A De Branco

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POV VALENTINA:

Ir embora do bar ontem foi a decisão mais complicada que já tomei, nem de longe eu tive na cama a pessoa que eu queria. Ágata fez quase todo o trabalho sozinha, eu cogitei até ir pra sala e deixar que elas tivessem privacidade, não estava nem um pouco no mesmo clima que as duas.
Acordei com Ágata dormindo agarrada em mim e a ruiva, que descobri se chamar Carolina, dormindo do outro lado da cama de costas pra nós. Levanto com cuidado tirando o braço da loira de cima de mim, que automaticamente se vira para o lado oposto abraçando de conchinha Carol. Olho no celular, ainda está cedo, da tempo pra um café. Caminho até a cozinha fechando silenciosamente a porta do quarto atrás de mim, estou terminando de passar meu café quando Ágata chega de cara amassada e me deposita um beijo no ombro.

- Me deixou trabalhando sozinha ontem, em -- Recosta o corpo na pia olhando pra mim.

- Quer? -- Ofereço minha xícara.

Ela pega o objeto da minha mão e leva até a boca, me sirvo outra xícara e também recosto meu corpo na pia, ficando ao seu lado.

- O que tá acontecendo com você? Não tô acostumada com essa Valentina preguiçosa não.

Não respondo, solto um risinho anasalado e continuo saboreando meu café olhando pra frente.

- Ah, qual é? A gente não conta mais as coisas uma pra outra? -- Insiste.

- Não tá acontecendo nada, eu só não tava no mesmo clima.

- Desde quando? Você tá toda esquisita de uns tempos pra cá, vive inventando desculpa, a baixa é muito baixa, a alta é muito alta... exigente que só, tá virando homem hetero?

- Ah, vai se foder. -- Dou risada da comparação. -- Eu tava cansada, da um desconto vai.

- Só porque você é você.

Se posiciona na minha frente, coloca a xícara que segurava na pia e pega a outra da minha mão depositando ao lado da sua. Minhas mãos não esperam comando nenhum, sobem cada uma para cada lado de seu quadril, ela leva a mão até minha nuca e puxa sem muita gentileza, o beijo é meio desesperado. Ela suga meu lábio com força e sinto sua língua passando por ele lentamente, sem muita enrola a sinto invadir minha boca procurando minha língua, tem gosto de café. Acaricio sua língua com a minha, ela solta um gemido disfarçado de suspiro.

- Bom dia gente, esse celular não para de tocar. -- A ruiva balança no ar meu celular.

Levo a mão ao aparelho e sussurro um "obrigada" para a moça, era Duda, vou até a sala para atender.

~LIGAÇÃO COM DUDA~

"Alô?"

"Você é a pessoa mais burra que eu já vi na vida, juro."

"Bom dia, Eduarda."

"Nem vem com 'bom dia, Eduarda', é sério que você ficou com outra na frente da Luiza? Você não disse que ia tentar? Desistiu?"

"Dud..."

"Porra Valentina, eu tô apostando todas as minhas cartas em você. Você sabe que 5 anos não são 5 dias, ela não pode simplesmente largar o noivo e viver feliz pra sempre com você, mas você disse que ia tentar, tá na cara que não vai ser uma coisa fácil, ainda mais que sua mãe é uma maluca que sai por aí ameaçando as pessoas..."

"Eu posso falar também?"

"Ela te quer, Valentina. Mas como você achar que fica a cabeça dela vendo você engolindo outra na frente dela?"

"Se você não calar a boca eu vou desligar."

(Silêncio)

"Eu sei que não é do dia pra noite, sei que ela não pode jogar o que é certeiro pro alto e correr pra mim, sei de tudo isso que você tá me falando, mas eu também não posso ficar parada só esperando que ela me queira de volta. A minha vida precisa andar, porque a dela não parece ter parado."

Se o Mundo Estivesse Acabando...Onde histórias criam vida. Descubra agora