Capítulo 10 - Mas é claro que fantasiei demais

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Narrado por Charlotte.

— Eu nunca tinha gostado de alguém. — disse, sentada na poltrona do consultório em frente à minha psicóloga. — Eu realmente acho que nunca tinha gostado de alguém.

— E agora você está gostando dele? — ela indagou. — Mesmo sabendo que ele tem uma namorada, e que a ligação familiar que vocês tem pode muito bem... Ser um empecilho?

— É que ninguém nunca me olhou como ele me olha... — disse, sorrindo sozinha. — Eu me sinto tão bonita quando ele me olha, me sinto como se eu fosse realmente visível para alguém.

Ela comprimiu os lábios. — Você se sente vista?

— Me sinto especial. — respondi. — Nunca tinha me sentido assim antes.

[...]

Se eu fechasse os olhos, eu ainda podia sentir Evan respirando no meu ouvido, beijando meu pescoço, enquanto me tocava, naquela noite estrelada perto do mar...

Imaginei que o lance de flerte passivo agressivo entre nós era uma coisa da minha cabeça, mas, ficou óbvio que não só não era, como ele me queria muito mais do que eu sequer pensei que pudesse querer.

Quer dizer... Camila era linda, uma mulher muito bonita mesmo. E ainda assim, ele se sentir atraído por mim... Justo eu? Era realmente extasiante de se cogitar.

Claro que, não pude contar para ninguém, então, tive que guardar minha animação só para mim, tendo sido questionada pelo motivo das minhas risadas sozinhas no silêncio.

O restante dos dias na praia em que Evan estivera ali, ficou um certo clima confuso. Eu estava com vergonha pelo que aconteceu, nenhum cara havia me tocado daquele jeito antes, e, tomar café olhando para Camila e pensar que há alguns dias atrás o namorado dela estava me beijando, me deixava com a consciência um pouco pesada.

Evan e eu não conversamos muito por uns dias. Na verdade, ele estava distante, e eu imaginei que estivesse com medo de alguém desconfiar de alguma coisa, então, não forcei diálogo.

Saía de madrugada do quarto, mas não o encontrei mais pela casa. Bem como, não o peguei mais me olhando demais, e na verdade... Cheguei a sentir que ele sequer me olhava nos olhos. Ou, sequer me olhava... Nenhuma vez...

Mas talvez, fosse coisa da minha cabeça. Aquele nosso romance era proibido, e nós sabíamos disso, não dava para ficarmos sempre expressando afeto assim.

Meu pai não permitiu que ficássemos o verão todo, e voltamos para casa três semanas após estarmos na praia. Ao menos, maior parte do tempo nós estivemos com Meredith, que, me conquistou, já que ela nos deixou mais livres, e durante aquelas semanas, me senti um pouco solta da pressão do dia a dia.

Era como se eu não tivesse que ser perfeita, como se tivesse ganhado uma folga de ter que ser obediente à alguém, comportada e sempre uma mocinha calada e doce. Me senti como se eu pudesse só ser uma jovem que acabara de se formar e estava curtindo um tempo com suas amigas em seu último verão.

E era só isso que eu era... Mas, eu tinha que ser sempre tantas coisas, que ser aquilo, para mim, era como estar apenas vivenciando um personagem.

E, como todos os personagens, uma hora a temporada da série acabou, e tudo voltou ao normal.

Meu pai ainda não estava falando comigo por causa da faculdade. Ele ainda não sabia que eu tinha ido para moda, e ia surtar ainda mais quando descobrisse isso. Então, eu estava fingindo que estava tudo sob controle, mesmo que ele estivesse me ignorando como se eu sequer existisse.

O que, pra ser sincera... Não era de todo ruim.

Antes de começar a me ignorar, ele havia sido bastante duro comigo.

• The Other Woman • || Evan PetersOnde histórias criam vida. Descubra agora