30: despedida

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Lorena Castro

Me despedi dele selando nossos lábios, não posso deixar de me sentir apreensiva. Não sei o que está acontecendo e principalmente nem sei o que vai acontecer hoje. Mas o clima estava estranho, toda a comunidade apagada, algo raro de se ver. O tempo fechado e tanto vento que parecia querer levar o teto da casa. Meu coração apertado me dizia pra não deixa ele ir, mas como poderia impedir uma coisa que eu não tenho controle.

—A gente ainda se encontra de novo, preta. —Balancei a cabeça selando nossos lábios outra vez.

—Se lembra do eu disse, é melhor tu voltar ou eu vou te buscar. —Ele balançou a cabeça concordando soltando uma leve risada.

Giovanna no outro canto estava cabisbaixa enquanto o Hari falava algo em seu ouvido. Sei que ela tem o jeito meio durão, mas é uma manteiga derretida. Guilherme chamou o Hari dizendo que já estava na hora e logo o VT se desgrudou da Milena que estava com o rosto avermelhado de tanto chorar. Me escorei no portão esperando eles entrar no carro e sair. Guilherme me lançou um último olhar e me mandou um beijo entrando no carro. Assim que eles saíram entramos para dentro e cada uma foi para o seu quarto.

Ficar juntas nesse momento seria uma pressão, o tempo todo iríamos querer ficar conversando sobre eles e o tempo não iria passar. Então apenas fiquei deitada sentindo o cheiro do Guilherme no travesseiro. Lentamente meus olhos foram se fechando e eu caí no sono sem sequer perceber. Mesmo que eu estivesse ansiosa e com tanta preocupação meu cérebro ainda me permitiu descansar, mas naquele sono onde o mundo não parece dormir, da pra ouvir tudo ao redor e parece que estou acordada o tempo todo.

De repente um barulho de vidro quebrando me fez despertar assustada. Primeiro pensei que seria alguma das meninas, mas assim que abri a porta e coloquei o pescoço para o lado de fora vi elas parada no corredor observando as escadas. Meus olhos se arregalaram no instante em que ouvi passos por causa do piso de madeira da escada que sempre range. Voltei para dentro do quarto pegando o meu telefone olhando o horário, não é o horário que o Guilherme disse que voltaria. A única coisa que eu pensei foi no Lucas e na Lalai que estava no quarto ao lado.

Não pensei duas vezes em passar pela porta rapidamente e entrar no quarto deles, com o barulho o Lucas logo acordou espantado olhando ao redor. Fiz sinal de silêncio para ele que concordou e de repente a gritaria começou. Os passos que eram silenciosos se tornaram altos mostrando que eles estavam correndo atrás das meninas. Puxei o Lucas e a Lalai para dentro do guarda-roupa escondendo eles atrás dos cabides.

Momãe... —Meu coração se apertou no segundo que ouvi sua voz embargada.

—Lucas, você não pode sair daqui, entendeu? Só vai sair quando o papai chamar por você e pela Lalai. Vocês tem que se esconder. —Ele balançou a cabeça concordando. —Promete pra mamãe que vai ficar aqui?

—LORENA! —Giovanna gritou enquanto outro barulho de vidro sendo quebrado era ecoado pela casa.

—Eu prometo. —Balancei a cabeça concordando terminando de esconder eles e fechando o guarda-roupa.

Antes de abrir a porta respirei fundo tentando pensar no que eu poderia fazer. A única coisa que eu queria era sair desse quarto para que não achassem eles. E enquanto eu saia em direção ao último quarto do corredor comecei a ligar para o Guilherme que caia na caixa postal. Provavelmente o lugar que ele está é tão longe que ter sinal é bem difícil. Mandei algumas mensagens dizendo onde as crianças estavam e o que está acontecendo, logo apagando pra mim caso eles peguem meu celular.

De repente a porta foi aberta e um homem todo de preto com um fuzil nas mãos me olhou sorrindo, um frio intenso percorreu toda a minha coluna. Rapidamente ele tomou o celular das minhas mãos e me segurou pelo braço praticamente me arrastando até a sala. Assim que apontei na escada tive a visão de um homem sentado no sofá enquanto a Giovanna e a Milena estavam jogadas no chão de cabeça baixa.

UM LANCE PERIGOSO (MORRO)Onde histórias criam vida. Descubra agora