CAPÍTULO VI

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2005, Dezoito anos antes...

Num final de tarde, um casal estava em meio a uma discussão acalorada na sala de estar da casa. Se tratava da sra. Manuela e o sr. Marcos.

Os rostos estavam vermelhos e as palavras eram pronunciadas com intensidade. Ela gesticulava com as mãos enquanto expressava sua frustração, enquanto ele batia a mão na mesa, demonstrando sua raiva. A atmosfera estava carregada de tensão e hostilidade.

No meio dessa briga, a Linda, uma garotinha de cabelos pretos cacheados e olhos assustados, estava encolhida no canto da cama no seu quarto. Ela tinha apenas dez anos de idade e segurava seu bichinho de pelúcia com força, buscando conforto em sua presença familiar. Seu rostinho angelical estava pálido e seus olhos brilhavam com lágrimas prestes a cair.

Ela escutava as vozes exaltadas dos pais, mas não entendia completamente o motivo da discussão. Ela sentia medo e confusão, desejando que a calma retornasse ao ambiente familiar que ela conhecia e amava. Seu coraçãozinho inocente anseia por um abraço protetor e palavras tranquilizadoras que lhe digam que tudo ficará bem.

- eu vou pegar minha filha e iremos embora dessa casa - dizia a sra. Manuela enquanto subia as escadas.

O seu marido segurou forte no braço dela - você não vai levar minha filha a lugar nenhum, se quiser ir vai, mas minha filha fica aqui comigo.

- ficar aqui com você? Para você trazer a sua amante vadia aqui para nossa casa? Ela vai comigo e pronto.

- você não sabe do que eu sou capaz...

Ela interrompeu-lhe - o que vai fazer? Me diz, quero ver você me impedir. - ela faz força para que o seu marido a soltasse e correu para cima e ele foi atrás dela.

Ela tentou abrir a porta do quarto da Linda mas seu marido lhe segurou novamente e ela deu um tapa nele. O sr. Marcos ficou por uns instantes quieto com a mão sobre a bochecha ferida.

- não me faça fazer algo que eu possa me arrepender Manuela.

- você quer me bater? Vai bate também, quero ver se és capaz disso - ela se aproximou do seu marido e a discussão só aumentou.

- parem de discutir por favor - disse a Linda que saiu do seu quarto chorando.

Os dois pararam de discutir e a sra. Manuela vai até sua filha - meu amor. Por favor não chora. A mamãe e você iremos para outra casa, só nós duas - ela segurou no braço da Linda e as duas entraram para o quarto dela. O sr. Marcos tentou seguir mas a sua esposa fechou a porta na cara dele.

Ele ficou batendo a porta. Enquanto isso a sra. Manuela começou a arrumar as coisas da filha numa pequena mala, depois disso ela saiu do quarto junto com a Linda - vem comigo meu amor.

- eu já disse que você não vai levar minha filha.

- não assusta mais ela Marcos, eu vou com ela. Você querendo ou não.

A Linda correu para o seu pai e deu um abraço agarrando-se a ele com força, enquanto lágrimas escorriam pelo seu rostinho. A sra. Manuela chamava pela filha mas ela se recusava a soltá-lo, com medo de ficar longe dele.

Ela olha nos olhos do pai com uma expressão de tristeza e súplica, implorando para que não a deixasse ir.

O coração dela estava partido pela ideia de ficar separada do pai, seu porto seguro. O sr. Marcos acariciava gentilmente o rosto da criança, prometendo que logo estariam juntos novamente.

- vamos filha... Se...se despeça do seu pai - os olhos da sra. Manuela escorriam lágrimas que ela tentava esconder.

A Linda estava firme em não largar o seu pai, mas a sra. Manuela tirou ela a força e a levou. A Linda gritava chorando pelo seu pai dizendo que não queria se separar dele mas, de nada adiantou, sua mãe estava relutante em ficar.

Ela colocou a mala no porta bagagens do seu carro e mandou a Linda subir e contra sua vontade ela subiu. Durante o percurso na estrada, a Linda não parava de chorar pelo seu pai.

- por favor minha filha. Sei que deve ser difícil mas eu prometo que verás sempre o seu pai, eu prometo - dizia enquanto dirigia nas ruas já escuras.

- porque você está fazendo isso mãe? Eu não quero me separar do meu pai eu não quero.

- me entenda meu amor, quando você for grande você vai entender mas agora só escuta o que eu falo está bem?

- eu te odeio mãe, eu te odeio.

- não diz isso filha. Também estou sofrendo com tudo isso mas, certos sacrifícios são necessários - ela começou a chorar também.

Depois de alguns instantes elas chegaram no seu destino.

- olá Isabel, desculpa te incomodar uma hora dessas. Mas podemos passar a noite aqui?

- claro irmã, mas o que aconteceu? Porque estão chorando?

A Linda correu para sua tia e deu um abraço nela - a mãe não presta, ela me separou do papai - e em seguida ela correu para o quarto dos seus primos.

- que história é essa Manuela?

A sra. Manuela dá um abraço na Isabel chorando. - tive que sair de casa, não dava mais para sustentar aquela relação, não dava mais e...e o pior é que a minha filha me culpe disso tudo, está sendo difícil minha irmã muito difícil.

- vem cá querida - disse a Isabel que deu mais um abraço na sua irmã.

Noiva Em Fuga {Concluído}Onde histórias criam vida. Descubra agora