Capítulo 1 - A primeira vez que eu a vi

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Narrado por Evan

— Nós temos mesmo que ir? — perguntou Camila, pela vigésima vez enquanto jantávamos. — Você sabe que ela não gosta de mim.

— Faz uns seis meses que eu não visito minha mãe, e ela mora a só 30 minutos daqui. — suspirei. — E faz tempo que ela marcando esse jantar. Todos meus irmãos já conhecem o cara, só eu que não.

— Hm... — ela bufou, parando de girar o garfo com o macarrão e me olhando pelos côncavos. — E você não se importa com o meu bem estar?

O olhei com cara de tédio. — É claro que eu me importo, que pergunta é essa?

— Eu me sinto desconfortável com ela... E você nem se importa, pelo jeito.

Larguei o garfo e a faca e coloquei as mãos nas têmporas. — Camila, pelo amor de deus... Ela é minha mãe. Toda vez que temos que ir lá você faz esse mesmo discurso...

— Mas é que ela não gosta de mim! Você já esteve num lugar em que você é odiado?

— Ela não te odeia. — suspirei. — Você também não colabora nem um pouco para que vocês possam ter o mínimo de paz. Não é?

— Ah, então a culpa é minha?

— Perdi a fome. — disse, levantando e levando meu prato para a cozinha, cessando o assunto por assim mesmo.

Camila e eu não estávamos bem. Não era de hoje, não era recente, e não parecia estar perto de melhorar. Nos últimos tempos eu vim tentando manter as coisas em paz, mas já não sabia dizer o motivo pela qual estava tudo desabando. Vivíamos brigando por qualquer coisa, o tempo todo, até que eu simplesmente desistisse de tentar conversar por um tempo.

Eu e Camila estávamos juntos há 4 anos no total. E no começo, eu pensei que ela fosse ser a mulher que eu iria me casar. Mas, parece que eu sempre estou me ferrando constantemente nos relacionamentos, e acabando grande parte do tempo infeliz.

Não sabia mais o que estava fazendo, uma vez que parecia que tudo estava fora de controle...

Acabei me afastando dos meus amigos, fazia muito tempo que não os via ou falava com algum deles. Bem como, me afastei até da minha família, quase nunca via minha mãe... Tudo, porque Camila odiava meus amigos, e não se dava bem com a minha mãe, e vice e versa, para ambos.

Meus atendimentos estavam um pouco escassos, os bicos com a fotografia não estavam mais tão em alta, tinha uns bons trabalhos cujos prazos estavam a ponto de encerrarem, e eu sequer havia começado.

Se eu chegasse a rodar em uma das cadeiras, perdia a bolsa e meu doutorado que estava quase no fim, ia com deus.

Tinha que correr com mil e uma coisas, ainda manter a casa, fazer compras no supermercado, levar o cachorro para passear, dar comida para os gatos, fazer café, e ainda cuidar de um relacionamento que estava tal qual uma torre de Jenga: se puxar uma peça em um lugar errado sem querer, a torre toda se espatifa no chão.

Às vezes eu sentia que tudo estava em crise, chacoalhando, e eu tivesse que fazer um malabarismo para manter tudo equilibrado, isso, enquanto tentava atravessar uma corda bamba em cima de um monociclo. Era assim que andava a minha vida. Uma bagunça, uma desgraça, e eu, desesperadamente tentando levar, na medida do possível.

E apesar de Camila ter reinado como uma criança birrenta, ainda assim liguei para a minha mãe e confirmei que iríamos jantar lá no sábado.

Na noite de sábado, Camila tentou dar desculpas esfarrapadas para não irmos de última hora. Lhe disse que se desmarcássemos, aí sim minha mãe ia começar a odiá-la... Ela ficou quieta. E brava. Porém, fomos.

• The Other Woman • || Evan PetersOnde histórias criam vida. Descubra agora