O príncipe se sentia desolado após a recusa de Marinette, aliás nem podia se dar o luxo de passar um dia inteiro na cama e nem desabafar com seus amigos, já que não queria expor a garota a nenhum constrangimento. Além disso, uma possível guerra batia na porta, não pretendia perder seu tempo.
O peso da realeza era sempre colocar as prioridades de sua nação a frente das suas. Era, é e sempre será assim na sua vida, e aquilo o machucava demais pois quase sempre suas decisões não seriam 100% suas, inclusive seu casamento.
Adrien se levantou de sua cama ao raiar do Sol, apesar do seu humor não estar quente igual ao astro rei naquele dia. Logo, se esticou um pouco e seguiu em direção ao banheiro para lavar o seu rosto e trocar sua roupa.
Olhava antônito para o espelho, sem saber o que fazer, pelo visto o amor machucava mais do que ele esperava.
Parou e respirou fundo, precisava encarar a realidade querendo ou não.
Colocou sua típica camiseta de botões branca, a calça jeans azul claro e o tênis preto, já que, aquele dia só seria de estudos e algumas reuniões com o conselho real, como príncipe e líder, precisaria estar a par de qualquer plano de defesa.
Olhou para si mais uma vez no espelho com uma feição neutra e se retirou dos seus aposentos determinado só para ocupar a cabeça com suas rotineiras obrigações. Porém, seus planos foram água abaixo ao esbarrar com uma pessoa no fechar da porta:
– Me desculpe!– Disse a voz.
Adrien tratou logo de responder mas a voz, porém a frase "não foi nada", por algum motivo não saiu da sua boca, já que não teve tempo para processar a sonoridade
Era Marinette, justo a garota que o fez se apaixonar em tão pouco tempo e que lhe deu um triste veredito na noite anterior.
– Desculpa, Adrien...– Ela falou de forma cabisbaixa ao perceber o silêncio do loiro, desconcertada pela sua ação e as memórias recentes. Com isso, se retirou de cabeça baixa, deixando o loiro sozinho.
– Espera...– Adrien fez menção de ir atrás dela mas seu corpo não se moveu. Era horrível aquela sensação de querer ter o que não podia. Bufou de descontentamento encostando o corpo na porta, fechando os seus olhos. O dia iria ser longo e difícil.
Para sua sorte, a sua rotina iria ser um pouco diferente: Iria ficar a manhã na sala de reunião para se informar sobre as estratégias contra o grupo de criminosos que pairavam ultimamente no reino. Contanto, os estudos ficariam para mais tarde e não se debateria tanto com Marinette durante o dia.
Claro, o loiro tinha consciência que futuramente teria que se comunicar com a azulada, afinal, ela fazia parte da equipe e não podia deixar seus sentimentos tomarem grande parte do seu raciocínio. Em contrapartida, não ter Marinette no seu lado como queria, o doía, demais.
Andou determinado até a sala de jantar, precisava de um café reforçado para iniciar o dia e estar disposto o suficiente para aguentar inúmeras informações militares e ajudar a aprimorá-las, e isso sempre o deixava exausto. Desceu as escadas, vagarosamente, precisava ainda de um cuidado pois podia sentir uma leve tontura, o veneno tinha efeito a longo prazo fortemente. Chegando no térreo, ouviu as vozes misturadas de seus amigos, o que fez sorrir:
- Bom dia, mano. Dormiu bem?- Nino anunciou quando percebeu a presença do príncipe.
- Bom dia! Sim, dormi bem, obrigado. E vocês?- Mentiu.
Não havia dormido bem. Ficara com uma insônia terrível, acordou de mal humor e triste por ter tomado um "fora" ontem, porém ninguém podia saber que estava se envolvendo com Marinette, contanto, iria disfarçar ao máximo.
- A gente dormiu meio tarde, estávamos assistindo um filme para descansar. Como você estava treinando com a Marinette, não o chamamos.- Myléne informou.
- Ah tudo bem, eu precisava dormir cedo de qualquer forma, irei ficar enfurnado em uma reunião a manhã inteira.- O loiro disse enquanto se sentava na sua típica cadeira.
- Vixe, boa sorte, amigo, pelo o que eu calculei, os generais estão trabalhando há semanas em uma estratégia a longo prazo- Falou Max.
- Que sorte a minha...- Murmurou lamentando. Definitivamente, aquele não era seu dia.
...
Marinette estava no jardim treinando seus passos de dança sem sucesso, resultando em uma terrível frustração. Já havia tomado café antes dos aprendizes, contanto, queria espairecer seus sentimentos na arte por um momento.
Não comentara com suas irmãs, mas fazia dias que não conseguia dançar. Pela lógica, pensava que era sua cabeça cheia, já que em um curto período de tempo perdeu seu pai de forma horrenda, se mudou, se apaixonou- e quase perdeu sua paixão em um atentado- e o recusou por um bem maior na noite anterior, além da possível tensão política que ameaçava sua paz. Detestava entrar em bloqueios, porém aquele estava sendo o pior, não estava conseguindo fazer um giro simples, além de cair facilmente. A azulada no seu cotidiano era bem desastrada, sabia disso, porém quando dançava, incorporava uma musa tão graciosa quanto uma flor de lótus desabrochando em uma noite de luar. Era como se fosse uma pintura óleo neoclassicista em movimento. Isso é o que seu pai dizia ao ver suas apresentações.
Quis chorar, de novo, era muita emoção para assimilar, mas ao invés disso, fechou o leque que usara de acessório para a dança. Decidiu que iria para a biblioteca ler alguma coisa.
Enquanto caminhava, lembrou da mulher do seu sonho.
Será que era uma memória de uma vida passada? Ou dessa vida mesmo? Será... Que era sua mãe? Muitas teorias e dúvidas surgiam em um curto espaço de tempo na mente de Marinette. Não sabia como desvendar aquele mistério, já que, nem sabia qual país nascera, como iria encontrar algum documento que provavelmente remeteria seus ancestrais? Impossível, pensava.
Refletia também como estava Adrien.
"Céus, eu as vezes odeio ser tão empática" exclamou mentalmente, mas era inevitável, ia pensar no loiro de qualquer forma. Sabia que o príncipe não sentia algo raso, e aquilo lhe doía pois era uma boa muda para se cultivar e colher bons frutos, mas ela não tinha a condição de ter o adubo certo, pois aquela muda é rara e incompatível com sua realidade. No fim, só conseguia lembrar do cheiro amadeirado do pescoço de Adrien, do toque gentil mas ao mesmo tempo firme em sua cintura e os beijos calorosos que dera em seus lábios e clavícula, e no fundo, mesmo que não gostasse de admitir, queria que fosse o corpo inteiro, porém era nova nisso e esses pensamentos lhe traziam vergonha.
Respirou fundo e entrou no palácio rumo à biblioteca. Suas irmãs iam treinar luta, os aprendizes aulas de estratégia e Adrien ia ficar ocupado com a reunião, ou seja, só encontraria no almoço a não ser que sua presença fosse solicitada de forma especial, porém, conseguiria se esconder durante a tarde em outro canto do palácio. Não queria encarar o príncipe tão cedo, não por estar brava, mas porquê se sentia mal por lhe partir o coração.
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Royals
FanfictionEm um reino futurístico, a França é comandada pela Família Real Agreste. Depois de anos de guerras, os continentes finalmente tiveram paz, porém os conflitos têm consequências, pois os reinos como o da China, e do Japão foram devastados e ninguém s...