ONE-SHOT (JOGADORES FUTEBOL E ATLETAS)

Bela Paris| António Silva

António Silva

Acordo após uma semana longa de festejos, hoje finalmente estava de férias, mas sabia que não iria durar muito, porque teria que voltar daqui há 2 semanas para jogar pela seleção.

Nem iria a esta viagem, se não fosse pelo Edgar, que obrigou-me a mim, ao João Neves, e ao Hugo Félix para irmos com ele a Paris, era um sonho nosso ir, ele apenas juntou o útil ao agradável, todos estávamos cansados, e precisamos de descansar antes de irmos jogar pela seleção, todos por Portugal, mas em grupos diferentes.

Arrumei as malas e fui para o aeroporto a hora marcada.

- Como consegues chegar sempre em primeiro? - Pergunto para o Félix que sorriu ao ver-me.

- Porque tenho responsabilidades. - disse e eu gargalhei, abraçando-o.

- Não sabia que tínhamos aterrado já em Paris. - Brinca o Neves.

- Que engraçado. - Também ele recebeu um abraço de ambos.

- Onde está o Edgar? - Pergunta o Hugo.

- Consegue sempre atrasar-se. - disse o Neves e eu apenas sorri. - Impressionante! - disse ainda a sorrir.

- Não podemos esperar outra coisa. - disse e ambos concordaram, o Edgar encontrou-se connosco, depois de talvez vinte minutos, seguimos para a zona dos seguranças e passamos todos.

- Ainda bem que nenhum foi barrado. - disse o Hugo a colocar o cinto nas calças, esperamos por ele, e seguimos para o interior do aeroporto, encontramos a porta depois de quase percorrermos a zona comercial toda, apenas para fazer tempo.

Quando entrei no avião, lembro-me de uma última viagem, que tivemos com ela, ela e com os mesmos rapazes que hoje me acompanhavam, não sei da razão e nem o motivo, porque se afastou de mim, de nós.

Nunca ninguém percebeu a reação de choque que fez com os 4, ela simplesmente desapareceu do mapa.

É como se tivesse desaparecido do mundo, evaporado, mas apenas só connosco.

Admito que eu e ela tínhamos uma relação diferente, na altura, ela não me tratava da mesma forma que tratava o Neves e o Félix, ou até mesmo o Edgar que víamos menos.

Era uma relação de cão e gata, mas saudável, uma relação que eu gostava.

Ela desapareceu 3 semanas após entrar na equipa principal do Benfica e de ser convocado para a Seleção logo depois.

Creio que gostava dela, muito mais que uma amiga, até mais que uma melhor amiga, mas nunca tive coragem para lhe dizer que a amava, sinto-me arrependido, se calhar até foi um dos motivos para se ter afastado, contudo ninguém sabe deste meu sentimento que tenho por ela, sim tenho, porque apesar dela ter evaporado, eu sabia que ela estava viva, e sabia que ainda gostava dela.

Pode ser irónico, conhecemos desde pequenos, fomos criados juntos, mas é estranho só agora perceber o que realmente era amor, obviamente que ambos tivemos outras relações, só que nunca davam.

Nunca cheguei a perceber se ela sentia o mesmo, mas quando nos beijamos, antes dela partir, parecia um sentimento mutuo, verdadeiro, mas deixei de pensar no sentimento mutuo e na verdade quando ela se foi, quando tentei falar com ela e de a procurar por a cidade inteira e descobrir que ela desapareceu.

Os pais sabiam onde estava, eu sabia que eles sabiam, e eles sabiam que eu sabia isso, mas nunca tiveram coragem para dizer o exato, apenas dizem que está bem, talvez a compreenda, mas não a perceba.

- Estás a dormir ou o quê? - Pergunta o Neves sentado ao meu lado. - Não me digas que estás a pensar nela? Já te disse que se ela se afastou, foi porque quis, e se ainda não disse nada foi porque não está interessa na nossa amizade! - disse, ele foi o que ficou mais chateado com a partida repentina dela, não sei se no fundo ele não gostava dela também. Não o condenava, porque para os outros, nunca nos beijamos, e tratávamo-nos como irmãos, o que de facto era a relação que passávamos para fora, ou pelo menos tentávamos.