33: acordar

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Lorena Castro

A sensação de estar flutuando é algo que me acalma, meu coração bate tão lentamente que eu quase sinto ele parar. Meus olhos piscam lentamente sem controle algum me fazendo ter visão da Giovanna correndo ao meu lado segurando a minha mão. Do outro lado Guilherme era carregado em uma maca, mas não tirava seus olhos de mim um segundo sequer.

Em um piscar de olhos ele já não estava lá, eu estava deitada em um lugar escuro enquanto ouviu todos ao meu redor falarem desesperadamente. Algo que deveria me assustar, mas por algum motivo eu continuo me sentindo calma e leve. A máquina no meu ouvido apitando rapidamente fazia meu peito se apertar e eu podia sentir meu coração se contraindo.

—Eu não acho onde tá a hemorragia. Droga! —A médica gritando e logo em seguida meu cérebro se apagando outra vez.

Outra vez meu cérebro se acordou, eu continuava naquele lugar escuro sentindo minha mão sendo apertada e um choro baixo. Eu tentava abrir meus olhos, mas era como se estivessem colados com a cola mais forte de todo o mundo. Por mais que eu sentisse minha mão sendo apertada, eu não conseguia ter forças pra fazer movimento algum. Algo que me desesperou, de repente a máquina outra vez começou a apitar rapidamente.

—Socorro! Alguém ajuda! —Giovanna que devia estar segurando a minha mão saiu correndo gritando.

...

—A médica disse que a gente deveria tentar conversar com você um pouco. —Giovanna sussurrou me fazendo acordar outra vez. —Não se assusta com o que tá acontecendo, o Marechal tá bem, logo ele vai vim aqui falar com você.

E o meu bebê? E o Lucas?

Eu queria tanto perguntar, queria tanto que ela me ouvisse, mas por mais que eu gritasse, minha voz não iria sair. Então apenas continuei em silêncio esperando que ela pudesse adivinhar o que eu estava pensando.

...

—E ai, Lorena... —Essa é uma voz desconhecida pra mim. —É o Lennon. Ainda não tivemos chance de trocar uma ideia daora. —Tem razão... —Marechal me pediu pra vir te ver, tu sabe como ele é cabeça dura né? Queria ter alta pra vim ficar contigo e só se acalmou quando eu disse que ia vim. Tá na hora de acordar já em, já se passou 1 dia...

O meu bebê tá bem, Lennon? E o Lucas?

E outra vez sem resposta, apenas um longo suspiro pesado. Eu preciso acordar, preciso me levantar. Por que não consigo?

...

—Lorena, desculpa ter levado todo mundo pra aquela casa. Se eu soubesse... —Não é sua culpa, Amanda. —Tu precisa acordar, Lorena. Não desiste, continua forte do jeito que tu tá indo. Sinceramente, eu não quero perder mais ninguém por minha culpa. Eu sei que isso pode ser meio egoísta... Mas eu perdi pessoas demais, Lorena. Tu não pode ser uma delas, mesmo que a gente se conhece há dias. Quero tu em pé pra gente poder curtir e se conhecer.

Eu também quero Amanda, você não imagina o quanto eu quero acordar. Meu cérebro está cansado de tantas vezes que tentei mexer meu corpo, mas apenas me desgastei.

...

—Fala, preta... —Meu coração se acelerou de todas as formas possíveis fazendo ele soltar uma risadinha. —Isso é tu mostrando que tá me ouvindo? Tá esperando o que pra acordar em? Tá querendo me deixar atordoado assim?

Você sabe que não.

Tô com saudade, Lorena. Já faz 3 dias que tu tá apagada e até agora a médica não sabe o que tá acontecendo, apenas esperar e isso tá me deixando maluco. —Mesmo meus olhos estando fechados eu podia sentir eles ficando marejados. —Talvez tu esteja preocupada, o Lucas tá bem, não se preocupa que a tua mãe tá cuidando dele.

UM LANCE PERIGOSO (MORRO)Onde histórias criam vida. Descubra agora