Abominação

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Você precisa estuda-la.

Vocês já pararam para pensar no quão fantástico a linguagem corporal pode ser? Você menino/garoto/homem, caso você ainda não esteja antenado nesse assunto, por favor, jogue o termo agora mesmo no Google e depois volte aqui. É assim que vamos descobrir quantos pontos você fez em seu encontro.

Você precisa observá-la, prestar atenção aos detalhes. Se sua garota está com os ombros encolhidos e observando os arredores com mais frequência do que o seu rosto... você já ouviu dizer que os olhos são o espelho da alma? Muito bem, idiota, adivinhe só! É a mais pura verdade. Você está a perdendo.

Ninguém precisa ser um gênio para saber que a gente só procura o que nos interessa. Meia hora de conversa e ela ainda não checou a sua boca? Você está na merda! Não tem nada de especial com a sua boca. Tipo, ela deve ser normal e exclusiva porquê é sua, mas ela vai ser procurada pelos olhos dela pelo fator da atração.

Não me perguntem o motivo, mas as coisas funcionam assim. Você soma uns muitos pontos quando ela olha para a sua boca, então comece a prestar a atenção nisso.

Também dê uma boa checada no tom das risadas. Uma coisa interessante sobre as mulheres é que somos muito boas em fingir. Tipo, excelentes. Preste atenção no canto dos olhos dela quando ela rir de algo que você disse. Se o canto dos olhos não enrugarem, a coisa está feia para o seu lado, amigo.

Nesse caso, volte a pensar na dica de antes. Talvez ainda exista uma solução.
Converse com ela, pergunte seus hobbys e rotina, se mostre interessado (de forma sincera) por suas respostas e o que vocês têm em comum. Naturalmente vocês dois se aproximarão.
E assim, calcule a aprovação que enxerga. Você vai precisar para a próxima dica.

***


– Que porra é essa?

Stiles coçou os olhos. Ficou parado na entrada da cozinha, observando em direção à mesa de refeições, descrente, o cérebro sendo lentamente consumido por uma realidade incompreensível. Olhou ao redor do apartamento, procurando por Lydia ou qualquer coisa que pudesse confirmar que realmente já estava acordado, mas estava sozinho.

Seu cérebro estava consumido por um vasto deserto de choque e confusão e alguma sensação de estar fora da realidade.

Faltavam cinquenta minutos para estar no trabalho, mas mal conseguia se lembrar de que deveria sair em pouco tempo. Sequer conseguia entender se estava mesmo no apartamento certo. Relutante, aproximou-se do móvel e encarou as rosas vermelhas. O buquê estava embalado com um laço, sem cartão, dentro de um vaso de vidro.

Cogitou se o buquê poderia ser para ele, mas Stiles não parecia conhecer nenhuma mulher que tivesse a capacidade de lhe dar algo como aquilo. Era romântico demais, cheiroso demais, feminino demais. Só poderia ser para Lydia.

Sentiu seu coração dar um nó opressivo e ameaçar lhe tirar as forças. Movido por impulso e curiosidade e raiva – que sequer sabia o porquê estava sentindo –, ele procurou por algum cartão entre as rosas, mas não havia nada.

Poderia evitar a conversa com ela, ou talvez a própria Martin fizesse isso, porém, no fundo, sabia que estava curioso para descobrir quem era o patife que tinha mandado aquilo menos de um dia depois do encontro que ele tivera com ela. Afinal, quem era o idiota tentando roubar sua cena?

Serviu-se uma xícara de café – que provavelmente Lydia havia feito –, os olhos voltando a vagarem no buquê, uma vontade avassaladora de jogá-lo pela janela ameaçando suas mãos.

Ao ouvir a porta do apartamento abrindo, levantou os olhos, enxergando Lydia vindo em sua direção com uma sacola de pão em uma das mãos e outra com duas caixas de leite na outra. Ela sorriu quando o viu, ignorando que algum nervosismo incomum drenou em seus dedos.

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