Ano de 2014
- Luiza... eu não acredito que esteja mesmo fazendo isso. - Valentina me olhava com olhos de súplica enquanto tentava alcançar minhas mãos mais uma vez. - Por favor, não deixa minha mãe estragar mais isso, eu tô implorando!
- Eu não posso fazer isso, sua mãe foi bem objetiva, Valentina. - Acabo cedendo e entrelaço nossos dedos tentando em vão segurar as lágrimas.
- E quem se importa com a objetividade dela? Quem liga pras ameaças que ela faz? Luiza, pelo amor de Deus... - Sua voz falha e as lágrimas que teimavam em cair dos meus olhos passam a cair dos dela também.
- Não faz isso comigo, por favor. Eu não ia conseguir viver sabendo que sua mãe te tirou tudo por minha causa, você sabe disso. - Tento um contato com seus olhos, mas ela desvia abaixando a cabeça.
Valentina parece não conseguir falar, abre e fecha a boca por várias vezes, mas acaba sempre balançando a cabeça em negação enquanto limpa sem qualquer delicadeza as lágrimas que escorrem. Chego mais perto tentando um contato, mas ela desvia. Estamos em silêncio absoluto, volto a ouvir a voz de Catarina em minha mente: " Não me desafie, menina. Sua pequena cabecinha não é capaz de imaginar até onde meu poder vai.".
- Você se lembra que quando decidimos passar por cima da sua mãe, lá no começo, você enfiou na cabeça que ia sair de casa? Arranjou até um emprego, lembra? - Pergunto e ela apenas confirma com a cabeça sem me olhar. - Semanas depois, quando sua mãe descobriu suas intenções, sabe - se lá como, o que aconteceu no dia seguinte? - Pergunto mesmo já sabendo a resposta.
Pela primeira vez depois de uns bons minutos chorando de cabeça baixa ela me olha nos olhos. Seu nariz está vermelho, não muito diferente dos olhos, os cílios estão grudados uns nos outros por conta das lágrimas, vejo seu queixo tremer tentando segurar o choro.
- Fui demitida. - Acabamos falando quase ao mesmo tempo.
- Como você espera que eu ignore uma ameaça clara da sua mãe, sabendo que ela é mesmo capaz de qualquer coisa pra ter o que quer? Como vou dormir em paz sabendo que nada da certo pra você por teimosia minha, por egoísmo meu? - Me aproximo colando nossas testas, a essa altura já não nos importamos mais em limpar o rosto, é um esforço desnecessário.
- Por que ela faz isso? Qual o tesão em fazer da minha vida um inferno?
Sinto ela se aproximando, parecia querer fundir nossos corpos. Ela esfrega o nariz ao meu delicadamente, a respiração quente que sai da sua boca bate em meu rosto, não resisto, a puxo pela nuca intensificando o contato. O beijo é lento, quase como se entrássemos em um acordo de torna-lo eterno, suas mãos sobem da minha cintura até meu pescoço me puxando ainda com mais força, suspiro ao sentir uma mordida leve em meu lábio inferior, não quero parar, mas sei que se não o fizer não sairemos daqui tão cedo. Finalizo nosso contato em um selinho demorado, ela se mantém de olhos fechados com o rosto ainda próximo ao meu, beijo sua bochecha por onde as lágrimas continuam a escorrer, ela suspira.
- Você já vai? - Sua voz sai quase como um sussurro.
- Se eu ficar vou acabar jogando tudo pro ar. - confesso.
- Então fica. - Sussurra mais uma vez fitando meus olhos.
- Desculpa. - Passo as mãos no rosto limpando da melhor maneira possível.
Com meu polegar faço um último carinho contornando sua boca e ela aprecia o toque com os olhos fechados. Tenta me beijar outra vez mas me afasto, dou alguns passos para trás ainda segurando sua mão, com um sorriso fraco e completamente falso desfaço o contato.
- Se o mundo começar a desabar na nossa cabeça e eu te ligar, você vem me encontrar, certo? - Pergunta enquanto sinto o verde de seus olhos me prendendo.
- Sempre. Você viria também?
- Não tenha dúvidas.
Bom, essa é a primeira vez que escrevo algo na vida, então talvez não esteja tão bom quanto vocês estão acostumados, mas espero que gostem e se estiverem interessados que eu continue, me contem por favor.

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Se o Mundo Estivesse Acabando...
Fiksi PenggemarLuiza e Valentina passaram por bastante coisa, não foi um caminho fácil, muito menos curto sair de "inimigas" para o amor da vida uma da outra. Mas as coisas se complicam ainda mais quando Catarina, a mãe da Valentina, se coloca inteiramente contra...