita para oferecer companhia ao filho primôgenito de Grayson Grindewald.
A casa estava silenciosa. Isso só acontecia em momentos de surpresa, aparições ou suas entradas triunfais como ex-mago da corte de Teméria. Geralt vibrou rapidamente com o cheiro despretencioso que não passou despercebido por suas narinas. Plotka relinchou assustada ao mesmo tempo em que um homem com cabeça de Javali correu na direção do mutante, derrubando-o no chão cheio de neve.
── Geralt...── Cirilla o chamou. Aparentemente espantada com a aparência do homem, mais, não assustada com o que acabará de ver ── Quem é ele?
Geralt murmurou um barulho inquieto com a boca, apontando uma adaga para com o peito enorme e peludo do homem animal. Sua respiração afagada fez com que o mesmo olhasse para o rosto pálido do bruxo, reconhecendo o seu melhor amigo. A misera surpresa fez com que ele desse um sorriso reservado, deixando suas presas mais evidentes.
── Geralt. Sou eu, querido amigo. ── o bruxo ergueu os olhos para a criatura que agora estava abaixo de seu corpo estreito e sem fazer movimentos bruscos.
O bruxo levantou uma de suas sombrancelhas em uma confusão de recordações para quem estava agora rendido sobe uma faca apontada para o coração. Ele tornou a contornar a situação quando deixou a criatura respirar aliviada ao saber que não seria aquele, o seu dia de morte.
── Nivellen, ── ajudou-o a levantar, reparando com os seus olhos animalescos mais uma vez, o lugar que já foi extremamente iluminado pela luz do sol nascente ── O que foi que aconteceu?
Nivellen apontou para a garota de cabelos translúcidos e olhos élficos esverdeados, claramente acompanhada de Geralt, suas palpebras estavam nitidamente pesadas e ela parecia querer uma cama para descansar confortavelmente. Era isso o que sua expressão facil lhe dizia.
── Quando foi que teve uma filha? ── o homem se surpreendeu com a aparência e certos traços que compadeciam com a aparência de Geralt.
── Quando reinvidiquei a lei da surpresa e acatei a missão de protegê-la com a minha vida. ── seus músculos se estenderam no tecido da roupa, deliberadamente tensos.
Cirilla permanecia com as orbes tranquilas e sua face angelical suave, após ouvir do seu fiél protetor que era como uma verdadeira filha. O sentimento era recíproco, mas, ela estava com medo de confiar no seu próprio coração e no que sua mente poderia fazer se quisesse enganá-la quando ficasse levemente sensível.
Devia se auto-proteger e não ser um peso morto para o resto das pessoas do mundo que ainda tinham um pingo de compaixão, porém, ele nunca correu ou sequer pensou na hipótese de fugir e deixar a responsabilidade de cuidar dela para trás como uma prioridade não requisitada. Para Geralt, fazê-la ficar em segurança e matar quem tivesse que matar, era uma obrigação. Desde que Ciri estivesse realmente bem, ele não se importaria muito de sujar as mãos.
── Deixem-me ajudá-los. ── ofereceu.
O bruxo, sem mais, não negou a oferta generosa do amigo mago. Se desfez da ideia de ir embora e voltar para o caminho de onde deveriam continuar até chegarem em Kaer Morhen. Ciri estava cansada e não aguentaria ficar acordada para uma próxima viagem, então, ele relaxou a mente instável e preocupada com os futuros obstáculos que teriam de enfrentar juntos, para deixar assim a garota o menos aflita possível.
Nivellen capturou a mensagem clara de levá-la para dentro e apresentá-la os seus aposentos onde poderia devidamente acomodar-se sobe os tecidos finos, lençois macios e colchão quente. Geralt ficou para trás, do lado de fora da casa, preparando o estabelecimento de Plotka dentro do celeiro emancipado.
Uma atmosfera mórbida se instalou, o vento soprano leve se tornou descontrolado e violento, a penumbra escura da noite se escondia nos cantos mais sombrios da mansão. O silêncio era plausível e assustador, dando a entender de que havia alguma coisa com a qual ele deveria temer e detê-la antes que algo ruim pudesse acontecer.
Ele não contava com o fato de que havia uma mulher de cabelos brancos e olhos arroxeados lhe observando, debaixo de uma nuvem cinza do céu azul noturno, estava quieta e escondida, Stella Lunara. Pronta para salvar Cirilla e ajudar os próximos que estavam em seu alcance.
Enquanto o bruxo dava as costas para o inevitável, a rainha de Valência descia da imensidão devastada de estrelas e uma lua cheia, montada em um dragão de fogo com pele resistente e escamas de escudo sobe a luz plena do alvorecer da noite. Ela pousou em calmaria no telhado do teto da casa como uma andarilha buscando um destino não traçado ainda.
Dentro da casa não se ouvia nada além de respirações transpassadas e bocejos da parte da pequena princesa, sonolenta, Nivellen ofereceu uma banheira cheia de água e prenchida de espumas cheirosas para a garota que sorriu satisfeita, após terminar de comer. Geralt estava desconfiado de algo, com um pressentimento emprensado em seu peito de que alguma coisa iria prestar-se a ameaçá-los, insatisfeito com a falta de respostas do seu amigo mágico.
Eles sairam do cômodo, dando espaço para Cirilla tomar o seu banho tão esperado por dias, mas a tranquilidade de Nivellen durou pouco quando o bruxo, com o seu cinismo descarado e sorriso sedutor, puxou assunto sobre a família do homem que era seu fiél seguidor. Ofertou um jogo para diverti-los na intenção de fazê-lo se abrir deliberadamente. As adagas estavam enfeitiçadas e o mago queria ganhar a aposta a todo custo, mesmo que tivesse de trapacear.
── Você está pronto para finalmente perder pra mim? Pela primeira vez! ── ele gargalhou.
── Nivellen, ── chamou sua atenção ── Você é péssimo quando se trata de contar mentiras, ── retirou uma adaga de dentro da bota e finalmente acertou no ponto crucial da pintura: a cabeça do pai dele ── Me diga a verdade, agora.
O mesmo respirou assustado, afagando a pele com as mãos. A quentura do ar parecia ter subido mas do que de costume. As mentiras rotinavam a fazer isso, amendrotavam as culpadas, assolavam as submetidas. Cirilla apareceu diante do momento, trajando um vestido branco com desenhos transparentes em dourado e um pingente no decote formal tampouco chamativo.
── Muito obrigado pelo vestido. Me serviu corretamente. ── agradeceu-lhe por suposto.
── De nada. Se me dão licença, irei dormir, deixe-me acompanhá-la até seu quarto princesa. ── ela permitiu-lhe dando caminho para passar no corredor enorme e repleto de quadros.
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𝐓𝐇𝐄 𝐌𝐎𝐓𝐇𝐄𝐑 ᵍᵉʳᵃˡᵗ ᵈᵉ ʳᶦᵛᶦᵃ
Historical Fiction𝖠 𝖬𝖠̃𝖤 ᵗʰᵉ ʷᶦᵗᶜʰᵉʳ 𝒇𝒂𝒏𝒇𝒊𝒄𝒕𝒊𝒐𝒏! 𝗹𝗶𝘃𝗿𝗼 𝘂𝗺 𝖽𝖺 𝗌𝖺𝗀𝖺 𝘨𝘰𝘭𝘥𝘦𝘯 𝘢𝘨𝘦. ────── Mais fortes e invencíveis do que qualquer outra coisa. Elas fazem de tudo para proteger os seus filhos, inclusive colocar o mundo em chamas. CIRI...