Capítulo 10

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Lilian Bronks

Sei que não deveria, mas estou passando por um período difícil de aceitação. Mesmo sabendo que Kennedy me fez mal e que eu devo ficar longe dele, ainda assim, permito que ele me ligue. Meu coração parece pesar toda vez que atendo suas ligações, mas é automático. Sempre que atendo suas ligações, eu acabo saindo ainda pior, o que faz eu me arrepender em dobro depois.

Sei que isso é dependência emocional, sei que me faz mal, mas não sei como me afastar ainda mais. Estamos sem nos ver a dias, e ainda assim, sinto que tenho obrigação de falar com ele. Não é desejo ou saudade, é apenas obrigação. Como se eu devesse satisfações a ele.

Lembro-me de quando me sentia bem quando Kennedy me elogiava e depois me sentia mal por ele me deixar de lado e passava dias sem falar comigo. Eu ficava muito mal, passava dias sem comer, me sentia cabisbaixa esperando um retorno, uma ligação ou mensagem

dele, desejando que ele confirmasse que estávamos bem e para piorar, também tinha traições, sabia que ele sumia porque estava com outras e isso me feria profundamente.

Mas hoje, depois que contei a verdade para Orion, pela primeira vez me senti aliviada por compartilhar um sentimento meu, sinto que estamos mais próximos e isso me deixou confortável, é como se ele confiasse em mim, e sei que posso confiar nele também.

Agora sei que preciso ser rodeada por pessoas assim, que me ouçam e me inspirem confiança. Que me apoie e me permita crescer.

Me olhando no espelho, vi um sorriso brotar em meu rosto, pois sei que se eu fizer o meu melhor, com certeza poderei correr atrás dos meus sonhos pois ainda dá tempo de receber o que mereço. Estou em um emprego digno, recebendo um salário duas vezes maior que o anterior e sei que agora posso terminar a minha faculdade e animada e cheia de planos, sai do meu quarto e comecei a limpar a cobertura, serviço no qual me tomou horas a fio.

No fim da tarde, eu havia preparado o café, fiz um bolo e estava assando cronometradamente então me direcionei ao banheiro para tomar um banho, coloquei um vestido longo e escovei meus cabelos que estavam molhados e então lembrei que as janelas estavam abertas e já estava escuro então corri para fechá-las, até que cheguei no último quarto restante. O quarto de Orion e senti uma inquietação surgir em meu peito.

Era sempre assim, entrar no espaço dele ainda causa um alvoroço em mim.

Abrindo a porta, me direcionei até a janela, e assim que cheguei, vi que já havia anoitecido lá fora.

O céu estava limpo, e sorri com o pensamento de mais um dia sem problemas e então me direcionei a porta até que a foto de Orion com uma mulher morena e elegante chamou minha atenção mais uma vez.

Eu acredito que seja sua mãe, uma bela mulher com aparentemente 55 anos, cabelos presos em um coque chique, com roupas de gala, e sorrisos verdadeiros estavam em seus rostos.

Automaticamente sorri, e pensei na sorte da mulher que entrará para a família, então um sentimento amargo me tomou, e confesso que me deixou incomodada, algo como raiva ou ciúme.

Ciúmes de Orion, sério?

Sacudi a cabeça afastando os pensamentos e com os dedos trêmulos coloquei o porta retratos em seu lugar e assim que virei de costas já ouço o barulho de vidro se estilhaçando no chão e fechei os olhos não acreditando no que eu fiz.

Droga.

Me ajoelhei para juntar o porta retratos, me xingando mentalmente por ter quebrado algo que é importante para Orion. O meu chefe.

Que merda.

Com meus dedos ainda trêmulos, me ajoelhei no chão e limpei os vestígios de vidros que estavam no porta retratos, temendo ter danificado a foto e me sentindo inútil por ter mexido em algo que não me pertence até que ouço uma movimentação atrás de mim, e uma voz grave aparentemente preocupada quebrar aquele silêncio tão constrangedor.

— Lilian, você está bem?

Se abaixando ao meu lado, Orion se curvou e me tocou gentilmente nas costas e olhei em seu rosto uma expressão que deixava claro a sua preocupação, nada além disso e então lembrei de quando Kennedy brigou comigo por ter quebrado seu porta retratos a alguns anos atrás, aquele dia ele realmente ficou furioso comigo e sumiu por dias.

Um pedido de desculpas não foi suficiente, ele realmente sumiu por dias e não atendia minhas ligações. Era o porta-retratos da sua falecida mãe.

— Me desculpe, Orion, por favor... Eu só vim...

Murmurei me sentindo muito culpada e coloquei a foto em cima da cama e dei um passo para me afastar daquele pouco espaço que existia entre nós pois estava sufocante e excitante, mas a culpa ainda era maior e estava me deixando atordoada, e acabei pisando num pequeno caco de vidro e pela primeira vez vejo que estou descalça.

— Ai...

Nesse instante recuei sentindo uma fisgada no pé se espalhar, e se aproximando rapidamente, Orion soltou a pasta que estava em suas mãos e murmurou.

— Não se mexa, Lilian.

Rapidamente ele me levantou em seus braços, me colocando sentada em cima do colchão, envolvendo meu pé por entre suas mãos grandes, fui minuciosamente examinada até que senti seus dedos massagearem a sola do meu pé e senti meu coração acelerar com aquele toque que parecia tão íntimo e secreto entre nós e nesse momento, senti meu coração acelerar sob a visão que estava a minha frente. Orion estava ajoelhado sob meus pés, atento aos movimentos que fazia e quando seus olhos encontraram os meus, senti uma eletricidade me chamando para o homem que estava ali cuidando de mim e sem eu perceber, a culpa por ter quebrado o porta-retrato já havia sido esquecida mas ainda murmurei.

— Não queria ter quebrado seu porta-retratos. Sinto muito.

Orion me olhou de lado, enquanto ainda apertava seus dedos em meu pé e respondeu.

— É só um objeto, Lilian. Está tudo bem.

Seus olhos estavam fixos em meu rosto, me passando uma tranquilidade tão espontânea que consegui relaxar diante de Orion. Posso dizer que ele realmente se tornou uma pessoa fundamental para que eu pudesse recuperar meu controle e calma depois de tanto sofrer.

Olhando o seu cuidado e preocupação comigo, de repente senti a vontade de beijá-lo como eu havia feito naquele carro e engolindo em seco, tranquei a respiração me sentindo atordoada com aquela intensa vontade de aproximação.

Acredito que por apreciação ao seu toque, eu me curvei de modo que ficasse de frente para ele, e nesse instante consegui finalmente relaxar diante do que poderia ou não acontecer.

Apertando meus pés próximo ao calcanhar, senti os dedos hábeis lentamente e diante da atenção que estava recebendo por um momento me senti preciosa para esse homem e isso me deixou acreditar que eu poderia confiar e me entregar ao que viria a seguir.

Jogando meus braços para trás, fechei os olhos e decidi aproveitar aquela sensação tão boa dos seus dedos em mim, sentindo meu corpo inteiro se arrepiar como se estivesse pedindo pelos seus toques, quase implorando por mais atenção, uma vez que parecia que aqueles toques não eram mais suficientes.

Posso dizer que a cada toque firme, Orion me fazia desejar ainda mais as suas mãos em outros lugares do meu corpo, como uma eletricidade se espalhando vagarosa e sedutoramente pelo meu corpo, em pontos extremamentes sensíveis me deixando cada vez mais faminta.

Ele parecia estar bem com o fato de eu receber tão bem os seus toques, e por mais que seja apenas uma massagem nos pés, o fato dessa doce carícia estar sendo feita por um homem igual a Orion me atinge com uma excitação que nunca senti antes, e se eu me sinto tão entregue e a vontade com ele, quer dizer que posso me entregar de verdade ao que ele poderá oferecer a mim.

Proibida para eleOnde histórias criam vida. Descubra agora