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(Any Gabrielly)

Olhei as horas no relógio que estava sobre o criado-mudo e constatei que eram exatamente 2:45 da manhã. Eu havia acabado de amamentar Letícia e, agora, ela estava dormindo novamente. Sua gripe estava melhorando, mas, em contrapartida, eu estava começando a ficar cansada.

Então, sonolenta, resolvi descer para a cozinha a fim de preparar um chá antes de tentar dormir novamente. Se querem saber, já faz, pelo menos, 1 ano que não durmo direito. Em partes, por causa da Leh, que ainda não estabilizou o sono. Mas, a bem da verdade, parece que já me acostumei a dormir pouco.

Ao chegar à cozinha, acendi a luz em meio a um bocejo que foi interrompido assim que vi Josh em pé em frente à pia. É impossível descrever o tamanho do susto que eu levei. Só não gritei mais alto porque tampei a boca.

Eu- Josh do céu, que susto! (exclamei rindo)

Ele se virou, pois estava de costas para mim, e também riu abafado:

Josh- Desculpa. Eu não queria te assustar.

Eu- O que você estava fazendo aí no escuro?

Josh- Eu vim tomar um remédio e não quis acender a luz para não acordar ninguém.

Ri internamente. Ele, sempre muito preocupado com os outros.

Caminhei até o armário e apanhei uma pequena chaleira; enchi de água e coloquei sobre o fogo. Então me escorei ao lado do fogão e perguntei:

Eu- Tá tudo bem?

Josh- Sim, só um pouco de dor de cabeça.

Eu- Qual remédio você tomou?

Josh- Dipirona mesmo.

Eu- Quer chá? (perguntei tirando duas xícaras do armário)

Josh- Acho que vou querer um pouco. Inclusive, me desculpe por ter mexido na sua cozinha, mas é que eu precisava de um pouco de água para tomar o remédio.

Olhei-o com um olhar brincalhão enquanto levava as xícaras até a bancada, o que o fez sorrir um sorriso que insistia em me derrubar.

Eu- Sinta-se em casa, Josh. Pode mexer na geladeira, colocar os pés em cima do sofá... Eu não ligo.

Ele sorriu outra vez e disse, enquanto eu tirava a chaleira de cima do fogão e voltava à bancada:

Josh- Não sei se consigo ficar tão à vontade.

Abri a caixinha que abrigava os diversos sachês de chá e virei para ele, dizendo:

Eu- Escolhe um.

Assim ele o fez.

Eu- Vamos ter que trabalhar a sua timidez, Josh. (falei escolhendo meu chá)

Mesmo sem olhá-lo, ouvi-o rindo baixo. Então, quando levantei o olhar, ele disse:

Josh- Quando eu trabalhava no circo e me apresentava para as pessoas, era muito mais difícil estar no palco do que fazer os números em si.

Ergui as sobrancelhas. Eu me lembrava vagamente da vez que ele começou a me contar sobre aquilo, mas algo nos interrompeu na época. Mas, agora, nada parecia ser capaz de interferir em nossa conversa.

Eu- O que você fazia lá? (perguntei, ansiosa por ouvi-lo falar)

Josh, então, olhou para a xícara e mexeu com o sachê por alguns instantes. Ele estava de um lado da bancada e eu, do outro. Meus olhos não conseguiam fitar outra coisa, senão seu rosto.

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