• Prólogo •

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       O cheiro de ervas inundavam o cômodo da pequena cabana, um homem de cabelos de ébano e olhos de mesmo tom se debruçava sobre suas anotações, sua esposa grávida de seu primogênito estava dormindo no quarto ao lado, uma doença mortal havia lhe tirado todas as forças e eram improváveis as chances de mãe e filho sobreviverem.
       A lua cheia passou com seus raios pelas janelas, clareando o ambiente com sua luz.
      O homem pareceu sair de seu torpor, agarrando o livro e uma bolsa com ervas, ele saiu para o lado de fora, euforia brilhava em seus olhos de Onix.
        Uma fogueira já quase extinta estava em frente a pequena cabana.
      Palavras foram proferidas em um tipo de cântico macabro, e um momento de silêncio se seguiu. O homem pareceu subitamente cansado, decepção inundando o seu ser, ele havia estudado por anos, planejado há meses por aquele dia.
       Subitamente as chamas cresceram, lançando labaredas na direção do rapaz, uma voz soou por entre as árvores próximas à casa do casal:
- Porque me chamas, Ilya?!
       A voz era gentil, maternal e ao mesmo tempo soou como uma serpente se enroscando em sua presa.
-Como sabe meu nome?!
      Uma gargalhada aveludada soou como a água descendo uma corredeira:
- Eu sei de muitas coisas, saber seu nome deveria ser a última das suas preocupações, meu bem.
- Funcionou...
       Seus pensamentos pularam por seus lábios pálidos antes mesmo de perceber. Seus olhos vagando por entre a escuridão procurando a dona daquela voz:
- E porque não funcionaria?! Posso ser muitas coisas, mas não sou surda.
        A voz ganhou um rosto quando do meio da escuridão, uma mulher, sua pele branca como leite, olhos de mar e cabelos de escuridão, seus lábios vermelhos como sangue eram a única coisa que apontava ser uma pessoa ainda viva. Sua figura baixa era muito magra, ao ponto das suas costelas ficarem a amostra pela abertura de seu vestido.

- Agora me diga menino, oque você deseja?!       Ela se aproximou , o cheiro de flores inundando as narinas de Ilya:- Quero que minha esposa e meu filho sobrevivam a essa doença

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- Agora me diga menino, oque você deseja?!
       Ela se aproximou , o cheiro de flores inundando as narinas de Ilya:
- Quero que minha esposa e meu filho sobrevivam a essa doença.
        Ele disse decidido, afinal esse era o seu objetivo no momento, antes ele tinha outros planos... Outras coisas para desejar, mas agora a única coisa que importava era a sua família.
        A mulher o observou seria, os olhos o analisando de cima a baixo, antes de dar uma resposta ao homem:
- Eu posso lhe dar a receita de uma cura.
- E oque quer em troca?!
         Perguntou já sabendo que teria um preço, tudo tem um preço:
- Quero que o nome da sua primogênita seja Baghra.
          Um ponto de interrogação se formou no semblante cansado do grisha, mas não havia oque negar, dar nome ao seu filho não nascido era um preço pequeno se comparado ao que ela poderia descidir pedir:
- Feito!
            Ele estendeu a mão esquerda para celar o acordo em um aperto de mãos, que logo foi retribuido.
           Após isso a jovem soltou a mão do outro deixando que nelas surgissem um pergaminho e um frasco de vidro com um líquido viscoso que Ilya podia dizer com veemência que era sangue:
- As instruções estão aí. Leia com atenção e siga cada passo com cautela.
           Ilya observou oque dizia no pergaminho mesmo entendendo pouco sobre as coisas escritas nele:
- Oque é isso?! Não é pequena ciência.
            Questionou , ele era um homem com conhecimentos amplos sobre a pequena ciência e tudo em volta dela, mas aquilo escrito e detalhado não se parecia nem se assemelha-va a nada que já havia visto:
- É a antiga pequena ciência que regia o mundo antes dele ser como é... Você a chama de merzost eu a chamo de magia.E é bom que saiba Ilya, toda magia tem um preço, mesmo que não seja cobrado agora o mundo sempre se equilibra.

Alguns anos mais tarde

- Baghra! Anya! Venham comer!
          A mulher chamou suas duas filhas que antes estavam brincando do lado de fora. Anya era a mais jovem com pouco mais de 3 anos, radiante e curiosa com seus grandes olhos de avelã. Baghra era igualmente curiosa, mas como a irmã mais velha, ela se mantinha sempre reservada e cuidadosa, mesmo que em momentos de nervosismo um tom raivoso soasse em suas palavras.
          Desde bebê a mais velha demonstrava os seus dons, com tentáculos de escuridão pura que se espalhavam em momentos de euforia. Seus pais a haviam instruído a esconder seus dons, já que grishas como ela e seu pai eram caçados e colocados em fogueiras, ou afogados em rios.
- Mãe!!
            Gritou a voz da mais velha desespero surgindo  em cada letra. A menina apareceu entre as árvores em volta da casa, as roupas sujas de sangue e terra, os olhos esbugalhados de pavor. A mãe correu até ela, lhe agarrando os ombros:
- Onde está a Anya?! Baghra!onde está a sua irmã.
             Ela a balançou de um lado para o outro enquanto a garotinha se desfazia em lágrimas grossas:
- Nos estávamos brincando...foi um acidente, mamãe, eu juro...eu não queria ter machucado ela...
             As palavras rápidas e embargadas pelo choro pareciam sumir nos ouvidos da mulher, e antes que mais alguma coisa pudesse ser dita ela se pôs a correr na direção em que a sua filha havia vindo .
            Seu coração parou uma batida, seu sangue gelou...o escarlate estava espalhado pelo chão de terra na clareira , o corpo dividido ao meio da pequenina menina estava ali. Os órgãos estavam espalhados e o sangue parecia ainda quente.
           Os joelhos da mulher falharam levando-a ao chão em uma poça de sangue fresco. Lágrimas lhe desciam o rosto como cascatas.
           Minutos podem ter passado, talvez horas, até que seu marido visse em sua direção, os olhos em choque com a visão da clareira. Ela estava surda ao que ele dizia, cada célula do seu corpo implorando pela morte:
- Eu posso curá-la...
            Ilya disse em seu desespero, as mãos segurando o rosto da esposa para que olhasse para ele, mesmo que seus olhos parecessem vazios além da dor que lhe transbordava em água salgada:
- Eu vou trazê-la de volta...
              Ele se levantou percebendo que não receberia uma resposta

A profecia /Darkling/ Aleksander Morozova Onde histórias criam vida. Descubra agora