Não é o Nosso Fim | Francisco Conceição

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Leonor Pereira

- Nono? - Ouço o Francisco chamar-me da sala, desço do meu quarto, e vejo o meu namorado na entrada da casa.

- Porque não subiste? - Pergunto a beija-lo.

- Porque tenho de falar contigo. - disse e larguei-o, olho para ele e espero para ele começar a falar, mas parece que nada saía da boca dele.

- Sempre conversámos. - Começo por dizer. - Sempre! O que foi?

- Eu vou para o Ajax! - Diz num tom triste. - Eu quero ir, a equipa quer-me lá então é uma boa oportunidade para mim. - disse. - Queria que fosses a primeira a saber, já que ainda não disse ao meu pai, nem a ninguém. Recebi hoje o e-mail a dizer que ia. - Desta vez fui eu que fiquei sem saber o que dizer, sento-me nas escadas da casa e ele continua. - Quero que saibas que isto não é o nosso fim Leonor. - diz a ajoelhar-se a minha frente. - Não quero acabar contigo.

- O que vamos fazer então?

- Vamos tentar uma relação a distância! - diz.

- Uma relação a distância? - Questiono e ele afirma.

- A Holanda não é assim tão longe, Nono!

- Eu sei, mas estou tão habituada a ter-te por perto. - digo e ele abraça-me.

- Ficaremos juntos. - diz ao meu ouvido enquanto envolvia-me com os braços.

- Eu não sei se vai dar certo. - digo.

- Promete que vamos tentar. - Ele estica o mendinho, e eu respiro fundo a aceitar a promessa.

(...)

Depois de 5 meses a namorar a distância, eu já sabia que aquela promessa duraria pouco, não era pela falta de esforço, era pela falta de tempo de ambos os lados, gostaria de pensar que aquilo não era uma desculpa, mas depois de 3 meses, acho que isso torna-se num hábito, falarmos por 15 ou 10 minutos sobre o dia e desligarmos a chamada ou pelo começo do treino ou pelo início do meu turno no hospital como enfermeira.

Não estava a dar certo, e apesar de não gostar de como corria, tinha a uma dada altura que lhe dizer o que sentia sobre aquilo.

Ele liga-me uma hora mais cedo que o habitual, devido ao fuso-horário, atendo por video-chamada.

- Hey Nonocas! - diz com um leve sorriso na cara. - O que foi? - Não foi preciso falar, ele conhecia-me bem ao ponto de perceber que não estava bem. - Leonor o que foi?

- Isto não está a dar. - digo.

- O quê? - Pergunta.

- Isto, da nossa relação, nós, isto não está a dar. Eu não tenho tempo e nem tu para conversámos, não aguento conversar contigo por apenas 10 ou 15 minutos.

Durante duas semanas tentei ver isto, tentei não falar sobre isto, mas não consigo, eu não consigo mais.

- Estás a desistir?

- Não sou uma desistente! - digo.

- Como queiras Lampiã.

- Achas que isto está a dar certo? Achas no teu ponto de vista que as coisas estão a correr bem? Nós há dias que não falamos, quando falámos é sobre o tempo.

- Tu nunca quiseste uma relação a distância Leonor. Estás apenas a pôr entraves e a desistir.

- Eu nunca desistiria de nós! Mas isto não está a dar.

ONE-SHOT (JOGADORES FUTEBOL E ATLETAS)Onde histórias criam vida. Descubra agora