Capítulo 12 - Proferindo palavras sujas sem permissão

238 37 10
                                    

Narrado por Charlotte

As chuvas de outono começaram, o que me desanimou a ir à festa de um tal de Vincent, que eu não sabia quem era, mas fui convidada para uma festa na casa dele. Na verdade, nem diretamente convidada, eu era convidada dos convidados.

Sempre achei que convidado não convidava; pois bem.

— Mas é coberto! — insistiu Troye, enquanto saíamos da sala. — Tipo, é uma casa, sabe?

— Eu sei, eu entendi. — ri. — É que o meu pai não curte muito que eu saia, então não sei se é uma boa... Na dos calouros eu fui fugida.

— Vai fugida de novo então. — ele disse. — Você é minha nova amiga e nós somos os poucos mais jovens que foram convidados pra essa festa, então, você vai comigo.

— Tá, eu vou ver com o meu pai... — disse. — Acha que a Anya me deixaria ir até a casa dela para me arrumar?

— Claro, mas por que você não vai para a minha?

— Porque meu pai precisa me deixar em um lugar onde tenha uma garota. — suspirei. — Foi mal, sei que isso parece muito... Muito infantil.

— Tudo bem. — ele disse. — Vou falar para a Anya te esperar por volta das 19h. Eu vou lá também então.

— Perfeito! — exclamei. — Obrigada!

— Te vejo de noite então, certo?

— Certo. — sorri.

Troye acenou enquanto correu para fora do campus, abrindo seu guarda chuva e correndo para longe. Foi quando me dei por conta que eu tinha esquecido o meu guarda chuva.

— Merda... — resmunguei, assim que cheguei ao corredor externo e vi que chovia para caralho, por assim dizer.

Fiquei alguns segundos olhando para a chuva, pensando em como iria embora sem me encharcar.

— Tá perdida? — indagou ele, aparecendo literalmente do nada e me dando um susto que me fez derrubar meu celular. — Meu deus Charlie...

— Que susto, porra... — resmunguei, pegando o celular e olhando-o, agora de perto, sentindo meu peito ficar mansinho só de sentir seu perfume.

— Quer carona? — perguntou, como se nada fosse.

— Tem certeza? — suspirei. — Achei que não estivéssemos de boa...

— Eu queria conversar com você sobre isso. — ele comprimiu os lábios. — As coisas ficaram confusas e bagunçadas, e eu realmente queria rever isso com você... Se você permitir, claro.

— Tá. — concordei, colocando meu capuz. — Tá chovendo muito, e uma carona é muito bem-vinda. Então por isso, eu vou aceitar.

Caminhamos correndo até o estacionamento, e o silêncio pareceu cortante quando enfim estávamos dentro do carro, e o som da chuva se desfez ao fechar a porta.

O estacionamento estava vazio, o carro estava vazio, a chuva caía no vidro, e eu olhei para ele, que se virou no mesmo momento.

Fazia cerca de uns dois meses – ou mais – que eu e Evan não nos falávamos. Para mim, quando o silêncio tomou conta, muitas palavras eram ditas por mim. Meu silêncio soava como um pedido de desculpas por algo que eu nem fiz, como um lamento pelo que aconteceu, que não foi minha culpa, e como uma súplica para que ele me olhasse de novo com os mesmos olhos de antes.

Mas o silêncio dele, era indecifrável.

Ele respirou fundo, largou suas coisas no banco de trás, e então, me olhou, com a maior calma.

• The Other Woman • || Evan PetersOnde histórias criam vida. Descubra agora