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— Por favor...— Me desabei em lágrimas.

Eu não queria vê-los ou interagir com eles, por conta deles eu tenho marcas horríveis em meu corpo e na minha alma, marcas que me machucam até hoje.

Mas se Tomioka fizesse o que havia me prometido jamais veria eles novamente, então assim fiz e concordei em ir nesse jantar maldito.
Que por um acaso seria naquela noite.

Tomioka foi embora e o resto do dia eu e Sanemi não nos falamos, a conversa de mais cedo me deixou chateada. Eu entendo que deixar de amar alguém é difícil, principalmente se aquele alguém era o amor da sua vida e você tinha certeza disso, tanto que iriam construir uma família juntos.

Mas é doloroso, começo a pensar que talvez eu não vá ser suficiente para ele...

Me vesti com meu uniforme de Hashira, coloquei minhas adagas na bainha e sai de casa sem ao menos dar tchau para Sanemi, fui até o restaurante que Tomioka havia me informando.
Entrei e procurei por Tomioka que estava sentado a mesa juntamente com nossos pais.

Respirei fundo e fui diretamente para a mesa que eles estava, cumprimentei meus pais me curvando mas não falei nada.

O clima estava horrível, pedi minha comida e logo recebi críticas por tanta comida que eu havia pedido, mas eu não me importei tanto até eles resolverem tocar em assuntos que já não lhes diziam mais respeito, como por exemplo minha vida amorosa.

— Aquele Hashira que visitou a mansão de Giyu mais cedo, seria seu namorado?— Minha mãe falou com um tom de deboche.— Mal educado como você, devem se dar bem.

— Vocês pretendem casar? Sabe que ele terá que pedir sua mão a mim não é?— Meu pai comentou se achando no direito.

Calada estava, calada permaneci.
O clima continuou ruim, ninguém falava nada direito, mas antes que Tomioka-kun pudesse abrir a boca para falar algo, gritos foram escutado da cozinha.

— SOCORRO!!— Uma mulher saia da cozinha completamente ensanguentada.

Tomioka e eu nos preparamos para o que estava por vir, como esperávamos um Oni, aparentemente era uma das obras quase perfeitas de Muzan pois o Oni tinha uma certa beleza, mas o que sua beleza se máscara a era o seu maldito caráter.

Tentáculos saíram de suas costas pegando pessoas ao redor jogando longe, fazendo várias delas desmaiarem.

Giyu usou duas formas d'água, mas por mais que o corte em pedaços sua regeneração era muito rápida, deixei Tomioka com o principal enquanto lutava com alguns Onis secundários que chegavam para atacar as pessoas.

Comecei a lutar e acordar todos os Onis que apareciam em minha frente, depois de tanto lutar eu estava mais ágil e bem mais forte que o comum, antes não lutava corpo a corpo mas agora eu chegava ao ponto de abrir a cabeça de um oni com minhas próprias mãos.

Minha visão ficou avermelhada, minha coxa queimava e logo eu percebi que meu dragão havia acordado, olhei aí redor e andei para ajudar o meu irmão, mas antes que eu fosse passei por um oni que intimidava meu pais que estavam encolhidos debaixo da mesa, paralisei ao ver a cena e por um minuto eu pude sentir minha raiva tomar conta de mim, pois aquele era o momento perfeito para que eles sumissem da minha vida, mas assim que o monstro tirou a mesa de cima deles com um só golpe cortei sua cabeça e seus braços sujando meus pais com aquele sangue nojento.
Sem dizer sequer palavra corri até Tomioka encostando nossas costas, eu dava cobertura para ele enquanto ele tentava matar a fonte do problema.

Naquele momento em específico, assim que Tomioka utilizou o seu dragão de água o meu dragão vermelho apareceu unindo forças com o dragão dele assim matando todo e qualquer Oni que ali estava.

Eu e Tomioka seguramos um no outro.

— Tá bem?— Ele me perguntou.

— Estou, e você?

— Tudo certo.

Depois de um bom suspiro, fomos até os nossos pais.
Ao chegar perto eu me abaixei ficando da altura deles e Tomioka estava atrás de mim em pé também olhando para eles.

— Não sou filha de vocês, esqueçam que um dia eu existi.— Me levantei para sair.

— Não deixarei de manter contato, mas por favor não apareçam mais.— Tomioka falou sem ao menos dar a chance deles falarem algo.

Eu e meu irmão saímos do restaurante e fomos para a mansão borboleta, ele foi para Shinobu cuidar de suas feridas e eu entrei na floresta que havia atrás da mansão.

Caminhei até certa parte, onde achei uma linda cachoeira com água cristalina, tirei minhas vestes e minhas armas as deixando de lado e entrei naquela água gelada.

Meu corpo todo tremeu de frio, mas eu aproveitei toda aquela água mergulhando várias e várias vezes....

— Você não deveria ter passado pela Shinobu antes de vir para cá?

Me virei dando de cara com Rengoku sentado nas pedras com um kimono vermelho.

— E você não deveria está treinando com Uzui?— Falei amarrando meu cabelos em um coque.

— Deveria, mas Suma passou mal pela manhã.— Ele me olhou sorrindo.

— Você acha?

— Ah, talvez... Não sei.— Ele sorriu meio besta.

— Você daria um ótimo pai, Rengoku-kun.— Sai da água.

Rengoku ficou vermelho ao me ver sem roupas, mas não é como se ele já não tivesse me visto em ocasiões piores.

— Um dia serei, eu adoraria ter um mini rengoku.— Ele sorriu largo e veio até mim me cobrindo com seu haori.— Esse uniforme está sujo, vou levar para as meninas lavarem.

— Muito obrigada.— O cumprimentei me curvando.

Ele pegou minhas roupas e minhas armas, me deu o braço para que eu pudesse segura-lo e assim fomos conversando até chegar na mansão.

Eu o falei como eu estava aliviada por ter confrontado os meus pais e ter encorajado Tomioka a fazer o mesmo, agora eu jamais voltaria a ser perturbada por eles.
Era um alívio enorme, eu finalmente ia ser feliz.

Continuamos a conversa aleatoriamente, assim que estávamos chegando me deparei com Shinazugawa nos observando de longe, com o rosto frio que estava e nos olhou e saiu andando como se não tivesse visto nada.
Deixei Rengoku na entrada dos fundos da casa e fui atrás de Sanemi que estava já saindo da mansão, corri até ele e o segurei pelo braço.

— Sanemi-kun? O que houve?

Ele se virou para mim com raiva e melhorou com aqueles olhos que pareciam ler toda a minha alma.

Continua...

Hashira •Sanemi Shinazugawa•Onde histórias criam vida. Descubra agora