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(NARRADORA)

(CATORZE ANOS ANTES)

Boa parte da família Soares estava reunida nos fundos da casa, comemorando os 12 anos de Larissa. Primos, tios e sobrinhos haviam vindo de longe apenas para confraternizar com a garota que estava sempre à beira da mesa de presentes, medindo cada embrulho com o olhar.

Silvio- Minha filha, saia de perto dessa mesa um pouco e vá brincar. (disse Silvio para Larissa)

Larissa- A tia Juliana não me deu presente. (observou a garota após não encontrar o nome da tia materna em nenhuma das etiquetas gravadas nos embrulhos)

Silvio apenas riu e passou a mão na cabeça da filha, sem refletir a fundo nas palavras dela. Quando, porém, ele ia passando pela mesa de doces, encontrou Any, sua primogênita, com um olhar preocupado.

Silvio- Está tudo bem. Ny?

Any- Não sei, pai. Eu tenho a impressão de que...

No mesmo instante que Priscila se aproximou da mesa do bolo, chamando a atenção dos convidados para o momento do parabéns, Any segurou forte no braço do pai e olhou para baixo, constatando, junto com ele, que a sua bolsa havia estourado.

Any- Pai...

Silvio- Calma, minha filha. Vai ficar tudo bem.

Silvio beijou a testa de Any, tentando transmiti-la tranquilidade, e então disse:

Silvio- Iremos para o hospital agora mesmo. Só vou avisar sua mãe.

O homem correu até a esposa e lhe contou no ouvido o que havia acabado de acontecer. Priscila, sempre mais ansiosa, interrompeu a festa no mesmo instante, anunciando a todos com alegria:

Priscila- Pessoal, meu netinho vai nascer!

Todos festejaram, felizes, e desejaram boa sorte à Any que, acompanhada dos pais, entrou no carro, indo rumo ao hospital. Larissa, porém, ficou perto do bolo, inconformada de não poder parti-lo com Silvio e Larissa.

[...]

Any estava deitada na cama da maternidade olhando, apaixonada, para Joaquim, que, em seus braços, amamentava calmamente.

Any- Ele tem olhos verdes, mãe.

Priscila- Igual ao seu pai. (disse Priscila, risonha)

A morena concordou e abaixou um pouco a cabeça, a fim de beijar seu bebê. Então, quando voltou a erguer o olhar, viu a figura de David se desenhar à porta.

Priscila- Finalmente, rapaz! (Priscila exclamou)

David não disse nada, apenas entrou no quarto e caminhou até Any. Então deu-lhe, nos lábios, um beijo demorado apenas para provocar Priscila, que não tardou em repreender o rapaz, puxando-o pelos ombros, a fim de afastá-lo da filha.

Priscila- Acho que já está bom, né, engraçadinho?

Any- Mãe! (Any exclamou, fazendo Priscila soltar David)

Mas, tão logo mãe e filha se resolveram, Silvio entrou no quarto segurando dois copos de café e, ao ver David, reagiu quase tão mal quanto Priscila.

Silvio- Agora que você me aparece? (questionou Silvio deixando os cafés em uma mesa próxima)

David- Eu estava ocupado, ué!

Silvio- Ocupado com o que, moleque? O que pode ser mais importante do que o nascimento do seu filho?

David- Eu falei que era mais importante? Só falei que estava ocupado.

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