CAPÍTULO 25

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Niyati abriu os olhos, Forest a encarava, ela sorriu, ele desviou os olhos.
"Como se sente?" Ele perguntou segurando o pulso dela.
"Bem, eu estou muito bem. Podemos ir para casa?" Ela perguntou, ele a ajudou a se levantar. Niyati foi até o banheiro, o usou e quando saiu, Forest a pegou no colo e andou com ela até seu novo apartamento. Ele a colocou no sofá e foi para a cozinha.
Niyati suspirou com o cheiro de carne sendo assada, Forest colocou a comida na mesinha de café e eles começaram a comer. Estava bem gostoso.
Depois de comerem, Forest aconselhou a Niyati a se deitar de novo, mas ela já estava cansada de ficar na cama, então se sentou no colo dele e o beijou.
Não foi como das outras vezes, ele não a beijou com sentimento e Niyati sentiu medo. Ela já tinha perdido suas queridas filhas, não podia perder Forest.
Ele desceu os lábios por seu pescoço, mas Niyati afastou o rosto dele e sorriu.
"Que tal conversarmos?" Ele ergueu as sobrancelhas loiras, mas a ajeitou em seu colo, seu membro estava duro e Niyati quis tocá-lo, mas ela tinha de conversar com ele, o sexo podia esperar, por melhor que fosse.
Ele a encarou, Niyati o sentia distante, ela lhe alisou o rosto, ele sorriu com os lábios fechados.
O telefone dele tocou, Niyati teve de sair do colo dele, Forest foi até a varanda para atender. Niyati o ouviu dizer 'ok', 'obrigado' e desligar.
"Tudo bem?" Ela perguntou, ele assentiu.
"Sim. Eu tinha mandado uma mensagem para Candid."
Niyati continuou o encarando, ele voltou a se sentar no sofá.
"Quer conversar? Vamos conversar." Ele disse e esperou. Niyati sabia que era um erro falar de Violet, mas ela devia deixar claro que entendia que Violet era uma parte da vida dele, ou melhor, Violet foi uma parte da vida dele.
"Era sobre Violet? Queria saber dela, saber como ela está?" Niyati perguntou.
Ele travou o maxilar. Se Forest estava desconfortável, era por que Violet ainda era importante. A questão era saber o quão importante Violet era.
"Sim. Candid disse que ela está bem, que nem sente dor mais e perguntou se você sabe o nome das ervas que suas servas passaram nele." Niyati sorriu, ele fez uma careta.
"Eu sei, mas o que você respondeu?" Forest sorriu, um sorriso meio malvado, sexy.
"Eu tenho uma reputação a zelar, eu desliguei na cara dele." Ela riu.
Ele inspirou e a olhou intensamente.
"Ainda quer conversar?" Ele tocou a perna de Niyati, mas sim, ela o queria. Não, ela não o queria, ela queria conversar.
"O que foi?" Ele perguntou.
"Estar perto de você me confunde." Ele continuou subindo a mão pela perna dela em direção a sua virilha.
"Não. Pare. Eu quero conversar." Niyati se levantou. Ele sorriu, mas um sorriso um pouco frustrado e bateu no sofá ao lado dele.
Niyati se sentou, ele abriu os braços.
"Pergunte."
Ela o encarou por um momento. Como ele podia ser tão bonito? Os cabelos listrados pareciam aquele penteado que as mulheres ocidentais gastavam uma fortuna para conseguir fazer, e ele tinha um proporção de listras perfeitas, como um tigre. Loiro mais claro, loiro mais escuro. E os olhos! Intensos, quentes. A boca de lábios perfeitos e carnudos era uma coisa a parte.
"Vai perguntar alguma coisa?" Ele a encarou e Niyati percebeu que a seriedade dele era o melhor de tudo. Nada de sorrisos bobos. Um homem lindo e sério. E quando ele sorria para valer! Niyati suspirou. Ela não queria conversar. Mas ela tinha.
"Como se tornou médico?" Ela perguntou.
"Minha mãe. Eu cresci vendo ela cuidar de todos aqui e de uma forma muito competente. Qualquer um pode pensar que não é muito difícil cuidar de Novas Espécies, afinal não temos a maioria das doenças humanas, mas nós somos alvos. Ser médico aqui significa estar com a vida de uma pessoa nas mãos. Um amigo, na maioria das vezes."
Niyati pensou no que ele disse. Ela era uma curandeira e sim, ela teve de tomar decisões muito difíceis em sua longa vida.
"Mamãe já foi sequestrada e depois vieram atrás dela aqui, na Reserva. Não a levaram, mas Harley foi gravemente atingido. Ela o estabilizou até que pudesse ser atendido pelo hospital. Ele a lembra disso até hoje. Eu cresci ouvindo essas histórias, acho que não dava para ser outra coisa." Ele disse.
"O trabalho do seu pai não te interessou?" Ele riu, e isso tocou o coração dela.
"Não. Mas não mesmo. Papai é o diretor da Reserva, mas hoje em dia muita coisa é feita por informatização. O verdadeiro diretor daqui é James, e ele divide seu trabalho com Joe e Isaac. Papai toma as decisões, mas muitas reuniões quem preside é Brass, meu padrinho. Alguns machos brincam que Brass é o verdadeiro diretor da Reserva."
"Mas não pense que ele não é bom no que faz, é só que ele trabalhou demais no início de tudo, principalmente para dar uma vida confortável aos machos que vieram pra cá. Agora, com as coisas mais calmas, papai adora apostar em tudo, se meter em todos os assuntos e ir aos bares do entorno assistir aos jogos com Harley e Moon. Mas se for preciso despertar sua antiga fúria, ele não desaponta. O Tio V. é cheio de merda nas veias, mas papai nunca correu de uma briga com ele, mesmo meu pai sendo só um macho normal."
"Merda nas veias?" Ele sorriu.
"Não fui eu quem criou essa expressão. Foram os machos mais velhos. Eles não entendem a explicação de como um ou outro macho ficou tão mais forte que os outros, então dizem isso."
"Você tem..." Ele riu e Niyati ficou encantada.
"Não. Eu sou um macho comum." Ele disse, Niyati balançou a cabeça. Ele não era comum.
"Violet. Ela é bem alta e forte. Ela tem...?" Niyati perguntou e se arrependeu na hora. Que idiota ela era! Mas se fosse ser sincera, Niyati tinha medo de Forest ainda amá-la. Muito medo. E ela tinha muita curiosidade acerca das fêmeas também. A tal Breeze era gigante e parecia muito forte.
"Isso é complicado. Tio Valiant, o pai dela, não é um macho comum. Ele tem mais traços animais que meu pai e a maior parte dos machos de nosso povo. Mas até aí, nada demais, nós temos Leo que tem calda."
"Leo? Que nome bonito!" Niyati adorava os nomes deles.
"A doutora é parente dele?"
"Não que se saiba, mas pode ser. O pai dela, Hills morreu antes de sabermos da existência dela e de seus irmãos. Ele tinha calda também, mas foi cortada." Niyati arregalou os olhos. Que maldade!
"E quase ninguém sabia disso, só Thorment. Quando eles foram resgatados, foram trazidos para cá, mas não fizemos exames neles, afinal estavam vindo de um lugar onde seus corpos eram periodicamente abusados. Hills era saudável como todos os outros, fisicamente, então ninguém sabia que ele teve calda e arrancaram."
"Por que você disse 'fisicamente'?" Niyati perguntou e se lembrou de Apsaras, sua filha que tinha uma síndrome que ela não pôde curar.
"Ele não tinha um desenvolvimento cognitivo normal. Não era como acontece com os humanos, mas não era inteligente como os outros. Ele corria pela Reserva com dois cachorros, Preto e Tomate." Forest disse e ela viu o pesar e a saudade em seus olhos.
"Eu sinto muito." Ela disse.
"Ele não vinha muito para a área familiar. Mas ele uma vez ofereceu um cachorrinho para mim. Ele fazia isso, vivia oferecendo cachorrinhos para os filhotes, para ele, um cachorro era a melhor companhia do mundo."
"Você estava falando do pai de Violet. Então ele é mais animalesco? Eu não o vi."
"Candid é bem parecido com ele, todos eles são." Niyati abriu a boca. Candid era lindo! Ela estava encantada com a beleza loira de Forest, porém...
"O quê? Acha Candid bonito?" Ele fechou a cara.
"Se Agni tivesse um filho com uma humana, haveria uma grande chance desse filho ter a cara de Candid." Ela disse, tentando mostrar que os cabelos e os olhos de Candid eram maravilhosos demais.
"Agni?"
"Deus do fogo." Ele bufou.
"Se fosse para Candid ser filhote de algum Deus seria de Loki, o Deus viking da mentira e trapaça." Ele disse meio rosnando, Niyati riu.
"Ele tem mais dois irmãos gêmeos? Eu ouvi algo assim. Os trigêmeos, eu acho. Eu não interagi muito com os outros ainda." Niyati disse, ele a olhou com fogo nos olhos. Ela e Forest passaram a maior parte do tempo em que estavam na Reserva na cama.
"Sim. Está certo. Os trigêmeos, é como os chamam. Simple, Candid e Honest, nessa ordem. Embora agora hajam dois Honests. Não saia falando disso por aí, não é muita gente que sabe."
"Dois Honests? Como pode ser isso?" Niyati perguntou, ele suspirou.
"A verdade é que ele quase morreu. Passamos anos acreditando nisso, mas ele estava em outro corpo. É bem complicado de explicar, então só registre que o colocaram em outro corpo enquanto o corpo dele ficou... Congelado. Depois, conseguiram acordar o corpo dele, então agora eles são dois." Niyati ficou um tempo pensando nisso. Era incrível pensar que algo como aquilo pudesse ser possível.
"O Honest original, como Violet o chama é idêntico a Simple e Candid, o outro Honest, ou Honest Dois, ou ainda Modest, que é como eu o chamo e isso vem de outra história complicada, é aquele primata de pele e cabelos brancos." Ele explicou.
Niyati o viu, é claro. Mais alto que Candid, muito forte e com lindos cabelos brancos ondulados. Os olhos eram azuis pálidos.
"Você explica as coisas muito bem." Ela disse, ele franziu a boca. Ele parecia não gostar muito de ser elogiado.
"E agora, que tal me falar um pouco de você? Quem é Niyati? Uma Deusa? Ou apenas uma fêmea com um grande coração?"
"Uma fêmea que faz o que é preciso, eu acho. Uma vez eu perguntei a Sanyia por que obedecíamos a papai, Sanyia deu de ombros e disse que era o que tínhamos de fazer. E fazíamos. Depois que papai percebeu como ganhar dinheiro usando a mim e a Sanyia, nós nos beneficiamos com isso. Tivemos servas, boa comida, filhas e conforto. Eu não vou ser hipócrita e dizer que fui obrigada. Eu fui convencida." Forest assentiu e a encarou sem nenhum julgamento nos olhos e isso a surpreendeu.
"Mas havia um receio de que eu estivesse lucrando em enganar os outros e isso incomodava. Então, eu curava a todos quanto podia. Sem que papai soubesse. Ver alguém que eu curei sendo feliz, escapando da morte, não apagava minha parte no engodo de papai, mas me fazia me sentir menos... Impura."
"Não diga isso como se você fosse suja, você não é. Deixe eu te mostrar uma perspectiva diferente. Se todo mundo soubesse de seu dom, não demoraria muito e você seria presa por alguém ou morta. Você não teria um minuto de paz e logo suas forças seriam sugadas pelas muitas demandas dos humanos. Não acho que seu pai deveria ter criado esse 'culto', mas de certa forma, ele te protegeu. E tirando a encenação de você ser uma Deusa, você fazia sua parte, você realmente curava as pessoas." Ele disse, Niyati sorriu.
"É tão bom, Forest! Tão bom saber que eu ajudei alguém! Que eu dei um pouco de mim a alguém. Essa sempre foi a minha recompensa, saber que tinha tirado a dor e o sofrimento de alguém." Niyati sentiu as lágrimas vindo.
"O que foi?" Forest lhe ergueu o queixo, ela sorriu enquanto ele lhe enxugava uma lágrima.
"Eram tantas pessoas! Tantas pessoas clamando por mim e eu sem poder ajudar a todas. Acho que isso foi o que mais demorou para aprender. Que não dá para salvar todo mundo."
"É verdade. Como médico, eu já estive nessa situação. Eu fiz muitas horas de residência em hospitais humanos. Uma vez..." Niyati o encarou o animando a falar com os olhos.
"Uma vez eu roubei drogas de regeneração daqui e tratei um humano com elas. Ele era uma ótima pessoa, ele estava resignado que ia morrer e tínhamos ótimas conversas. Eu me apeguei a ele e o tratei. Deu tanto trabalho para despistar o hospital depois! Honest me ajudou."
"E ele ficou bem?" Niyati perguntou, Forest assentiu.
"Ficou. Candid e Honest tinham feito isso muitas vezes, aqueles pilantras resolveram tudo pra mim, eu os devo até hoje."
"Pilantras?" Niyati riu, era engraçado como ele falava de Candid e do irmão sendo que em seus olhos, Niyati via carinho e até admiração.
"Acho que por ora basta de conversa." Forest disse e a levou para a cama.
Ele a colocou de costas na cama e ao invés de beijar a feminilidade de Niyati, ele lhe beijou o ventre. O caroço estava maior, Niyati adorava alisar a pele de sua barriga.
"Estamos unidos, Niyati. Para sempre." Ele disse. Niyati fechou os olhos, o bebê os unia, era verdade, mas a união de almas acontecia independente de um filho. Forest baixou a boca e mordeu a pontinha de seu broto, Niyati chiou, mas os olhos dele, mergulhados nos de Violet enquanto eles respiravam juntos, não saía da mente dela.







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