A Nevezinha e o Capitão Silva | António Silva

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Errar é humano!

Errar é totalmente humano, mas os meus pais erraram quando criaram o meu irmão, só poderiam ter errado quando o criaram, nunca na vida vi um rapaz tão anormal como o João Neves, o meu irmão, que por sinal era popular, estúpido, ignorante, mulherengo e sub capitão da equipa de futebol da minha escola.

Eu pelo contrário era, a "inteligente" da escola, não me considerava uma "nerd", por isso era apenas, inteligente, não me considerava muito bonita, embora a Mariana achasse que era.

O João apesar de ser meu irmão, era apenas metade, o nosso pai teve um casamento complicado com a minha falecida mãe, eles amavam-se, mas infelizmente ela foi levada por uma doença nos pulmões, o meu pai ficou comigo, e a minha madrasta a mãe do Neves aceitou-me bem, eu era pequena quando o meu pai se juntou com a mãe do Neves, tinha alguns meses de vida, o João nasceu 1 ano depois do luto, não gostava de falar sobre isso, por isso mantinha-me afastada.

A coisa que mais detestava, a seguir ao meu irmão era claro o capitão da equipa, o António Silva, que por incrível que pareça é incrivelmente pior que o meu irmão, coisa que já achava impossível de acontecer, mas acontece.

Bom, como todas as segundas-feiras levanto-me cedo para chegar cedo a escola, sempre pontual, outro ponto que o meu irmão precisa de melhorar, bastante, se querem saber!

- Senhor Neves, precisa melhorar essa pontualidade! - Com o maior sorriso travesso que ele consegue fazer entra na sala e caminha para a professora 30 anos mais velha que ele, os colegas riam-se enquanto eu mantinha a minha cara de séria, aquele rapaz, as vezes dá comigo em maluca, fomos criados com a mesma educação, mas parece que ele não aprendeu algumas lições.

- Querida professora! Eu prometo melhorar a sério, desta vez é a sério! - disse apoiado a mesa e a professora sorriu apenas, deixando-o entrar na sala sem dar-lhe sequer um aviso ou uma repreensão pelo seu atraso de quase 30 minutos, mas depois dele chega o António que com a mesma cantada, não recebe falta nenhuma, a campainha toca e ambos saem da sala sem levar falta, ou um aviso da professora de português, isso causa em mim uma injustiça tremenda, porque se fosse outro, tenho a certeza que iria ser suspenso, ou alguma coisa do gênero.

- Aqueles têm uma lata! - Comenta a Mariana a aproximar-se de mim, que apesar de vestir-se melhor e de ser mais bonita que a minha pessoa, andava comigo, dizia que eu era importante e como melhor amiga dela, não importava como eu era, eu gostava dela, ela não era vulgar como muitas outras raparigas que queriam apenas ser lembradas pela equipa mastercar, ou equipa master-parva. - Desculpa, estar a falar assim do teu irmão, mas aquele João, ah se fosse outro teria levado falta e teria ido para a sala da diretora num abrir e fechar de olhos. - De facto!

- Já te disse que não precisas de pedir desculpa, eu conheço bem o João! - digo a arrumar as minhas coisas e a sair da sala de aula, o grupo dele estava alguns metros frente a maltratar a Vanessa uma menina que ficou recentemente de muletas devido a uma queda de cavalo.

- Já não chega! - digo ao aproximar-me deles, o meu irmão virou-se para mim assim como todos os outros, foi o único que me respondeu, ser irmã dele dava-me imunidade, Às vezes, ele era o único que podia maltratar-me verbalmente, quando estava presente.

- Porque não vais dar uma volta, e deixar-nos a resolver os nossos assuntos! - disse o António, que aparecer de me dar imunidade, respondia-me torto, o João não ligava se fosse ele a dizer-me o que quer que fosse, ou seja, eu não era imune a ele, apesar de fazer parecer.

- Porque vocês estão a maltrata-la, e o meu dever ajuda-la!

- Tu és o quê? A Madre Teresa de Calcutá? Poupa-me aos detalhes Nevezinha e desaparece daqui, antes que te aconteça algo pior. - Enfrenta-me o António, eu encolho-me apenas, mas não deixo a Vanessa sozinha. - Tudo bem! Fazemos a tua maneira, mas não vais gostar! - Ele agarra-me os pulsos, e deixa-me fraca, outros dois agarram a Vanessa e derrubam-na das muletas partindo-lhe os óculos logo depois, o António empurra-me para o chão, e baixa-se. - Nunca mais me enfrentes Nevezinha, se não eu torturo-te! - O meu irmão apenas desvia o olhar e parte sem olhar para mim, foi a gota de água, a partir daquele momento deixei de ter imunidade, os outros tinham o alvo certo agora, era eu.

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