21 de Abril de 1994, Feriado.
Perdão pelo sumiço, a rotina anda muito complicada, mas eu voltei e voltei com notícias maravilhosas!
Acho que você deve se recordar que eu havia conseguido um emprego de recepcionista, que vi duas muçulmanas no centro e que estava aflita pelos meus filhos, certo?
(Pareço uma criança de tanta empolgação que eu estou sentindo)
Pois então, Deus ouviu meu clamor e atendeu um dos meus sonhos, por isso vim aqui ansiosamente compartilhar essa experiência com você.
Ontem no apartamento em frente ao meu estava vindo uma família de mudança, eu não liguei muito para isso, afinal? Tenho que cuidar da minha vida ao invés de cuidar da vida dos outros.
Sendo sincera, a única coisa que me irritava em relação à essa mudança, era o barulho alto durante a noite, aliás por que iriam contratar mudança de carreto às 5 da manhã? E que pessoal de carreto iria fazer isso pela manhã?
Só consegui voltar à dormir as 6:30, achei curioso as crianças não terem acordado.
Voltando ao ocorrido, era 13h00, eu estava na cozinha preparando o arroz e meus filhos estavam brincando na sala, quando de repente uma vizinha (já falei dela, não?) que é muito amiga minha, me chamou afobada e entrou pela cozinha de supetão.
Tomei um susto e ralhei com ela.
-Você ficou doida, é?! Isso lá é jeito de entrar na casa dos outros, Martha?!
Ela me ignorou e começou a falar:
-Mulher nem te conto! Tem um monte de árabe subindo pra cá!!! Tem pelo menos uns 6!
Larguei a colher de pau dentro da panela e perguntei:
-Como assim?
-Ai eu não sei explicar! Tinha duas mulheres jovens bem bonitas que usavam aqueles véus coloridos e aqueles vestidos pretos que a gente vê na tv! Tem também um barbudo gordinho, um árabe mais magrelinho, devia ter a mesma idade das duas meninas e tem uma senhora bem gordinha que usa um véu mais curto e fala alto pra caramba!
Ok, achei a descrição bem engraçada, mas fiquei espantada e sem reação uma fixa no momento, a todo custo meus pensamentos se debatiam entre:
"Será que são as mesmas meninas daquele dia?"
"Não é possível, do jeito que a Marta é, deve ter visto errado."
Marta já estava se preparando para contar mais coisas sobre o assunto, porém ela e eu ouvimos barulho de pessoas conversando e subindo as escadas.
A conversa era tão alta que achei que estavam usando mega-fones.
Eu,num impulso maior, fiquei do lado de fora da porta do meu apartamento. Não sei o que deu em mim mas a curiosidade falou mais alto.
Nunca fui de fuçar a vida dos outros mas uma força maior me fez sair, meu coração disparou e meu queixo caiu.
Eram realmente as duas meninas que encontrei na rua outro dia e para uma surpresa maior ainda, as duas me reconheceram e disseram: "Bom dia!"
Meu cérebro entrou em parafuso e fiquei surpresa.
A senhora que Marta havia me dito anteriormente, estava me olhando e soltou um sorriso discreto e acenou para mim. Os homens que ela havia mencionado só me acenaram com a cabeça e tinham um sorriso quase inexistente.
Quando eles passaram vi uma bandeira em umas das caixas que ficaram do lado de fora, olhei surpresa, era uma bandeira do Irã. Eles não eram árabes, mas sim persas.
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O diário de Debórah, da dor ao islam.
Ficción GeneralA história irá relatar o cotidiano de Debórah, uma mãe solo de 3 filhos em uma São Paulo dos anos 90. Após 7 anos vivendo em um relacionamento abusivo, ela decide recomeçar ao lado de seus 3 filhos pequenos , Theo, Breno e Miriam. No meio de sua jo...