Com um gemido cansado, Martin despejou a mala no chão com força, um suor ralo brotando na raiz do cabelo. Ela tinha certeza que o calor de Beacon Hills estava competindo com o clima do Texas naquela tarde. Suspirou cansada da viagem, nervosa com um bolo de expectativa ardendo nas artérias.
Encarou a casa de campo em meio ao gramado verde e as árvores florescidas do outono, as lembranças da adolescência tocando seus pensamentos com saudade.
– Já está se arrependendo?
Lydia olhou para trás, encontrando Stiles ao colocar uma mão na testa e cerrar os cílios, incomodada com o brilho forte do sol. O observou pegar sua mochila com uma alça no ombro e sorrir para ela fechando a porta do carro, os olhos marcados por diversão e simpatia.
– Sinceramente?
– Claro. – O sorriso dele aumentou.
Algo no branco daqueles dentes e o no entortar daqueles lábios fez os joelhos da Martin se transformarem em mel.
– Se vocês não tiverem ar condicionado desde dois mil e dezoito, vou ficar muito desapontada.
– Temos ventiladores potentes. – Respondeu ele, descarregando sua mala do carro.
– Ventiladores? – Disse ela, se abanando, seu tom de voz desapontado. O rosto pálido começou a ruborizar de calor. – Espero que seja pelo menos uns trinta deles.
Stiles riu sozinho, carregando as malas em direção à porta enquanto a Martin o acompanhava. Não sabia ao certo o que a levara a aceitar o convite do melhor amigo de estar com a família dele naquele fim de semana.
Ainda que seu corpo estivesse em combustão de tanto prazer em conhecer o toque daquela língua, a maciez das mãos masculinas, existia um sentimento mais forte e irracional batendo em seu peito naquele momento: o medo.
Martin não mantinha relações de nenhum tipo, muito menos casual. Sempre que se arriscava, algo dava errado. Entretanto, envolver-se com Stiles era muito mais perigoso para seu coração do que imaginava. Nunca pensou, sequer por um segundo, ter qualquer tipo de envolvimento com ele. Afinal, havia crescido com aquele homem. Mas, com tudo que vinha acontecendo, estava se tornando difícil ignorar que, além do amor de amigos, existia um desejo queimando na boca de seu estômago somente de estar perto de Stiles.
Estava tão apavorada com aquele beijo. Tão seduzida. Tão maravilhada.
Seus lábios eram enlouquecedores, confiantes, macios. Ele era um homem que Lydia jamais imaginara ser tão admirável. Mas, seu beijo, era um veneno nos pensamentos da Martin, e aquela lembrança brotava um formigamento quente em sua espinha.
Com medo de se machucar ou magoá-lo – como sempre acontecia com ela –, decidira que iria ignorar o acontecimento e que, para o bem da amizade deles, jamais tocariam no assunto novamente. Mas, por outro lado, era difícil ignorar aquela barreira. Stiles estava em tudo. Em seu cesto de roupa suja, no cheiro dos seus lençóis – já que ele tinha o hábito de entrar no quarto dela, assim como ela no dele –, no prato de comida na mesa do jantar.
Por isso, Martin vinha tentando uma dança do isolamento, desde que cinco dias se arrastaram após o beijo aterrorizante e maravilhoso que compartilharam. Ela fazia o possível para evita-lo, tentando tirá-lo de sua cabeça enquanto trabalhava ou enquanto lava a louça do almoço. Seus horários, na verdade, não estavam necessariamente batendo, o que a levava a pensar se, por acaso, ele também estava a evitando.
Stiles era o despreocupado e irracional entre eles. O homem que se divertia em dormir com uma mulher a cada semana, sem se importar com sentimentos. Martin era uma máquina humana de pensamentos e ansiedades, sempre – segundo ela – estragando tudo ou favorecendo que tudo se estragasse sozinho. Estava gostando do melhor amigo, como aquilo poderia dar certo tratando-se dela?
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Make Her Mine
RomanceLydia Martin e Stiles Stilinski são completamente diferentes desde a adolescência. Apesar das divergências comportamentais, se tornaram bons amigos em pouco tempo no ensino médio e, desde então, moram juntos em Nova Iorque. Quando o Dia dos Namorado...