CAPÍTULO IV

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- m....ma...mas que merda, Artur? O que...o que você está fazendo aqui?

- aí meu Deus, eu não acredito... Eu matei um homem? É isso mesmo? Eu matei um homem, meu Deus do céu, o que eu fiz, eu vou preso, eu sou um assassino, por sua culpa eu matei esse homem - disse o Artur. Ele está ofegante, o coração acelerado ecoando em seus ouvidos. Seu rosto pálido reflete o peso da culpa enquanto ele se encolhe contra a parede com a mão no peito, tentando se esconder das sombras que parecem se mover ao seu redor. Cada sombra e ruído faz seu corpo estremecer, pois ele teme que seja a vingança da pessoa a quem ele fez mal. Seus olhos estão cheios de arrependimento e medo.

- vamos nos acalmar está bem? - disse a Linda se aproximando do Artur colocando suas mãos no ombro dele - Precisamos chegar na nossa embaixada com urgência - continuou a Linda.

- e porque esse homem quis matar te? O que fizeste desta vez? Não me digas que deixaste outro homem plantado?

- hahahha deu pra dar uma de engraçadinho! É uma história longa, e o que você faz aqui? Como você me encontrou?

- eu vim aqui para te matar - disse o Artur se aproximando da Linda mas logo em seguida começa a vomitar.

A Linda faz cara feia - é...agora tens que entrar na fila e... E não tinhas nada que ter me seguido, agora eles também irão atrás de ti.

- eles quem? Tem mais? Em que problema se meteste Linda? - disse o Artur enquanto limpa o resto do vómito com as mãos.

Mais alguns homens viam atrás da Linda e começaram a disparar contra eles.

- oh meu Deus do céu! Que que isso? - disse o Artur.

- vamos sair daqui.

Os dois puseram se a correr e os homens vieram atrás deles. Um dos homens viu o corpo caído do seu colega, ordenou que os outros fossem atrás deles, enquanto ele ficou e fez uma chamada para o Hector informando do ocorrido.

A perseguição continua, sem conhecerem nada da cidade, os dois correm desnorteadamente, os homens atrás deles disparando sem se importarem com os civis andando pela rua. Eles conseguem se esconder dos perseguidores.

- acho que conseguimos despistá-los - disse a Linda.

- precisamos ir denunciar esses homens - disse o Artur.

- de certeza que eles controlam até os políticos desse país, ir à polícia não vai adiantar nada e o que vamos dizer? Você matou um homem, nossa única solução é chegar na embaixada o mais rápido possível.

- quem são eles, já podes contar me o que está acontecendo?

- quando eu cheguei aqui, eu fui trabalhar numa clínica comunitária e esses homens foram pra lá, pelo pouco que eu entendi parece que o chefe não estava gostando da nossa presença por lá e...meu Deus, não quero nem lembrar disso - disse a Linda que começa a chorar.

O Artur fica por uns instantes receoso mas logo em seguida dá um abraço nela - se acalme, nós vamos conseguir sair daqui.

- ainda bem que estás aqui, não sei o que eu faria se estivesse sozinha.

- é...mesmo tu não merecendo.

A Linda se afasta do Artur - vai começar?

- fique aqui, vou fazer uma chamada - disse o Artur se afastando da Linda, ele liga para o Armando. - Irmão!

- como vai irmão? Conseguiste encontrar a Linda?

- sim, encontrei ela - disse o Artur sem tirar o olhar nela - mas eu preciso da sua ajuda agora, preciso saber onde fica a nossa embaixada aqui na Colômbia, podes descobrir para mim?

- sim claro, mas porque precisam ir na embaixada? Porque não pegam um voo direto pra cá? - pergunta o Armando.

- é uma história longa e louca meu irmão, não diz nada aos nossos pais por favor, não quero deixar eles preocupados, é...é que estamos sendo perseguidos por uns traficantes, eles querem nos matar.

- o quê? Está falando sério?

- sim, eles estão nos procurando querendo a nossa cabeça.

- eu vou ligar diretamente para a embaixada e eles vão enviar uns agentes para vos escoltar até lá, deixa só fazer umas chamadas meu irmão, depois te ligo.

- obrigado pela ajuda irmão, até logo.

A Linda se aproxima do Artur - pra quem você ligou?

- para o Armando - disse o Artur frio.

- espero que ele consiga nos ajudar - disse a Linda.

- ele vai conseguir, ele tem muitos contatos na agência - continuou o Artur com um olhar gélido, sem emoção no rosto. - agora precisamos de um sítio para passar a noite, vamos - Seu tom de voz é frio e distante, transmitindo indiferença e desprezo por ela.

- sério que vai me tratar com tanta frieza?

O Artur avança deixando a Linda para trás e ela segue-o. Eles encontram um motel para passar a noite.

- há quartos disponíveis para essa noite? - pergunta o Artur para a recepcionista.

- quartos? Não vamos dormir juntos? - pergunta a Linda.

O Artur olha para a Linda- claro que não - disse o Artur que em seguida faz o pagamento dos quartos e os dois sobem. Os quartos eram lado ao lado. O Artur entra no seu quarto sem dirigir uma palavra nela.

Ela ficou parada na sua porta olhando para o Artur com o semblante triste - boa noite pra ti também - ela entra no seu quarto.

No meio da madrugada, a Linda decide sair um pouco para apanhar ar. Envolvida pelo silêncio da madrugada, sentada na escada, olhando para o céu estrelado. O ar fresco da noite acaricia seu rosto, trazendo uma sensação de calma e tranquilidade. Ela respira profundamente, deixando as preocupações do dia para trás, encontrando um momento de paz e introspecção antes do amanhecer.

Lágrimas escoam nos seus olhos quando surgem as lembranças dos homens matando seus amigos. De um certo modo ela se culpa por não ter ficado com sua amiga Teresa.

Numa distância, ela observa dois homens vindo em direção ao motel, ela se esconde e continua olhando. Ela desconfia que possam ser os homens do Hector.

- como eles nos descobriram aqui - ela corre para dentro e vai até o seu quarto e pega nas suas coisas e em seguida vai até quarto do Artur e começa a bater com muita força, o Artur não abre mas ela insistia até que depois de alguns instantes o Artur decide abrir.

- o que você quer? - pergunta o Artur que está apenas de calções, a Linda entra e fecha a porta.

- veste uma roupa rápido! Eles estão vindo, não sei como eles nos descobriram mas precisamos sair daqui rápido.

- está bem - disse o Artur vestindo rapidamente, ele pega na sua mochila

Os dois estão com olhares tensos e mãos trêmulas enquanto colocam as roupas e objetos na mochila. O som de passos se aproximando ecoa pelo corredor, aumentando o senso de urgência. O medo está estampado em seus rostos enquanto trabalham freneticamente para escapar antes que seja tarde demais.

Noiva Em Fuga {Concluído}Onde histórias criam vida. Descubra agora