Capítulo 3

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Orion Black

21 anos antes.

— Papai, podemos ir...

Eu iria fazer um convite ao meu pai mas ele passou por mim sem me dar atenção, ignorando-me totalmente. Já faz alguns dias que seu tratamento está ainda mais frio comigo.

    — Esqueça, Orion. Preciso levar Kennedy ao treino de futebol.

Ouvi meu pai falar enquanto levava meu irmão caçula em suas costas.

Meu irmão caçula com apenas 4 anos de idade parecia muito feliz com a situação que acontecia à sua volta, seus olhos brilhavam em satisfação.

    — Mas pai, eu preciso do senhor para...

Se virando para mim, meu pai lançou um olhar repreensor, sem nem ouvir o que realmente eu precisava, então me interrompeu grosseiramente.

— Estou ocupado. Peça a sua mãe. É mais do que obrigação dela fazer as coisas para você.

Naquele instante, a decepção foi grande e minha garganta estava ardendo enquanto eu segurava as lágrimas por tamanha frustração e raiva. Fechando as mãos em punho, respondi não me importando se receberia punição pela minha ousadia.

— Também é sua obrigação cuidar de mim. Sou o seu filho mais velho.

O olhar que meu pai direcionou a mim foi tão frio e indiferente, que recuei alguns passos quando ele se aproximou de mim e sem eu esperar, desferiu um tapa em meu rosto, que foi forte o suficiente para me derrubar no chão e me encolhendo, ouvi meu pai cuspir palavras raivosas.

    — Nunca mais ouse responder para mim, Orion.

As lágrimas que tanto segurei a minutos atrás, desceram pelo meu rosto como se fossem uma cascata e minha mãe surgiu como uma luz no meio daquela escuridão e me tomou em seus braços de uma forma protetora, enquanto me embalava com carinho, eu sentia cada vez mais a raiva do meu pai crescer em meu peito.

Eu já estava com 14 anos, quando memorizei a sensação de raiva do meu pai, e depois daquela agressão, minha mãe e eu saímos de casa, decididos a nunca mais botar nossos pés naquela residência.

Apesar da pouca idade, eu sabia o que estava acontecendo. Eu conseguia entender tudo perfeitamente. Meu pai sempre me tratou com indiferença e apesar de me esforçar para chamar sua atenção de um jeito positivo, ainda assim só recebia retaliações e críticas.

Mas tudo passou a fazer sentido quando descobri que meu pai havia traído mamãe e teve um filho fora do casamento, e quando vi Kennedy pela primeira vez, imaginei que não teria problema em ser próximo do meu irmão caçula, uma vez que nós não temos nenhuma culpa do que aconteceu entre os adultos então decidi que eu faria o meu papel de irmão mais velho mas Kennedy adotou uma postura completamente ofensiva contra mim, fazendo piadas sobre minha mãe e até mesmo sobre nosso relacionamento então eu tive a certeza de que meu pai falava mal de nós para a atual mulher e o filho e a partir disso, comecei a me posicionar como filho mais velho, cobrando atenção sem me preocupar com meu irmão mais novo, mas com decepção, vi que não fazia diferença nenhuma para meu pai.

Com um pouco mais de 10 anos de diferença, eu e meu irmão passamos a não nos ver e isso foi a escolha certa a se fazer durante nosso crescimento.

Minha mãe estava divorciada, mas devido as empresas que meu avô deixou de herança recebíamos uma boa quantia em dinheiro para nos sustentar, com isso, minha mãe nunca se incomodou, podíamos viver bem e sozinhos, pois estávamos felizes daquela forma.

Nunca mais direcionei uma palavra ao meu irmão até o dia em que ele tomou Lilian de mim, e apesar de querer aceitar a escolha dela, é difícil aceitar que ela está comprometida justamente com ele.

Proibida para eleOnde histórias criam vida. Descubra agora