Retorno para casa

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Após dias de intensa procura, a alcatéia de Lobos Umbra finalmente teve que se dar por vencida. Perderam o rastro da raposa. E ela estava tão ferida...como explicariam isso para Vadresh?

Vadresh não era conhecido por ser tolerante com fracassos. Mas era ainda menos tolerante com quem tentava engana-lo. Logo, era melhor encarar a punição por terem sido despistados pela raposa do que tentarem encontrar desculpas.

Os lobos conversaram entre si e decidiram voltar para receberem sua punição. Mas um lobo em particular não estava disposto a retornar ainda. Seus irmãos se indignaram.

- Você deve voltar com o grupo. A alcatéia anda unida. Morre unida. É assim que as coisas são.

- E onde a alcatéia estava quando fui humilhado por aquela maldita criatura? - O lobo tinha um aspecto maligno. Ainda mais do que todos os seus irmãos. Seu corpo estava coberto de cicatrizes e feridas. A falta de pelo em boa parte de seu corpo dava-lhe o aspecto de cão sarnento e raivoso. Uma de suas orelhas havia sido arrancada.

- A alcatéia estava junta. Como deve ser. Você é que estava só. Porque queria glória. Queria que Vadresh o recompensasse mais do que a nós. Veja o que isso gerou. Tenha juízo.Volte e morra. Assim como todos nós.

- Morram vocês seus vermes. Se Vadresh quiser minha cabeça, ele que venha buscar. -Ao ouvirem o nome de seu mestre ser pronunciado com tamanho desrespeito, os lobos suspiraram.

- É uma pena irmão. Nossa força está em nossa união.

- Força? Não existe força na união dos fracos. Dos covardes. Voltem e morram assim como desejam. Eu matarei aquele maldito pássaro. E o maldito macaco. E matarei também Faye, a preciosa noiva de Vadresh.

O restante dos lobos não teve escolha a não ser abandonar seu irmão teimoso. Sabiam que ele jamais acharia Faye. E se lutasse contra o Gigantavis, seria morto. Que fosse assim então...mas, enquanto iam embora, não podiam deixar de se perguntar...de que macaco seu irmão falava?

****

Eu estava pronto para me despedir de Faye e voltar para minha família de Pequenos macacos mas, para minha surpresa, Faye se ofereceu para me acompanhar até lá.

- É o mínimo que posso fazer - ela disse - Você fez muito por mim. Vou entregar você em segurança para seus parentes. Mas depois disso nós nos separaremos.

Pareceu bom para mim. Nós seguimos viagem rio acima, de volta pelo caminho que fiz. No começo eu desejava explorar bem pouco da floresta e sempre voltar para a segurança do bando a noite... mas já na primeira saída acabei indo um pouco mais longe do que eu imaginava. À medida que voltávamos pude rever algumas espécies de animais/monstros que antes pareciam bem intimidadores para mim. Agora eu simplesmente sinto que poderia facilmente derrota-los.

-- Isso é presunção sua -- disse o macaquinho GePeTo, sempre flutuando acima da minha cabeça. -- a verdade é que você pode ser capaz de derrotá-los sim, com a estratégia correta, mas deve evitar conflitos desnecessários. Eles ainda representam perigo para você.

De alguma forma eu sinto que o cuidado de GePeTo é exagerado...

-- Não é!

...mas ainda assim não tenho pretensão de fazer nada idiota. Por enquanto vamos voltar para casa com tranquilidade. Eu olho de canto de olho para Faye. É verdade que ela é uma raposa, mas parece muito um cachorrinho. É só devido a sua intensa dignidade e ar de sabedoria que eu tenho conseguido conter o ímpeto de acariciar aquelas orelhinhas. Ela é realmente fofa.

Hue: Um brasileiro renasce como um macaco em um mundo de fantasia(ISEKAI)Onde histórias criam vida. Descubra agora