Capítulo 01

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Não há nada como uma espada falante de merda para reforçar a noção de que seu pai é um idiota. Eu apertei meus olhos fechados, tentando em vão afastar o coro de armamento desbocado que adornava a pequena forja. Três dias desse absurdo me deixaram no pior dos humores e, pelo que parecia, não havia fim à vista. 

— Sim, me bata com mais força, papai! — gritou a adaga colocada sobre a bigorna.

Meu pai parou no meio do ataque, parecendo à beira das lágrimas. Ele largou o martelo no chão de paralelepípedos e enxugou o suor da testa. 

— Não posso trabalhar assim!

— Você pode me trabalhar de cinco maneiras, garotão. — falou um machado pendurado na parede.

O homem geralmente orgulhoso deixou cair os ombros em derrota e sentou-se em um banquinho ao lado de sua bancada. A fuligem manchava seu rosto e sua barba desgrenhada. A fuligem e a sujeira eram comuns em seu ramo de trabalho, mas o fato dele não aparar há dias era um sinal alarmante de sua angústia. Minha mãe adorava uma barba bem cuidada, e ele adorava o chão que ela pisava, então era raro ver um fio de cabelo fora do lugar. Este feitiço estava ficando severo

— Bem, quem disse para você roubar de uma demônia? — Eu perguntei a ele.

Papai passou a mão pelo cabelo escuro e suspirou. 

— Jennie, você sabe que precisávamos do minério. As minas de ferro foram exploradas em todo o reino, exceto onde aquela maldita raposa se estabeleceu. Se não fosse por aquele rei inútil acumulando todo o acesso às minas nas montanhas do norte, poderíamos ter tido uma chance! — Grandes punhos se fecharam e bateram no banco de madeira. — Mas nããão! — Ele gritou, sua voz aumentando com raiva. — Primeiro sinal de uma invasão demoníaca, e o bastardo covarde coloca o monopólio de todos os recursos em que consegue colocar as mãos!

— O rei tem energia de alguém com pau pequeno! — Gritou a espada.

Papai pulou da cadeira e apontou para a lâmina. 

— Finalmente, você diz algo com o qual concordo!

Lá vai ele de novo. 

— Tudo bem, pai, não vamos nos preocupar demais. — Eu disse.

O velho poderia reclamar por horas sobre o cenário político da cidade se não fosse controlado. Muitos jantares de família ao longo da minha infância foram preenchidos com divagações sobre os impostos serem muito altos ou o atual rei gastando muito dinheiro com amantes e jantares estravagantes, e todo tipo de besteira. Todos bons pontos, mas aqueles que eu ouvi um milhão de vezes antes.

— Existe alguma maneira de você devolver o que roubou? — Perguntei.

— Não, a menos que você tenha começado a comer ar. — Ele acenou para o estoque cada vez menor ao seu redor.

As vendas de armas dispararam quando a cidade soube que o último expurgo de demônios falhou. Não apenas isso, mas nossa deusa - ou a bruxa disfarçada de deusa - havia sido morta, o que significava que não havia mais proteção contra nossos vizinhos sobrenaturais. Fazia apenas um mês desde que ouvimos a notícia, e nenhum orc tinha entrado para invadir a cidade naquele tempo, mas quem sabia quanto tempo isso duraria?

Nossos clientes tornaram-se implacáveis em comprar qualquer arma que tivéssemos para oferecer. Bem, antes de papai ser amaldiçoado. Descobriu-se que mesmo o mais zeloso preparador do Juízo Final não gostava muito de um machado de guerra gritando piadas sexuais a qualquer hora do dia. Depois de uma lança particularmente atrevida xingou Srta. Davidson, de velha com cheiro de atum estragado, nossas vendas acabaram. A velha morcega parecia tão mortificada que temi que ela caísse morta bem na nossa loja.

The Demon Fox - Jensoo G!pOnde histórias criam vida. Descubra agora