Song of my end

Uma Memória

Ver mortos era normal, todos morrem. Ver um amigo de infância assassinado brutalmente era outra coisa.
Eu cresci com Rosário, voltávamos juntos da escola, íamos a sua casa, eu conversava com seus pais.
Porra, quem foi o desgraçado que fez uma coisa dessas, quem foi o maldito. Eu ia pegar esse filho da Puta.
Para isso eu precisava ter sangue frio e ver o corpo de verdade e analisar.
Um corpo com sinais de esfaqueamento. Tinha perfuração nas duas pernas, como se ele tivesse a vontade de ver ele tentar fugir, pelo formato, não havia sido feito por uma faca, era algo fino como uma agulha.
Isso não era o principal. Mesmo que o sangramento fosse muito, não era o suficiente para uma morte por hemorragia.
Por mais discreto que fosse, se tornou visível por um tempo depois de olhamos tanto o corpo. Uma queimadura por fio de náilon, provavelmente.
Havia algumas probabilidades do que havia acontecido ali. A primeira seria que ele foi estrangulado e depois perfurado, mas mesmo assim faltava algo.
Mas mesmo assim, não fazia sentido o que faltava.
Falamos com Beramar, ele decidiu fazer uma pequena homenagem. Um funeral simples.
O dia foi corrido, tentei ajudar o máximo que eu podia, mas o desejo de estudar e entender o que faltava naquela merda era maior.
Quando o dia terminou, eu fui analisar os dados.
O corpo estava cheio de marcas, o nariz e o pescoço estavam manchados de sangue, segundo os legistas ele havia quebrado o nariz e as pernas, a minha teoria estava correta, ele havia sido perfurado depois de ter sido desmaiado.
Pelo que parecia, deixaram o corpo depois de morto, o sangue estava em todo o beco. A padaria e o supermercado, porque lá?
Quando eu era menor, costumava andar por toda a cidade buscando esconderijos. O beco era considerado um esconderijo. A questão é que não era o único ali.
O pequeno espaço leva aos esgotos. A cidade era limpa, mas alguns lugares tinham aberturas estranhas e pichações.
Estava na hora de investigar o que acontecia.