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(Josh Beauchamp)

Acordei com o toque do despertador do celular e o desliguei, mas não sem ter um pouco de trabalho. Eu sabia que demoraria um tempo para aprender a mexer no iPhone, afinal, eu nunca tive um celular. Aliás, até tive um, mas era um Nokia bem antigo que meu pai me deu quando trabalhava em uma fábrica em Pernambuco. Mas era de segunda mão, ou seja, logo estragou.

Levantei-me e, na sequência, me ajoelhei ao lado da cama para fazer uma breve oração. Quando ainda estava na rua, às vezes, eu não conseguia orar logo depois de acordar, porque, na maioria das vezes, Luca acordava primeiro do que eu e já reclamava da fome. Confesso que fiquei um pouco indisciplinado quanto a isso, mas, desde que minha sorte mudou, tenho me esforçado para manter a constância. Ainda mais agora que tenho muito pelo que agradecer.

Depois, segui para o banheiro, a fim de tomar um banho. Eu não sei se as outras pessoas entendem ou se isso é apenas capricho meu, mas, tendo passado tanto tempo na rua, sujo, apenas almejando poder tomar um banho decente, hoje, procuro sempre me manter limpo. A sujeira do corpo também pode ser um peso e era para mim.

Então me banhei e vesti o uniforme da clínica. No dia anterior, mesmo com toda a confusão, Any me lembrou de pegar meus pertences no apartamento. Olhei-me diante do espelho e me animei para mais um dia. Era bom ter um trabalho. Era extremamente bom ter recebido minha dignidade de volta.

Quando desci, encontrei Lurdes entrando pela porta da sala.

Eu- Bom dia! (saudei)

Ela me olhou, aparentemente surpresa por me ver ali.

Lurdes- Uai, Josh! Você aqui tão cedo?

Sorri com suas palavras e a acompanhei até a cozinha, enquanto respondia:

Eu- Houve alguns imprevistos e eu voltei para cá.

Ela assentiu, compreensiva, e disse:

Lurdes- Bom, então já que você está acordado, vou preparar o café...

Eu- Não, Lurdes. Não precisa se preocupar comigo. Pode esperar a Any acordar.

Eu sabia que havia levantado cedo.

Lurdes- É bom que eu já adianto meu serviço. Não é incômodo nenhum. Pode ficar tranquilo!

Conformei-me com suas palavras, até porque eu estava mesmo com um pouco de fome. Então, para compensar sua imensa boa vontade, ajudei Lurdes a colocar a mesa para o café da manhã.

Então, assim que me sentei para comer, senti uma mão tocar meus ombros e eu teria pensado que se tratava de Luca se a voz de Any não tivesse soado, dizendo:

Any- Madrugou, Josh?

Eu não sei o que tinha de errado comigo, mas era quase como se eu não pudesse evitar sorrir todas as vezes que ela falava comigo. Quero dizer, acho que tenho sorrido mais nos últimos dias do que durante todos os anos em que estive na rua.

É claro que, no início, eu tinha muita vergonha de sorrir, ainda tenho um pouco e a razão era - simples, mas, ao mesmo tempo, difícil para mim: eu não queria que ninguém notasse a falha que eu tinha no lado esquerdo da boca.

Às vezes, até brigo comigo mesmo, pois, parte de mim, acredita que essa minha preocupação não passa de vaidade, mas então percebo que não consigo evitar ficar embaraçado. Eu havia perdido um dos meus dentes da frente em uma queda e não havia um só dia em que eu era capaz de superar isso, exceto quando Any me fazia sorrir.

Sim, eu sorri quando ela disse aquelas palavras e nem sei porquê.

Eu- Não, acabo de acordar. (respondi e a olhei)

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