15 de Maio de 1994.
Perdão pelo sumiço, as coisas começaram a sair dos eixos desde a última vez que escrevi aqui.
Não sei se contei à você, mas precisei ir na escola do meu filho Theo.
Quando fui chamada eu estava saindo do trabalho e não havia entendido a situação, pelo menos não de cara. Só então lembrei que a Dunya havia comentado comigo que não gostava de uma das professoras do meu filho e eu não havia entendido o porquê.
Vou ser bem direta ao assunto, essa professora que a Dunya não gosta, beliscou meu filho .
Se quiser pensar que esse é um método educacional efetivo, fique à vontade, mas para mim isso é covardia! Ah sabe como descobri esse beliscão? Theo reclamava de dor quando eu encostava ou tinha um mínimo toque que fosse.
Outras duas professoras haviam comentado que viram a bonitona fazendo isso com outras crianças e que meu filho não era o primeiro a sofrer com isso.
Espera, mas se não fui a primeira, por que mesmo com outras reclamações essa mulher continuava dando aula lá?
Assim que cheguei lá entrei na diretoria e a diretora pediu para que cada uma de nós contasse sua versão sobre o ocorrido, eu relatei que meu filho reclamava das dores no braço constatemente e que ele e nem os amiguinhos queriam ir à escola devido aos beliscões que recebiam.
Quando a diretora pediu para essa professora justificar o porquê disso, ela só respondeu:
-Faço para educar.
Não sou de ferro e retruquei:
-Educar?! Educar?! Que educação é essa? Eu que sou a mãe dele não educo ele dessa forma, quem você pensa que é para ficar dando esse tipo de educação para o meu filho?
-Eu o belisquei porque ele não parava quieto em sala de aula. Ele se mexia o tempo todo em sala.
-Que?! Que raios de motivos são esses ? Se ele estava bagunçando por que não o levou para a diretoria?!
-Porquê não havia sentido .
-Como é que é?!
-Isso mesmo o que a senhora ouviu. Seu filho atrapalha a aula diversas vezes devido ao barulho dele se mexendo ou da voz dele ou do barulho daquele trambolho no qual ele está sentado.
Eu senti meu sangue ferver na hora, eu roguei a Deus para que me desse virtude e paciência para não amassar aquela mulher no soco.
Sei que posso estar sendo parcial mas meu filho Theo já foi considerado o melhor aluno da sala e a forma como ela falou com a gente deu para sentir um certo preconceito vindo da parte dela.
Argumentei o seguinte ponto:
-Meu filho tem paralisia cerebral é comum que ele seja um pouco mais agitado que as outras crianças, e isso não é motivo para meter o beliscão no braço dele, a mãe dele sou eu, quem adverte ele de forma pessoal sou eu e as professoras advertem no modo geral.
-A senhora não está em sala para ver como ele age.
-Como ele age?!
-Ele ri, ele se mexe e o barulho que faz atrapalha os outros alunos!
-E tem provas que ele atrapalha? Ele é uma criança, fora que não sou a primeira mãe que reclama de você! Antes de entrar aqui, eu conversei com as mães da sala dele e os filhos delas nem reclamam e ainda brincam juntos!
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O diário de Debórah, da dor ao islam.
Ficción GeneralA história irá relatar o cotidiano de Debórah, uma mãe solo de 3 filhos em uma São Paulo dos anos 90. Após 7 anos vivendo em um relacionamento abusivo, ela decide recomeçar ao lado de seus 3 filhos pequenos , Theo, Breno e Miriam. No meio de sua jo...